Já era, Dunga*

Tenho por princípio que a principal responsável por um sucesso ou fracasso de algum time é quase sempre a diretoria. Não é diferente agora, no caso do Internacional: a direção comandada por Giovanni Luigi há quase três anos vem repetindo erros de sempre. Em 2011, o time fez um bom ano, mas poderia ter ido melhor se tivesse mais atacantes de qualidade; em 2012 já faltavam opções desde o começo da temporada, e a saída de Oscar só piorou as coisas, ainda mais porque não houve reposição; neste ano, o grupo até foi reforçado, mas só do meio para a frente, e realizou vendas que se mostraram equivocadas. Dos volantes para trás, poucos recursos. Era previsível uma campanha de meio de tabela, até certo ponto.

No entanto, mesmo com tudo isso, e com todas as responsabilidades da direção e até dos jogadores à parte, é certo que Dunga poderia ter feito mais. O Inter começou o ano como um time organizado, que parecia pragmático, sem grande futebol, mas ao menos era bem constituído e consistente. Começou até bem o Brasileiro, mas aos poucos seus defeitos foram ficando evidentes. E muitos deles passam pela mão do treinador, especialmente a questão defensiva.

Porque se é verdade que Dunga não tem um grande plantel de zagueiros à disposição, também é preciso considerar que o problemas defensivos do Internacional não são meramente individuais, mas sim coletivos. O Inter toma muitos gols porque o conjunto não funciona. Não é um time compactado, não é um time que marque a saída de bola adversária, não é um time com padrão de jogo definido. De dois meses para cá, o Inter é apenas um amontoado de ótimos, médios e fracos jogadores, alguns visivelmente em final de carreira, que dependem de um único craque, D'Alessandro, pare evitar o pior. Um time não tem conseguido se impor em casa e deixou de jogar bem fora. Um time que perde para adversários fracos, como Bahia, Portuguesa, Náutico e Vasco, mas que começou a tropeçar também contra os melhores, como Cruzeiro e Atlético-PR. Dunga tentou de tudo: mudou esquema, nomes, colocou medalhões na reserva, trocou até de goleiro. Nada funcionou. Era mesmo hora de mudança.

Não acho que o Internacional corra risco de rebaixamento, como muitos têm dito. Há times bem piores, e que vêm antes nesta fila: Náutico, Criciúma e Ponte Preta devem cair, e restaria uma vaga, que tem preferencialmente Vasco, São Paulo, Coritiba e até Portuguesa e Bahia para disputá-la antes do Inter. No entanto, a distância para o Z-4 só diminui, e o viés é de queda. Portanto, apostar em alguém inexperiente seria arriscado. Por isso, não entendo que Clemer seja a melhor opção. Ao menos ainda não, mas é um técnico de futuro.

O ideal seria acertar com um técnico que já pensasse 2014, embora a Copa do Brasil ainda seja uma possibilidade de conquista nesta temporada, e até mesmo uma vaga à Libertadores via Brasileiro, caso tenhamos G-5 (o Vitória, atual dono desta hipotética vaga, está apenas três pontos à frente). Neste caso, Abel Braga e Mano Menezes são os melhores nomes disponíveis no momento. Abel conta a seu favor uma forte identificação com o Colorado, e é minha aposta para ocupar o cargo.

Por fim, é importante atentar para a faxina completa que está sendo realizada na comissão técnica. Não apenas Dunga, mas todos os seus auxiliares, incluindo Paulo Paixão, caíram junto. É estranho que a direção de futebol, apesar de não ter feito um bom trabalho em 2013, permaneça.

* Título cunhado pelo brilhante Henrique Fanti.

Comentários

Lique disse…
heheh. exatamente 7 dias antes da queda. vale ressaltar que eu nem estava acompanhando o jogo do inter, que levava o gol do paulo baier naquele momento exato.
Vicente Fonseca disse…
Verdade verdadeira, eu sou a prova disso.