Vaga assegurada, vice encaminhado



O Grêmio foi o Grêmio, mas o Goiás não foi o Goiás. O Tricolor fez seu jogo de sempre: pressionou no começo, chegou ao gol e tratou de administrar, sem brilho, mas com pragmatismo e muita segurança defensiva, o resultado que lhe servia. Já a equipe esmeraldina esteve longe de ser aquela que encantou o Brasil neste returno: sem imaginação, sem a leveza no toque de bola e na chegada. Com postura covarde antes de sofrer o gol e apática depois, o Goiás nunca esteve sequer perto do empate. Por isso, e pelo conjunto da obra, a vaga na Libertadores é merecidamente do Grêmio.

Renato entrou hoje com os mesmos 11 que empataram com a Ponte Preta, mas outra postura e uma mudança tática: desta vez, Vargas foi mais meia que atacante, embora até tenha sido ponta direita em alguns momentos. Na maior parte do tempo, o meio foi um losango: Souza atrás, Ramiro de um lado, Zé Roberto de outro, o chileno à frente. Formação que poderia ter sido bem mais utilizada neste Brasileiro, pois dá mais qualidade ao time que a de três volantes. Quando o time se comportou no 4-3-3, outra mudança: Barcos caiu pela ponta esquerda, e não pelo centro, onde estava Kleber. Funcionou: além do gol, o argentino fez boa partida.

O restante do jogo depôs contra o próprio campeonato. Aquele que era para ser o melhor jogo da rodada, entre o 3º e o 4º colocado, acabou sendo um festival de passes errados, jogadas bisonhas, chutões. Inspiração? Quase nada. Walter esteve bem marcado, e sua saída no intervalo, por lesão, mostrou o quanto o Goiás é dependente dele, pois foi um time absolutamente sem imaginação. O Grêmio, fora um ou outro lampejo de Vargas ou Maxi Rodríguez, nem ameaçou. Aliás, nem precisou: o Goiás forçou tão pouco que a vitória foi conquistada sem que a meta de Dida fosse ameaçada seriamente em nenhum momento dos 90 minutos.

A classificação traz um evidente alívio à Arena. Os jogadores e Renato bradaram contra as críticas e citaram que o "desacreditado" Grêmio conseguiu chegar onde "ninguém esperava". Mera retórica: o Grêmio sempre teve um dos melhores elencos do Brasil em 2013, embora na prática nem sempre tenha sido um time confiável. Fez um Brasileirão razoável, de boa campanha, mas poderia ter sido melhor e, especialmente, com rendimento melhor. As críticas partem principalmente disso. Ainda assim, o objetivo mínimo foi alcançado.

Mas não dá para relaxar: um empatezinho com a Portuguesa garante o vice-campeonato, que é o mesmo que assegurar a vaga direta na fase de grupos da Libertadores. É mais dinheiro, menos jogos decisivos em janeiro, mais férias e melhor possibilidade de preparação. Vale muito, quase tanto quanto obter a vaga em si.

Deu tudo certo
A 37ª rodada foi perfeita para o Grêmio. Além de fazer a sua parte e vencer o Goiás, o Tricolor contou com a derrota do Botafogo para o Coritiba, que lhe possibilitou a obtenção da vaga direta ontem mesmo, com uma rodada de antecedência. Melhor: a derrota de virada do Atlético Paranaense para o Santos praticamente assegura o vice-campeonato. Só se perder para a Lusa e o Furacão ganhar do Vasco o Grêmio não terá vaga direta na fase de grupos da Libertadores.

Deu tudo errado
Nas últimas três rodadas, o Internacional tropeçou e seus adversários. Isso é o que faz o Colorado ainda não poder dar férias ao elenco pelo motivo mais constrangedor possível: a chance matemática de ainda ser rebaixado. Neste domingo, foi o cúmulo dos maus resultados: Vasco, Criciúma, Bahia, Portuguesa e Coritiba, todos, ganharam. A distância para o Z-4 é de três pontos.

Ainda assim, a queda é quase impossível. O Inter teria de perder em casa para a rebaixada Ponte Preta com time reserva e ver o Criciúma empatar e Vasco e Coritiba ganharem, todos fora de casa, de Botafogo, Atlético Paranaense e São Paulo, respectivamente. Teria que dar tudo errado na combinação de resultados. Como tem ocorrido há algum tempo, cabe dizer.

Um carioca no abismo e uma vaga em aberto
Os resultados da penúltima rodada asseguram o rebaixamento de ao menos um carioca. Ou Vasco (44), ou Fluminense (43), ou ambos, irão à Série B. Portuguesa (47), Inter (47), Criciúma (46) e Coritiba (45) ainda correm risco. O Bahia, ao bater o Cruzeiro por 2 a 1 no jogo da entrega da taça no Mineirão, escapou de vez neste domingo.

Lá em cima, resta uma vaga de G-3 para quatro candidatos: Atlético Paranaense (61), Goiás (59), Botafogo (58) e Vitória (58). Todos têm chances. Quem ficar em segundo lugar nesta disputa particular, ficará no G-4 e terá de secar a Ponte Preta na final da Sul-Americana. Cabe lembrar que o Furacão ainda pode ser vice, embora as chances sejam remotas.

Em tempo:
- A combinação para rebaixar a Portuguesa é tão absurda que a partida com o Grêmio certamente não terá clima de decisão para a Lusa. Ótimo para o Tricolor.

Comentários

Anônimo disse…
E o Maxi dessa vez, como no jogo anterior, não jogou nada, o que prova que ele não está pronto mesmo.