A competência definiu



O Atlético-PR chegou à final da Copa do Brasil porque, embora tecnicamente seja inferior, tenha jogadores menos badalados e um poder de investimento muito menor, foi muito mais competente que o Grêmio. O Tricolor mandou no jogo na Arena, mas não teve eficiência na hora de fazer o gol, a grande tarefa da noite. O Furacão, por sua vez, se defendeu muito bem. Sofreu uma pressão normal, mas não se desorganizou em nenhum momento, a noite toda. Por isso passou.

Embora não faça sentido mudar o time logo em uma partida decisiva, Renato fez bem ao escalar um meia - no caso, Zé Roberto, embora Elano fosse o mais indicado. O Grêmio realmente precisava de criatividade, e logo de cara se viu que a opção foi acertada, pois o Atlético-PR veio à Arena apenas para se defender. Teve algumas boas tramas pelo lado direito, com Léo e Marcelo, mas não passou disso. Não teve uma chance clara o jogo todo, nenhuma defesa que Dida pudesse fazer. Sofrer o gol, que obrigaria o 3 a 1, nunca foi uma realidade para o Grêmio.
1º TEMPO: no 4-4-2 em losango, Grêmio foi pouco acossado pelo Atlético-PR, que entrou no 4-2-3-1.
Para que tal estratégia funcionasse, só o Furacão se defendendo com perfeição. E foi isso o que aconteceu: Vagner Mancini formou um time compacto, fechadinho, no qual os jogadores atuam perto um do outro. Se ofensivamente sua equipe foi uma decepção, defensivamente há vários destaques: Deivid foi perfeito na cabeça de área, Manoel e Luiz Alberto foram muito seguros, Wéverton salvou quando o Grêmio rompia os bloqueios estabelecidos. Só Juninho, pelo lado esquerdo, fazia água. Mas o Tricolor não se aproveitou disso.

No primeiro tempo, a trinca de volantes ainda fazia sentido para o time gaúcho: o Atlético-PR esboçava contra-ataques e só não os efetuava porque a defesa gremista foi tão perfeita quando a atleticana. No segundo, porém, a cada minuto ficava mais claro que era preciso mexer. A troca óbvia: retirar Ramiro ou Riveros e colocar Elano em seu lugar, e tirar Zé Roberto para a entrada de Vargas. O chileno e Elano, pela direita, tinham tudo para infernizar Juninho e criarem por ali a jogada que daria a vitória ao Grêmio. Mas Vargas foi escalado no meio. Na ponta não havia ninguém. Só no fim do jogo Yuri Mamute entrou por ali. Não podia dar certo.

Ainda assim, o Grêmio criou o suficiente para vencer. Um time que se caracterizou o semestre todo por ser defensivamente forte e ofensivamente eficiente, mas que não marca gols há cinco jogos. Domingo, contra o Bahia, tivemos o aviso: muita pressão e nada gol. Sobrou preciosismo para Barcos de novo, faltou volúpia para Kleber tentar os arremates. Faltou pouco, faltou o detalhe. Só que ele faz toda a diferença.
2º TEMPO: Grêmio se adianta todo, mas sem ninguém para explorar o lado frágil da defesa atleticana, o esquerdo
Pela quarta vez seguida, o Grêmio cai diante de um adversário inferior a ele. É evidente que a pressão por títulos tem prejudicado. Em 2012, sucumbiu em pleno Olímpico diante de um Palmeiras tão fraco que viria a ser rebaixado poucos meses depois; mais tarde, caiu para o Millonarios após estar com a classificação quase ganha, perdendo uma Sul-Americana que estava à feição; neste ano, eliminação para o Santa Fé nas oitavas da Libertadores; e agora, a perda da Copa do Brasil quando o mais difícil parecia já ter sido superado, diante de um Atlético-PR operário, modesto, mas que se mostrou mais eficiente.

Resta ao Grêmio obter pelo Brasileiro uma vaga para a Libertadores do ano que vem, e de preferência direta. Faltam seis jogos. Pela pontuação, é uma tarefa aparentemente simples de ser cumprida, mas o clima de fim de festa pode pesar bastante. A Arena certamente não receberá grande público, tampouco entusiasmado. Afinal, a frustração é compreensivelmente imensa.

Copa do Brasil 2013 - Semifinal - Jogo de volta
6/novembro/2013
GRÊMIO 0 x ATLÉTICO-PR 0
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Público: 43.899
Renda: R$ 2.061.192,00
Cartão amarelo: Zé Roberto, Manoel, Luiz Alberto e Juninho
Expulsão: Kleber e Léo após o jogo
GRÊMIO: Dida (5,5), Pará (5,5), Rhodolfo (6,5), Bressan (6,5) e Alex Telles (5); Souza (6,5), Ramiro (6) (Yuri Mamute, 35 do 2º - sem nota), Riveros (6) (Elano, 20 do 2º - 5,5) e Zé Roberto (5) (Vargas, 24 do 2º - 5); Kleber (4,5) e Barcos (5,5). Técnico: Renato Portaluppi (5)
ATLÉTICO-PR: Wéverton (8), Léo (6), Manoel (6,5), Luiz Alberto (7) e Juninho (5); Deivid (7), Zezinho (6), Paulo Baier (5) (João Paulo, 31 do 2º - sem nota) e Everton (4,5) (Renato, 37 do 2º - sem nota); Marcelo (5) e Ederson (4,5) (Dellatorre, 31 do 2º - sem nota). Técnico: Vagner Mancini (7)

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