Fica o que tá bom, muda o que não tá
Se Albert Einstein estivesse vivo, certamente sustentaria que, de acordo com a Teoria da Relatividade, o Internacional é capaz de reagir empatando um jogo antes mesmo de sofrer um gol. Porque o poder de reação do time de Dunga é impressionante, e ficou demonstrado mais uma vez em Campinas, diante da Ponte Preta. Após um começo ruim, onde foi dominado pelo fraco time do interior paulista e saiu perdendo, o Colorado buscou o empate com o mesmo Juan que falhara no lance do pênalti para a Macaca, em questão de poucos minutos. No segundo tempo, aproveitou a crise do adversário, mandou no jogo e chegou aos 3 a 1 com facilidade.
Aos poucos, Dunga começa a consertar o que não andava bem. O Inter já sofre bem menos gols que antes, já começa a ser grande também contra os pequenos. Por outro lado, continua com um alto poder de fogo, com a sua incrível capacidade de reação dentro dos jogos e, especialmente, com D'Alessandro jogando o que nunca jogou desde chegou ao Beira-Rio - e olhem, ele já jogou demais nesta meia década de Inter. Contra a Ponte, participou simplesmente de todos os gols, e já havia sido assim contra o Corinthians, quando fez o tento da vitória. É um dos grandes nomes deste Brasileirão.
O resultado já é visto na tabela. Com 30 pontos, o Inter está grudado no G-4. Falar em oito jogos sem perder é enganoso no sentido de ressaltar uma grande campanha, pois foram tantos empates que, neste período, a campanha de apenas 50% de aproveitamento, menos que a própria média colorada na competição. No entanto, o que podemos tirar disso é que o time de Dunga é difícil de ser batido. Lá atrás, é impossível não relacionar a melhora da defesa à volta do veterano Índio. No entanto, a entrada de Otávio e Scocco, bem mais participativos que os sacados Kleber, Alex e Forlán, também colaborou, e muito, para que o time atuasse de forma mais compactada, marcasse melhor, facilitasse o trabalho da zaga e, assim, tomasse menos gols.
Ainda assim, é sempre bom manter o olho aberto. Embora o Inter inegavelmente esteja funcionando melhor em termos de conjunto de dois jogos para cá, é uma amostragem muito pequena para já darmos como resolvidos todos os problemas da equipe. E mais: a Ponte Preta só não venceu o jogo ontem porque desperdiçou chances demais no primeiro tempo. O Colorado levou só um gol em Campinas, mas foram tantos erros individuais nos primeiros 30 minutos que, fosse a Ponte um time melhor, poderia ter aberto um 2 ou 3 a 0 definitivo. E aí quase todo este texto seria bem diferente.
Grêmio cumpre o dever
Bater a Portuguesa em casa era a obrigação do Grêmio, e o time de Renato produziu o suficiente para cumpri-la. Não com um grande futebol, não sem alguns percalços, mas de fato mereceu a vitória. A Lusa mal passou da linha do meio-campo na etapa inicial, se fechou demais, mas ainda assim o Tricolor conseguia achar espaços pelos lados, tal a fragilidade da simpática equipe paulista. Mas sobrou ansiedade: Ramiro, com tarefas mais defensivas (atuou na primeira linha do meio, ao lado de Souza), rendeu bem menos desta vez, se precipitando com alguns chutes impróprios de muito longe, quando o tabelamento talvez fosse o mais adequado. Barcos errava muito, Zé Roberto era demasiadamente marcado.
Durante a transmissão do jogo para a Rádio Estação Web, comentei no intervalo que a conversa com Renato seria decisiva para que o Grêmio botasse a cabeça no lugar e partisse com mais calma para chegar à vitória. Efetivamente fez isso: em 13 minutos, amassou a Lusa e chegou aos 2 a 0 com facilidade - poderiam ser 4, não fosse o erro do bandeira ao anular um gol legal de Kleber e o de Barcos, ao perder chance na pequena área, sozinho. Foi tão fácil que o time relaxou: sofreu um gol tão acidental quanto irregular (Bruninho estava impedido), viu a Lusa crescer a partir da saída de Souza para a entrada de Corrêa e sofreu um impensável empate a 31 minutos do segundo tempo, um drama totalmente inesperado na Arena. Mas aí voltou a ter tranquilidade e chegar à vitória através de um pênalti duvidoso convertido por Kleber, que merecia mesmo marcar, dada sua bela atuação.
O importante mesmo era o resultado, e ele veio. Embora tenha levado dois gols em casa, o Grêmio não se defendeu pior com um volante a menos. Ao contrário: teve mais presença ofensiva, criou mais chances que em qualquer outro jogo recente e reteve mais a bola no campo de ataque, o que também é uma arma defensiva. Zé Roberto fez o jogo fluir melhor, e embora não tenha sido brilhante, por ele também passou a vitória. Quem realmente diminuiu de produção sem poder chegar tanto à frente foi Ramiro. Há duas soluções para este caso: adiantá-lo para atuar na mesma linha que Zé Roberto, como ele vinha atuando com Riveros pelo lado direito, ou sacá-lo do time para a entrada do paraguaio. Teremos a resposta após a rodada das eliminatórias.
O Brasil de junho
Golear a Austrália não é tarefa fácil. Os 6 a 0 do Mané Garrincha dão a entender que o Brasil pegou uma baba, mas trata-se de uma seleção classificada com sobras na eliminatória asiática, que participou das últimas duas Copas do Mundo e tem vários jogadores atuando no forte futebol inglês. O que se viu em Brasília foi a seleção da Copa das Confederações, com Jô firmando um lugar no grupo principal e nomes como Ramires, Bernard, Pato e Maicon atuando com qualidade. Antes, Felipão não tinha nem time. Agora tem grupo sobrando. A briga pelas 23 vagas no grupo para a Copa do Mundo vai ser boa.
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Tiago