Esgotamento



Assim como as manifestações de junho pelo Brasil, a torcida do Internacional protestou contra tudo após a derrota para o São Paulo. As vaias foram ao presidente Giovanni Luigi, aos dirigentes do futebol, aos jogadores, ao trio de arbitragem. Nem mesmo Clemer foi poupado. A substituição efetuada por ele no segundo tempo, retirando Alex em seu melhor momento na partida, levou o Centenário à loucura. E ajudou a levar a equipe a mais uma derrota nesta frustrante caminhada rubra no Brasileirão.

Tudo explica a derrota de hoje. A arbitragem teve, sim, grande parcela de culpa. O primeiro gol de Aloísio foi em impedimento, e houve pênalti em Jorge Henrique, dentro da área, e não fora, como assinalou Péricles Cortez. No entanto, é errado pensar que só o apito levou o Inter a mais uma derrota. Foram erros em lances capitais, mas o fato é que a atuação defensiva foi mais uma vez catastrófica. A facilidade com que o São Paulo envolveu o Inter a cada ataque foi inaceitável, e poderia ter rendido bem mais gols ao time de Muricy, que errou conclusões demais.
1º TEMPO: Inter ofensivo, com Jorge Henrique desempenhando função dupla, volante e meia
Dito isso, o que se viu no Centenário foi o mesmo Inter de sempre neste Brasileiro. Um time que produz bastante ofensivamente, mas cujo cobertor curto não permite sonhar com marcar gols sem tomá-los. Clemer apostou justamente nisso, mas torcendo por uma efetividade maior de seu ataque: escalou somente João Afonso como volante, tendo à frente quatro meias que chegavam em Leandro Damião. O Inter tomou o gol de forma inesperada, mas buscou com Damião um merecido empate, fazendo justiça à boa atuação do centroavante colorado.

No entanto, foi uma tarde de seguidas expectativas frustradas. Quando parecia começar a dominar o jogo e buscar a vitória, o Inter levou o segundo em um pênalti desnecessário cometido por João Afonso. Mas dava para virar, e o começo de segundo tempo, logo com empate, dava esta impressão. Até que Jorge Henrique, autor do gol, foi de herói a vilão em cinco minutos. Cometeu mais um pênalti, aí o definitivo.
2º TEMPO: Inter se abre ainda mais, agora com quatro meias, e jogo fica ainda mais franco
Este golpe o Inter não esperava. A partir daí, tudo passou a dar errado. Alex foi equivocadamente substituído por Caio, Leandro Damião se lesionou, Scocco entrou mal, Rafael Moura idem. Dos 35 em diante, até o esquema havia sido abandonado. O time se projetou todo à frente e deu o contragolpe todo ao São Paulo, que perdeu ao menos duas chances de matar o jogo. Tudo parecia armado para sair mais gols, em um jogo tão aberto, mas ficou mesmo no 3 a 2.

O Inter deixou Novo Hamburgo porque o clima estava pesado, mas em nenhum momento do ano as vaias foram tão intensas quanto após o jogo de hoje. A declaração de Alex ao fim do jogo deu o tom: o Inter, agora, tem é que esperar o fim do ano, realizar avaliações nestas sete partidas finais, testar gente nova, tirar de circulação quem não agrega mais nada. Porque agora, se o G-4 já era praticamente impossível, até o G-5 se complicou.

Campeonato Brasileiro 2013 - 31ª rodada
27/outubro/2013
INTERNACIONAL 2 x SÃO PAULO 3
Local: Centenário, Caxias do Sul (RS)
Árbitro: Péricles Cortez (RJ)
Público: não divulgado
Renda: não divulgada
Gols: Aloísio 9, Leandro Damião 33 e Aloísio (pênalti) 44 do 1º; Jorge Henrique 2 e Aloísio (pênalti) 8 do 2º
Cartão amarelo: João Afonso, Juan, Wellington e Aloísio
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Gabriel (5,5) (Rafael Moura, 42 do 2º - sem nota), Jackson (4,5), Juan (4,5) e Fabrício (4,5); João Afonso (4,5), Jorge Henrique (5,5), D'Alessandro (6), Alex (6) (Caio, 17 do 2º - 5) e Otávio (5); Leandro Damião (6) (Scocco, 20 do 2º - 4,5). Técnico: Clemer (4,5)
SÃO PAULO: Rogério Ceni (5), Paulo Miranda (5,5), Rafael Tolói (5,5) e Edson Silva (5,5); Douglas (5,5), Rodrigo Caio (6), Wellington (6,5), Ganso (6,5) e Reinaldo (6); Ademílson (6,5) (Lucas Evangelista, 43 do 2º - sem nota) e Aloísio (7,5) (Welliton, 31 do 2º - 5,5). Técnico: Muricy Ramalho (6)

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