Interessante



A contratação de Alán Ruiz é muito interessante, teoricamente falando. É o tipo da busca inteligente de jogador no cenário atual do futebol brasileiro: um nome emergente, ainda jovem, e por isso não tão caro assim. Aproveita o limite ampliado de estrangeiros, e sem a busca por alguém consagrado, que custe demais aos cofres do clube, o que denota uma boa observação de mercado. Só não é melhor por não ser definitiva, mas um empréstimo - ainda assim, ele vem com passe fixado, cerca de R$ 12 milhões, valor razoável para quem já despertou o interesse de clubes como Benfica e Internazionale, mas gigantesco diante dos problemas financeiros do Grêmio.

Confesso que não o conheço tanto para opinar com grande propriedade sobre suas qualidades e defeitos. O que vi foi o que quase todos vimos: o vídeo editado de suas principais jogadas no Gimnasia La Plata, San Lorenzo e seleções de base da Argentina, que ilustra esse texto, no qual se mostra um jogador de alto nível, embora edições possam sempre nos enganar. A desconfiança pelo fato de ser reserva do atual campeão argentino não cabe tanto: trata-se de um jogador de apenas 20 anos, que não é titular porque o clube tem em seu elenco Lorenzo Romagnoli, um dos maiores ídolos do Ciclón dos últimos 20 anos.

Quem o conhece (Rui Costa, Chitolina) diz tratar-se de um meia canhoto, daqueles que entram na área para a finalização de jogadas. Um meia-atacante. Sendo assim, pode complementar bem o estilo de Maxi Rodríguez, o uruguaio trazido exatamente nesses moldes de observação de peças emergentes do mercado sul-americano em 2013. Maxi é mais clássico, mais armador, embora também tenha o cacoete de invadir a área para conclusões. Ruiz é mais agressivo, finalizador. Zé Roberto (nem sabemos se fica) é quase um volante, distribuidor, carimbador, abridor de espaços pelos lados. São três canhotos, mas de características totalmente diferentes e nada conflitantes, em princípio. Pode funcionar, se a ideia for um 4-2-3-1.

Ruiz pode trazer mais velocidade ao lerdo time gremista, mas a necessidade de um atacante veloz segue existindo. Paulinho é jovem demais para ser a única opção rápida. É preciso alguém com mais experiência. O Grêmio tem um elenco com opções variadas para quase todas as posições, mas a grande lacuna aberta com a saída de Eduardo Vargas ainda não foi preenchida.

Léo Gago e Marco Antônio
Dois jogadores que voltam de empréstimo e subirão a serra para a pré-temporada. É de certo modo surpreendente: Marco Antônio veio em 2012 como meia, posição em que não deu certo, mas revelou-se um volante de certo nível. Neste caso seriam mais dois centromédios num elenco que já conta com Souza, Ramiro, Riveros, Matheus Biteco, Edinho e Adriano. Alguém pode mesmo estar de saída, e Souza é ficha 1.

Scocco e Forlán
O médico Paulo Rabello descarta migué, mas aliada ao atraso na reapresentação e a todas as declarações de que deseja sair do Internacional, a lesão um tanto insperada de Ignacio Scocco, que o impedirá de ir a Gramado, só reforça a imagem de descompromisso do argentino com o Colorado. Por falar nisso, Forlán, que até reiterou que deseja ficar, mas também nunca deu a impressão de grande comprometimento com a causa do clube, é esperado hoje para se reapresentar após duas ausências por problemas estomacais. Os estrangeiros começam 2014 em baixa no Beira-Rio, ao contrário da Arena.

Discreto
Vi ontem a vitória por 2 a 0 do Real Madrid sobre o Osasuna pela ida das oitavas de final da Copa do Rei da Espanha. Cristiano Ronaldo, provável melhor do mundo de 2013 (a premiação da FIFA ocorre nesta segunda-feira) teve atuação discreta, embora tenha servido Jesé no lance do segundo gol madrilenho. O destaque, assim como em outras oportunidades, foi o volante croata Modric - firme nos desarmes, cobertura e ótimo na distribuição de jogadas no meio. Dará trabalho ao Brasil na abertura da Copa do Mundo.

Comentários

Lique disse…
gostei do que vi nesse clipe. meia objetivo, puxa contra-ataque, chuta-chuta. interessante ver que TODOS meias gremistas são canhotos.
Vicente Fonseca disse…
Exatamente, até o Guilherme Biteco. Isso pode ser um problema, mas pode não ser também - o Maxi costuma atuar pelo lado direito e puxando pra dentro para bater. Vamos ver como as coisas se ajeitam. O time de 1995 tinha dois meias canhotos também.