O mesmo Inter de sempre



Alertei após o jogo contra o Fluminense que o Internacional, fora ter corrido mais que em outros jogos, pouco havia mudado. A vitória se explicava muito mais pelos desfalques que fragilizaram o time carioca do que por uma suposta melhora técnica do Colorado. Hoje, o diagnóstico se confirmou. Com os mesmos erros da Era Dunga, o Colorado foi derrotado pela quinta vez em seis jogos, deixando escapar uma boa chance de se posicionar razoavelmente próximo do G-4.

Nada disso é culpa de Clemer, claro. Em menos de uma semana, é impossível que uma equipe corrija problemas tão sérios e crônicos como os que o Colorado apresenta desde o início do Campeonato Brasileiro. Os elogios é que foram exagerados e precipitados. Clemer é um técnico de futuro, que deu um gás para o jogo de Caxias, mas ele (como qualquer outro técnico, à exceção de Celso Roth) precisa de tempo para solucioná-los.
1º TEMPO: Amaral marca D'Alessandro, Paulinho ataca Fabrício. Segredos do sucesso do Flamengo
O Colorado começou bem o jogo, posicionando-se de forma propositiva. Jayme preparou o Flamengo para jogar no erro do Inter e buscar o contra-ataque mesmo dentro de casa. Não está errado: em casa, o Fla faz campanha pior que fora, quando atua mais resguardado. O time carioca deu o campo para o Inter no começo, mas não chegava a ser um risco tão bem calculado, pois a equipe gaúcha era melhor em campo. Otávio teve grande chance após furada de Chicão, por exemplo. Amaral chutou em Frauches e a bola quase entrou de forma bizarra. Os primeiros minutos foram conturbados.

Aos poucos, porém, a marcação foi encaixando, e o jogo equilibrando. A partir dos 20 minutos, o Fla descobriu a mina de ouro que muitos já haviam descoberto: a fragilidade defensiva de Fabrício. Paulinho passou a ser cada vez mais acionado e enlouqueceu o lateral colorado. Numa jogada por aquele lado (embora não propriamente sobre Fabrício) surgiu o golaço de Léo Moura, sempre com a movimentação diferenciada de Elias, mas também ajudado por outro problema recorrente do Inter que se manifestou: a desproteção da zaga. Léo Moura entrou em um buraco que deveria ser ocupado por algum volante, que não esteve ali, o que facilitou o gol.

No segundo tempo, a partida foi mais aberta. O Inter se soltou ainda mais, e passou a conceder espaços generosos no contragolpe. Felipe trabalhou várias vezes, o que prova que o Colorado teve chances para empatar, mas a descompactação é gritante demais, gerando diversos contra-ataques perigosos. O segundo gol não chegou a surgir daí, mas da facilidade com Paulinho envolvia Fabrício. Ele tocou para Léo Moura, que fez ótimo cruzamento que entrou o matador Hernane. O jogo parecia liquidado, até que Rafael Moura descontou. Entrou muito bem por sinal, fazendo não só o gol, mas jogadas de qualidade e vitória pessoal. Mas não teve tempo suficiente para buscar o segundo tento.

Mais uma vez, Clemer fez uma mexida interessante no segundo tempo. Colocou Alex Santana, um menino como Valdívia, posicionando-o no centro da criação e deslocando D'Alessandro para a direita. Tanto contra o Fluminense como diante do Flamengo, Gabriel cresceu a partir daí e o time passou a levar perigo pelo lado direito. No entanto, o sacado da vez deveria ter sido Caio, de atuação apagada, e não Otávio, que vinha criando problemas para a zaga carioca.
2º TEMPO: Clemer passa D'Alessandro para a direita, auxiliando Gabriel, e Inter cresce por aquele lado do campo
A derrota foi merecida pelo fato de o Flamengo ter sido coletivamente mais consciente e ter tido individualmente atuações melhores, embora em número de chances criadas o jogo tenha sido parelho. Léo Moura, Elias, Felipe e Paulinho, por exemplo, tiveram ótimas atuações. Para o campeonato, o resultado só embola ainda mais a disputa. O Inter poderia hoje ter se desgarrado do blocão de 12 times que vai do Vitória ao Vasco, mas volta ao bolo com a derrota e fica mais próximo do rebaixamento que da Libertadores. Mas tudo mudará na rodada que vem. O campeonato é um bololô só.

Em tempo:
- Rara atitude de Rafael Moura ao admitir que não sofreu pênalti no fim do jogo. Postura louvável na terra do maldito jeitinho.

Campeonato Brasileiro 2013 - 27ª rodada
10/outubro/2013
FLAMENGO 2 x INTERNACIONAL 1
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Público: 24.864
Renda: R$ 634.015,00
Gols: Léo Moura 28 do 1º; Hernane 26 e Rafael Moura 35 do 2º
Cartão amarelo: Chicão, Willians e Jackson
FLAMENGO: Felipe (7,5), Léo Moura (7,5), Chicão (5), Frauches (5,5) (Fernandinho, 30 do 2º - sem nota) e João Paulo (6); Amaral (6), Luís Antônio (5,5), André Santos (6) (Gabriel, 43 do 2º - sem nota) e Elias (7); Paulinho (6,5) e Hernane (6,5) (Val, 46 do 2º - sem nota). Técnico: Jayme (6)
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Gabriel (6), Jackson (5), Juan (5,5) e Fabrício (3,5); Ygor (5), Willians (5), D'Alessandro (5,5), Otávio (6) (Alex Santana, 15 do 2º - 5,5) e Caio (4,5) (Rafael Moura, 35 do 2º - 6,5); Leandro Damião (5,5). Técnico: Clemer (5,5)

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