Rodada Robin Hood
A vitória do Goiás (9º, 37) sobre a Portuguesa (13º, 34) por 2 a 1 em pleno Canindé surpreende por diversos motivos: o ótimo momento que vivia a Lusa, a má fase que assombrava os esmeraldinos e a grande campanha do time paulista em casa (é o 3º melhor mandante do Brasileirão) são os principais. Mas um motivo mostra que o resultado é lógico: os resultados desta maluca 27ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Das dez partidas disputadas na quarta e quinta-feira, oito terminaram com vitória de quem vinha atrás na tabela, uma terminou empatado e só o Botafogo conseguiu derrotar o Náutico. O resultado é previsível: o que era equilibrado tornou-se mais ainda. A ponto de a distância entre o 6º (primeiro fora da zona da Libertadores) e o 17º colocado (primeiro rebaixado) ser de míseros cinco pontinhos.
É esta disputa intensa por posição na parte mediana da tabela que desperta o interesse em um campeonato onde o G-4 parece definido, um rebaixado parece certo e outros dois estão bem encaminhados. Abaixo, trazemos o histórico nos Brasileiros de 20 clubes de como andava a situação na 27ª rodada, mesma fase em que estamos agora, em relação à distância entre o 6º e o 17º colocado, e se houve algum tipo de arrancada. Vejam como o G-4 dificilmente mudará, que se tivermos G-5 até o Vasco pode chegar na Libertadores e que todos, do Vitória para baixo, correm risco, sim, de rebaixamento.
2006: o Cruzeiro tinha 40 pontos, contra 30 da Ponte Preta. Não houve qualquer tipo de arrancada ou derrocada que mudasse os rumos da competição nas 11 partidas finais: os classificados à Libertadores e os rebaixados foram os mesmos, no fim das contas.
2007: entre Santos e Corinthians havia nove pontos de distância: 42 a 33. É a menor distância verificada entre o 6º e o 17º colocado até os cinco pontinhos de 2013. Quem chegou lá de trás foi o Flamengo: com 37 pontos, estava seis atrás da zona da Libertadores, mas acabou em 3º lugar.
2008: entre o Botafogo e a Portuguesa havia 16 pontos, mais que o triplo de hoje: 43 a 27. Os cinco primeiros foram os mesmos - a arrancada maior foi do São Paulo, que saiu de 5º para 1º no fim do Brasileiro, mas a distância para o líder Grêmio era de apenas quatro pontinhos. Lá atrás, o Fluminense saiu da lanterna e escapou do rebaixamento, mas estava só a dois pontos de sair da zona. O Figueirense, que era 15º, com 29, acabou caindo.
2009: no equilibradíssimo Brasileiro daquele ano, a distância entre Flamengo e Botafogo era de 16 pontos, 43 a 27, mais que o triplo de hoje. O Fla tirou dez pontos do Palmeiras e foi campeão, algo que de certa forma dá um pequeno alento ao Grêmio na disputa pelo título (está a 11 do Cruzeiro hoje). Lá atrás, o Coritiba tinha 33, seis à frente da zona de rebaixamento, e caiu - ou seja: do Vitória para baixo, todo mundo corre risco em 2013. O Fluminense, com 21, sete atrás da saída da zona, escapou, o que anima hoje em dia Criciúma e Ponte Preta.
2010: distância de 16 pontos entre Botafogo e Atlético-GO. O Grêmio, cinco pontos atrás do G-4, acabou se classificando à Libertadores daquele ano. Lá atrás, o Atlético-MG, que andava quatro pontos longe da fuga do rebaixamento, acabou escapando.
2011: distância de 17 pontos entre Flamengo e Atlético-PR. O Inter, quatro pontos longe do G-4, chegou à Libertadores. O Atlético-MG, três pontos fora da zona da Libertadores, escapou.
2012: distância entre Internacional e Sport era de 14 pontos. No G-4, o São Paulo tirou quatro pontos de distância para o Vasco e chegou à Libertadores. Lá atrás, quem ocupava a zona de rebaixamento acabou caindo.
MORAL DA HISTÓRIA
Grêmio: nunca um time 11 pontos atrás do líder a 11 rodadas do fim conseguiu ser campeão. O Flamengo, em 2009, tirou dez pontos do Palmeiras e chegou lá. Ou seja: titulo é praticamente impossível. Porém, G-4 é quase certo. Só aquele mesmo Palmeiras de 2009 tinha vantagem semelhante à atual do Tricolor e não conseguiu vaga na Libertadores.
Inter: o máximo que alguém conseguiu vindo de trás foi tirar 6 pontos em 11 rodadas, no caso, o Flamengo de 2007. Tirar oito pontos ainda é tarefa inédita, o que torna as chances de Libertadores do Colorado muito pequenas, a menos que o G-4 vire G-5 a partir da Copa do Brasil. Quanto a rebaixamento, é improvável, mas não haveria ineditismo de situação: estar cinco pontos à frente da zona fatal não garantiu a vida do Coritiba em 2009. Isso não é alerta só para o Inter, mas para todos que estão do Atlético-MG para baixo. A chance de cair, para todos eles, é maior que a de Libertadores. A tabela atual e a história demonstram facilmente.
Comentários