Perspectivas opostas, finais idênticos



No fim das contas, caíram mesmo os dois cariocas. O rebaixamento conjunto de Fluminense e Vasco é inédito. Em 2014, teremos apenas dois times do Rio de Janeiro na elite, o menor número da história do Campeonato Brasileiro. Nunca o campeão brasileiro de uma temporada havia sido rebaixado no ano seguinte. Isso dá bem a dimensão da surpresa que é a queda do Flu. A do Vasco, não surpreende.

Campeão com um pé nas costas em 2012, o Fluminense entrou 2013 como favorito a tudo o que disputou. Deixou de se reforçar, entrou num profundo processo de acomodação, peças importantes saíram do clube, outras mal jogaram durante o campeonato. A Libertadores ruim já era um aviso, mas rebaixamento nem o mais pessimista esperava. O Vasco, ao contrário, havia terminado o ano passado em 6º lugar, mas num visível processo de decadência. O estado falimentar do clube já indicava as dificuldades que o ano reservava. Desde a queda do Grêmio, em 2004, o rebaixamento de um clube grande não era pedra tão cantada quanto esta do Vasco em 2013.

Com a tensão extra dos absurdos acontecimentos do primeiro tempo em Joinville, a rodada não teve grandes mudanças na tabela em seu decorrer. Quando Samuel fez o gol que deu ao Fluminense a vitória sobre o Bahia, o time já estava virtualmente rebaixado, já que o Coritiba batia o desinteressado São Paulo em Itu. Fred, que em nada ajudou o time na campanha, chorou nos camarotes da Fonte Nova. Talvez nunca a seleção brasileira tenha tido em seu elenco de Copa do Mundo dois jogadores da segunda divisão nacional, como são Fred e Diego Cavalieri.

O Vasco não caiu: despencou. Depois da confusão e da paralisação de uma hora na Arena Joinville, chegou a empatar e dar esperanças à torcida de que poderia jogar o Criciúma para o inferno. Mas o time é fraquíssimo já tentando se defender, então imaginem abertinho. Precisando ganhar, a equipe de Adílson Batista se expôs o tempo todo. Tomou cinco do Atlético Paranaense, três do artilheiro Ederson, e caiu com goleada, uma dose extra de fiasco. Mas um capítulo na rivalidade entre vascaínos e atleticanos, escancarada na selvageria vista nas arquibancadas.

Fluminense e Vasco, que há dois anos disputaram o título brasileiro com o Corinthians (não custa lembrar), terminaram 2012 com perspectivas muito diferentes, acabam 2013 com resultados idênticos, mas o 2014 de ambos pode ser bem distinto. O Flu tem muito mais estrutura e capacidade de investimento para sair do buraco. Deve ser o clássico bate-volta que os grandes fazem na Série B. Para o Vasco, as perspectivas são bem mais sombrias. Será preciso começar do zero, e sem dinheiro. Não há qualquer base de time, como há no Flu. E o pior: talvez nem a torcida tenha tanta paciência assim. Afinal, é o segundo rebaixamento em um curtíssimo intervalo de cinco anos. Passar por todas as agruras da segundona de novo, repetindo 2009, será duro. Claro que haverá apoio, mas a cobrança será bem mais forte. Eu não queria estar na pele de jogadores, comissão técnica e direção do Vasco em 2014.

Enfim, no G-4
Depois de beliscar a Libertadores em seis dos últimos sete anos, o Botafogo enfim conquistou lugar no G-4 com os 3 a 0 sobre o Criciúma. A vaga, porém, ainda não está garantida: precisa ser confirmada com o título do Lanús sobre a Ponte Preta na Copa Sul-Americana. O Vitória, que tinha chances remotíssimas, passou algum tempo da rodada em 4º, pois ganhava do Atlético Mineiro no Independência. Mas Ronaldinho voltou com tudo da lesão: fez dois gols e garantiu o 2 a 2 na despedida antes do Mundial. O Goiás, que vinha em decadência, deu fiasco: levou 3 a 0 do Santos em pleno Serra Dourada.

A monotonia esperada
Portuguesa e Grêmio fizeram um primeiro tempo equilibrado e até movimentado, mas sempre com aquele risco calculado na hora de atacar. No segundo, o time gaúcho voltou melhor, criou algumas chances no começo, mas, dos 10 minutos em diante, o jogo morreu. Era previsível que, com o 0 a 0 servindo a ambos, o ritmo fosse diminuir convenientemente até o final. O Grêmio cumpriu o dever: o vice-campeonato é bastante honroso, mas mais do que isso: garante mais tempo de preparação e de férias, e evita um indesejável mata-mata logo em janeiro.

Sem direito nem a alívio
O Internacional escapou de cair, como era previsto, mas empatar em 0 a 0 com os reservas da Ponte Preta em casa na última rodada não dá ao torcedor colorado nem mesmo o direito de se sentir aliviado de ter escapado da degola. O 15º lugar é ridículo, horrendo, e o pior: não há grandes perspectivas de melhora, pois o futebol do clube vive um visível processo de decadência do fim de 2011 para cá, e a autocrítica é praticamente nula. Para 2014, antes de falar em grandes títulos, a direção do Inter precisa pensar é em fazer um time que realize uma campanha ao menos decente no Brasileirão. Ou o tombo pode ser ainda maior.

Comentários

Rodrigo Cardia disse…
Fogão conseguiu acabar no G-4, mas agora depende da Ponte perder a Sul-Americana.

E agora, acho que a Macaca leva: como diz o ditado, tem coisas que só acontecem com o Botafogo...
Vicente Fonseca disse…
Bah, este seria o cúmulo deste ditado: no ano que o Botafogo chega ao G-4, a PONTE PRETA tira Vélez e São Paulo do caminho e ganha o seu primeiro título em 113 anos, e um título internacional, jogando um mata-mata final na ARGENTINA. E o pior é que é possível, mas acho que o Lanús leva.
Chico disse…
Expresso para a Copa!

Como diria o PORTALUPPI: muito time time que se dizia bom vai assistir o GRÊMIO na Copa.

Cariocas não se vão.