As variações táticas do Gre-Nal

É possível haver um jogo aberto com dois times no 4-5-1? Ainda mais num clássico? Não só é possível como estamos à beira de vê-lo, caso as escalações que estão previstas sejam realmente postas em prática neste domingo, sem mistérios ou surpresas de última hora. Grêmio e Internacional contam com boas opções de meias e esquemas potencialmente ofensivos, embora não pareçam nos números. Mas isso é só numa primeira vista.

Porque o 4-5-1 do Grêmio, na verdade, é um 4-2-3-1. São dois volantes e três meias. E um dos volantes, Ramiro, também gosta de sair bastante para o jogo. O Inter é ainda mais aberto: trata-se de um 4-1-4-1, no qual dois dos meias, Alex e Aránguiz, fazem as vezes de volante quando necessário. A figura dos meias abertos, quase pontas, está presente dos dois lados: Jean Deretti e Maxi Rodríguez no Grêmio, D'Alessandro e Jorge Henrique no Inter. Mas quem leva vantagem nesse entrevero todo?

Do modo como os times estão postos, o Grêmio parece levar alguma vantagem em determinados aspectos. Em primeiro lugar, é uma equipe mais robusta defensivamente. Teve uma das melhores defesas do último Brasileirão e mudou pouco seu sistema defensivo de 2013 para cá. Além disso, conta com dois volantes mais presos no meio, contra apenas um do Inter - e Willians, que é este único centromédio de ofício, deixa a frente da área o tempo todo, desprotegendo a defesa. É verdade que Alex e Aránguiz fazem as figuras de volante quando o time é atacado, mas Zé Roberto também o faz pelo lado gremista, ficando três marcadores no meio contra três. Não há cobertor curto do lado azul.

Outro ponto positivo para o Grêmio é ser um time de mais velocidade para contra-atacar. Tudo graças a Jean Deretti, que finalmente tem dado uma resposta compatível com quem ao menos briga por um lugar no time. Não que o Inter seja um time lento: existem bons jogadores no meio que fazem a bola andar rápido se necessário, mas não há um carregador de bola em velocidade. O Grêmio, além de Deretti, ainda tem Wendell, um lateral rápido e ótimo apoiador, coisa que o Inter não dispõe. Fora Ramiro, que chuta bem de fora da área e chega com força à frente. O Grêmio varia entre o 4-2-3-1, o 4-1-4-1 e o 4-3-3. A capacidade de se defender e de surpreender do time de Enderson Moreira é maior.

Mas o Inter também tem seus trunfos. A equipe colorada pode ficar vulnerável defensivamente por conta de seu meio-campo aberto, mas também pode ganhar o Gre-Nal através do seu meio. É fácil explicar esse aparente paradoxo: se Maxi Rodríguez e Jean Deretti atuarem abertos demais e não voltarem para compor o setor, o Grêmio terá apenas 3 meio-campistas, contra 5 do Inter. Mesmo tendo só um volante, o Colorado poderá dominar o setor se a postura dos pontas gremistas não for a de auxiliar a marcação quando o time está sem a bola. Todos os meias do Inter são jogadores de meio-campo mesmo. Jorge Henrique, atacante de origem, é exemplo de jogador que sabe fazer essa dupla função em prol do time.

É claro que tudo são projeções, e dependem da confirmação dos times que vêm sendo anunciados. Mas o Gre-Nal promete ser uma disputa tática interessante. Quem tiver mais velocidade e intensidade tende a ganhar o clássico. Como sempre, diga-se.

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