Faltou Bom Senso



Facilitar a vida de um time brasileiro que dispute a final da Libertadores é um dever da CBF. Mas não às custas de outro clube filiado a ela. A Ponte Preta titular provavelmente perderia para o Atlético-MG em Belo Horizonte, o que não significa que isso necessariamente ocorreria. Com o acúmulo de jogos no calendário, o time de Jorginho, a exemplo de Internacional e Náutico foi mais um prejudicado por compromissos alheios. A Macaca teve mandar ao Independência um time recheado de reservas e facilitou a vida do Galo, que goleou fácil por 4 a 0.

Evitar jogos com 48 horas é possível. Se a Ponte jogou terça contra o Náutico, poderia muito bem estar jogando hoje em Minas, para segunda-feira, quinta da semana que vem e no outro domingo, dia 13, cumprir o calendário. Seria puxado, mas não tão desumano. Enquanto isso, o Atlético-MG foi duplamente beneficiado: folgou antes da final da Libertadores (que seria este jogo com a Ponte), teve seu jogo contra o Criciúma antecipado desta terça para quarta da semana passada e pôde jogar ontem contra um adversário estropiado por uma sequência de jogos insana. Há algo de muito errado nessa história.

Por isso tudo é tão importante esse movimento que vem causando o Bom Senso FC. Muitos dos males do atual futebol brasileiro passam por este calendário horroroso que vemos enfrentando há alguns anos. Os desequilíbrios técnicos de tabela, em sua quase totalidade, vêm daí também. Há tantos jogos acumulados que não há tempo hábil para um clube se preparar adequadamente para jogar uma final continental, ou para que um outro consiga excursionar por uma semaninha que seja à Europa.

Quando os pontos corridos se estabeleceram como fórmula, um dos propósitos era justamente esse: esticar o Brasileirão para que ele ocorresse basicamente aos finais de semana, deixando os meios de semana livres para descanso ou outras competições. Atualmente, o meio de semana que não tem Brasileiro (e são raros) é  invariavelmente ocupado por outros torneios. Não há quem resista, e quem vai longe em outras competições acaba sendo prejudicado.

Abaixo, listamos as situações, em 2013, em que um time teve de jogar no Brasileirão com intervalo de dois dias de uma partida para outra. Ninguém conseguiu ganhar o segundo jogo - só o Inter não perdeu. Num campeonato tão parelho, este aspecto torna-se fatal e causa um sério desequilíbrio técnico na tabela. São 15 pontos disputados por quem se viu obrigado a disputar uma partida dois dias após outra, e apenas 1 conquistado, 6,7% de aproveitamento. Não é coincidência.

Náutico: perdeu para o São Paulo na terça (03/09) por 1 a 0, e dois dias depois levou 3 a 0 do Vasco. Ambos os jogos ocorreram em casa.

São Paulo: ganhou do Náutico por 1 a 0 em Recife no dia 03/09, mas não resistiu ao cansaço da viagem longa e levou 2 a 1 em pleno Morumbi do Criciúma.

Internacional: levou 2 a 1 do Santos no dia 10/09, terça, e empatou em 2 a 2 com o Vitória dois dias depois. As duas partidas foram em casa.

Santos: depois de ganhar por 2 a 1 do Inter, levou 2 a 1 do Flamengo no dia 12/09, no Maracanã.

Ponte Preta: levou 2 a 1 em casa do Náutico no dia 01/10. Teve de poupar titulares para não ter problemas de lesão e tomou 4 a 0 do Atlético-MG no Independência.

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