A arbitragem, o León e o próprio Flamengo



É claro que a arbitragem prejudicou o Flamengo ao dar pênalti inexistente de Hernane em González no começo do jogo. É claro que a expulsão correta de Amaral logo aos 11 minutos diminuiu sobremaneira as chances do time carioca de buscar ao menos um empate no México. Ainda assim, a derrota por 2 a 1 para o León reflete o que foi o jogo: superioridade do time da casa, e bastante acentuada. Foram 31 chutes a gol, 17 situações reais a favor do time da casa, 64% da posse de bola e o mesmo número de passes errados que o Mengão (35), só que com quase o dobro de tempo com a pelota nos pés. Números incontestáveis, que ajudam também a escancarar fragilidades do próprio Flamengo, mesmo com todas as ressalvas.

Ao contrário do que o desconhecimento de alguns sugere, o León está longe de ser um time fraco. Foi campeão do Apertura mexicano com sobras, ganhando do forte América, de tão más lembranças para os Rubro-Negros, em casa e fora. O compromisso era realmente complicado, e a equipe de Jayme de Almeida saiu atrás, buscou o empate no caldeirão adversário com um a menos e suportou um empate até os 22 minutos do segundo tempo, méritos que precisam ser ressaltados na ponderação. Tudo isso com um outro pênalti contrário, defendido por Felipe na displicente cavadinha do artilheiro Boselli.

Aliás, só por este nome, já temos uma ideia do bom nível do León. Figura decisiva no título de 2009 da Libertadores do Estudiantes, Boselli tem o inquieto Britos como companheiro de ataque. Atrás deles, o habilidoso Peña, de fortes arremates de longa distância, e o pensador Montes, que lembra Cuauthemoc Blanco, pela baixa estatura e pelo modo como a bola gruda em seus pés. Na zaga, Rafa Márquez, ex-Barcelona. Na lateral esquerda, o impetuoso Edwin Hernández apareceu com boas subidas e cruzamentos precisos.

Não foi contra qualquer um que o Fla jogava, portanto. Mas a infantil expulsão de Amaral comprometeu os planos. Após o fiasco no Fla-Flu, Jayme montou com um time mais resguardado, sacando Paulinho e adiantando Everton do meio para o ataque - ele voltou para o meio quando o time ficou com 10 homens. A entrada de Cáceres garantia uma segurança muito maior do que com Muralha, mas Paulinho e sua velocidade fizeram falta quando o cartão vermelho precoce obrigou o time a viver de contragolpes. Sem eles, e com a desvantagem no placar após o pênalti mal marcado pelo confuso José Buitrago, a bola parada de Elano foi a solução. Em quase todos os levantamentos indiretos ele foi muito bem (apesar de Rafa Márquez, a zaga mexicana é fraquíssima na bola aérea), e num deles Cáceres marcou - Buitrago, para irritar ainda mais os flamenguistas, confundiu todo mundo, dando a impressão de que havia anulado o tento legal.

Ainda assim, era praticamente impossível suportar. André Santos, desde que voltou ao Brasil pelo Grêmio em 2013, parece sempre cansado. Derrubou Arizala na área, mas Boselli desperdiçou. Ainda assim, a pressão era muito intensa. Felipe fazia o que podia, se virava com grandes defesas de todos os modos, mas o bombardeio era intenso. No segundo tempo, o León criou nada menos que 11 lances de perigo. Num deles, Arizala chutou fora do alcance do goleiro do Fla.

A derrota não é trágica nem tão fora do script, pois o León é um adversário forte, e o jogo era no México. O Flamengo terá Emelec e Bolívar em casa agora, e precisa fazer 6 pontos. Para o próximo jogo, um ponto em especial preocupa: o Emelec, a exemplo do León, foi campeão nacional de forma folgada, ganhando os dois turnos. É outro adversário perigoso e capaz de eliminar os cariocas, como já fez em 2012. Isso sem falar no mau rendimento do próprio Flamengo: mesmo com todas as dificuldades, e mesmo que o time quase tenha sobrevivido a elas, foi a segunda derrota seguida em dois jogos que o time teve até agora no ano contra adversários mais fortes. Depois do baile no clássico, derrota na estreia da Libertadores e necessidade de recuperação rápida contra rivais complicados. Jayme terá bastante trabalho para impedir que a coisa comece a desandar.

Derrota do Cruzeiro e do futebol
Apesar do resultado magro, o Atlético Mineiro foi o único brasileiro que já venceu fora de casa nesta Libertadores. O fator local tem pesado bastante no torneio, em especial no caso dos brasileiros, que ganharam todas em casa até agora. Ontem, além da derrota do Flamengo no México, o Cruzeiro saiu derrotado pelo Real Garcilaso, 2 a 1, em Cuzco. Ao contrário do Rubro-Negro, a altitude pesou para a equipe mineira (3.300 metros são bem mais prejudiciais que 1.800). Os xingamentos racistas a Tinga, no entanto, deveriam ser capazes de reverter o resultado em favor da Raposa. É tão lamentável que a Conmebol... não fará nada. Como sempre.

Tabu em xeque
O Grêmio não perde para o Nacional há 61 anos - levou 4 a 1 em um amistoso em 1953, quando o Olímpico ainda estava em construção. Foi sua única derrota para o Bolso: em 19 jogos até hoje, 11 vitórias, 7 empates e só este fracasso. Em Libertadores, nunca perdeu - mas também nunca jogou no Parque Central. O Nacional joga hoje contra esses tabus, e com a imensa necessidade de vencer para começar bem no Grupo da Morte. O Grêmio, porém, joga determinado a quebrar o tabu de nunca ter vencido jogos oficiais em Montevidéu e, principalmente, para encerrar seu jejum de grandes títulos. Num grupo tão difícil e equilibrado, todas as partidas serão decisivas. Tudo começa hoje à noite. É o maior começo de Libertadores que já vimos por estes pagos.

Comentários

Unknown disse…
Na terça, Botafogo e Atlético-MG venceram.

Ontem, Flamengo e Cruzeiro perderam.

Pela lógica, hoje Atlético-PR e Grêmio empatam.

E era isso, Adílson.
Vicente Fonseca disse…
Me serve, hein?

Qualquer empate fora nesse grupo do Grêmio é pedra preciosa.
Chico disse…
Como é bom ver o flamerda ser roubado.

Vai começar La Copa. Empate hoje é goleada. Força GRÊMIO!