Nomadismo pós-moderno

A constante troca de estádios colaborou para que o Internacional não se sentisse à vontade em nenhum deles nesta temporada. No Gauchão, a equipe de Dunga atuou em Canoas, no Passo d'Areia, em Lajeado, Caxias, Novo Hamburgo e Erechim. Estabilizou o Centenário como sua casa a partir do fim de fevereiro, mas desistiu do estádio caxiense pela distância de 120 quilômetros até Porto Alegre e pela longa distância entre arquibancada e gramado. Novo Hamburgo foi a solução, mas a falta de estrutura no Vale e os maus resultados fizeram o clube voltar atrás mais uma vez. O jogo com o Fluminense será na Serra de novo, e a tendência indica que os demais, até dezembro, também.

A justificativa oficial é esta, mas a nova mudança para Caxias tem como pano de fundo uma pressão cada vez maior sobre Dunga e os jogadores. Contra o Vitória, as vaias já foram fortes à equipe após o frustrante empate em 2 a 2. Diante da Portuguesa, tornaram-se praticamente insuportáveis e explícitas, especialmente contra o treinador. A ideia do Inter é mudar de ares. Novo Hamburgo já está jogando mais contra do que a favor.

Também não dá para deixar de lado o retrospecto absolutamente distinto em cada um dos estádios: em Caxias, o Inter tem 75% de aproveitamento no Brasileirão; em Novo Hamburgo, 33%. Pode não ser só culpa do estádio em si, mas também um declínio técnico do próprio time, que passou a jogar menos futebol da metade do primeiro turno em diante. Ainda assim, o aproveitamento como visitante na época em casa do Inter era o Centenário foi de 50%, mesmíssimo aproveitamento obtido pela equipe fora de casa tendo o Vale como sede. Ou seja: o declínio ocorreu principal como mandante, não em geral.

Por mais que isso seja inegável, é pensamento mágico por toda a culpa pela má fase no estádio de Novo Hamburgo. O mais lógico indica que o Inter entrou em declínio técnico há algum tempo, e, como no Vale dos Sinos a pressão é maior, ele pode jogar contra no caso de a equipe estar mal. Neste caso, mudar para o Centenário pode ser uma boa ideia: é uma cancha mais neutra, mais fria, mais distante. Resta convencer os jogadores disso, já que eles não gostavam de ter de subir a Serra semanalmente.

Todo estádio terá seus problemas: um é mais frio, o outro é mais longe, o outro tem gramado pior, o outro tem menos estrutura. Nenhum é o Beira-Rio. Estamos quase em outubro, e o Inter ainda não se acostumou a esta ideia. Sorte que o ano está acabando.

Em tempo:
- Derrota para o Itagüí em casa destituiu Marquinhos do comando técnico do Coritiba. O curioso é que semana passada, na ESPN Brasil, acompanhei uma entrevista dele ressaltando o planejamento que o clube faz em longo prazo, sempre prezando pela manutenção do trabalho do treinador. Uma pena que o imediatismo tenha vencido de novo.

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