O fato novo do Vasco

A saída de Dorival Júnior representa uma ruptura, um fato novo, e muitas vezes isso é tudo o que um clube desesperado quer e até mesmo precisa para escapar do rebaixamento. A culpa da situação do Vasco, porém, não é só dele. Em 25 jogos, o aproveitamento foi de apenas 34,7%. Paulo Autuori, em apenas seis rodadas, havia alcançado 38,9%. Números muito parecidos.

A triste realidade é que não há treinador capaz de tirar deste Vasco tão frágil uma campanha minimamente razoável, ao menos no longo prazo. Para não voltarmos lá atrás no tempo e falarmos da falência estrutural do clube, de Eurico Miranda, da falta de água em São Januário, das dívidas impagáveis etc., peguemos os últimos tempos. O processo de decadência da equipe já vem desde o returno do ano passado, quando o Vasco fez a 14ª melhor campanha da segunda metade do Brasileiro, com apenas 40% de aproveitamento dos pontos disputados. Era previsível demais que a equipe disputasse a ponta de baixo da tabela em 2013, afinal, o time piorou consideravelmente da segunda metade de 2012 para cá. A péssima campanha no estadual e o mau trabalho de Autuori só agravaram a situação.

O Vasco é um time que tem três goleiros, mas não tem nenhum. Todos falham. Diogo Silva, o que mais recebeu apostas, tem 27 anos, mas currículo inexpressivo. Guiñazu e Bernardo, dois dos melhores nomes do elenco, mal jogaram. Outras contratações, como o lateral Nei, o zagueiro Cris e o volante Pedro Ken (este até com boa resposta) foram refugos de clubes grandes. Renato Silva, bom zagueiro, fracassou. Yotún prova a cada cruzamento errado não ter condições de atuar na primeira divisão brasileira, mas segue titularíssimo. Sobra pouca gente. Quem dá alguma resposta? Willie, Wendel, Fagner, todos jogadores apenas médios, que seriam ótimos coadjuvantes num time acertado, não protagonistas de uma equipe do tamanho do Vasco.

Agora, a aposta deve ser em Adílson Batista. Um técnico que há tempos, desde sua passagem pelo Cruzeiro, não faz bons trabalhos. Nestes quatro anos, desde que deixou a Raposa, fracassou no Corinthians, São Paulo, Atlético-PR, Atlético-GO e Santos. Foi demitido do Figueirense, clube que conhecia bem, por estar mal na Série B, mesmo com um dos melhores elencos do torneio. O Vasco, talvez, precise de alguém mais sanguíneo e acertador de equipes para escapar. Talvez Celso Roth, que fez um bom trabalho em 2007, seja um nome mais indicado.

Porém, a favor de Adílson, pesa uma recuperação extraordinária em situação até pior com o Grêmio, em 2003. Naquele ano, ele apostou na gurizada (George, Cláudio Pitbull, Bruno) e mesclou com nomes mais consagrados (Christian, Gilberto, Tinga), recuperando estes mais conhecidos com o apoio dos mais novos e fez um time competente para as rodadas finais. Aplicando esta fórmula ao Vasco atual, vemos que ainda é possível evitar o pior. Por exemplo: mesmo com toda a sua displicência, André não pode ser reserva de um time tão fraco. Com um discurso novo, pode se remotivar - como Christian em 2003.

Como eu disse lá atrás, no início do texto, é impossível fazer deste Vasco um time competitivo ao longo de 38 rodadas, mas através de Juninho, Willie, o menino Thalles, André e Fagner, dá para formar um time emergencial que, com o apoio da torcida (e contra o Goiás ela mostrou que está disposta a ajudar), ao menos ajude a equipe a escapar do fiasco de cair duas vezes em cinco anos. Infelizmente, é o que resta.

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