Faltou eficiência, sobrou Aranha



Dunga foi perfeito em sua avaliação a respeito da derrota do Internacional de ontem à noite: faltou eficiência. Ganhou quem errou menos no Estádio do Vale. Foram 25 chutes a gol, ao menos dez chances boas de marcar. Por outro lado, a defesa novamente falhou demais (em Campinas, no primeiro tempo, já havia sido assim). Do lado santista, justamente o contrário: a equipe foi dominada pelo Inter quase que o tempo todo, mas Edu Dracena e Gustavo Henrique foram muito bem, e o goleiro Aranha, então, foi grandioso, absurdo, milagroso. Na frente, Thiago Ribeiro e Cícero esbanjaram eficiência. E por isso o time dominado venceu o jogo: porque futebol ainda é um esporte para quem erra menos.

Ontem, novamente o Inter reagiu rapidamente, ao menos após sofrer o segundo gol. Por pouco, não chegou ao empate - Leandro Damião, Rafael Moura e Caio perderam chances claras de fazer o 2 a 2. O poder de reação está lá, intacto. Os problemas defensivos também - a equipe sofreu mais de um gol pela 10ª vez no Brasileirão (maioria dos jogos, portanto). A diferença é que, desta vez, o ataque falhou bastante, o que não vinha ocorrendo. Leandro Damião, por exemplo, talvez viva sua pior fase como profissional: cai muito, perde gols demais, reclama demais. Caio entrou elétrico, mas desta vez sem sorte. Rafael Moura, bem... deu de ombro em vez de cabeça.

Porém, há ponderações a fazer. Na zaga, a atuação ruim coincide com a saída de Índio. O veterano de 38 anos ainda é o melhor zagueiro deste elenco. Porém, foi prejudicado pelo acúmulo de jogos - culpa não dele, nem de Dunga, mas da falta de organização de um calendário que marca duas partidas no criminoso intervalo de 48 horas e de uma direção que não quis trazer nenhum zagueiro mais jovem de qualidade. Mesmo que em Campinas a atuação da defesa tenha sido ruim, e com ele em campo.

Um ponto positivo, novamente, foi Otávio. Do meio para a frente, só D'Alessandro deveria ser "mais titular" que ele. O menino corrige um dos únicos defeitos do setor ofensivo colorado: a lentidão. Ele traz dinamismo a um time cheio de grandes, porém lentos, meias e atacantes. Otávio tabela, dá opções, tem bom passe, é vertical, um jogador realmente muito interessante, o mais parecido com Fred neste elenco. Ontem, fez nova boa partida. Mesmo tendo o ataque como seu ponto forte neste campeonato, em raras partidas o Inter criou tanto quanto ontem. Se a saída de Índio coincide com a volta da peneira defensiva, a entrada de Otávio coincide com um Inter ainda mais insinuante na frente. Tirá-lo seria um carteiraço, um descritério técnico e uma punição ao time.

Por fim, cabe ressaltar o bom trabalho de Claudinei Oliveira à frente do Santos. O Peixe ainda tenta se organizar sem Neymar, e vem conseguindo. Lambeu as feridas do vexatório 8 a 0 sofrido para o Barça e se reorganizou. Mesmo sem Montillo, teve Cícero e Thiago Ribeiro, dois ótimos jogadores, em jornada inspirada. Conta com um bom grupo de zagueiros, e já se aproxima do G-4. Se vencer o Náutico no jogo atrasado, pode ultrapassar Corinthians e Internacional na tabela. Olho no Peixe, que pode ser a surpresa deste returno.

Huevos
O Uruguai encontrou uma Colômbia bem postada e muito segura, que controlou o jogo no primeiro tempo no Centenário lotado. Forlán fez falta, fazendo aquela ligação entre o meio e a frente que ele costuma fazer pela Celeste, embora Stuani tenha entrado bem. No entanto, é nas horas de dificuldade que a equipe de Oscar Tabarez cresce. Insistente, o Uruguai cresceu no segundo tempo e chegou aos 2 a 0 já além dos 30 minutos da etapa final, com Cavani e o próprio Stuani. Uma vitória que praticamente coloca a Celeste ao menos na repescagem.

Como falamos sábado, a briga uruguaia já não é mais para entrar na repescagem, mas para sair dela. Com 22 pontos, igualou-se ao Equador, a quem enfrentará em Quito no próximo mês de outubro. Os equatorianos não passaram de um empate em 1 a 1 com a eliminada Bolívia, em La Paz. A Venezuela ganhou do Peru, mas só vai à Copa por milagre. E a Argentina goleou o Paraguai em Assunção e carimbou a vaga para a Copa com sobras. Outro fator bom para a Celeste, que pegará os rivais já sem tanta mobilização, classificadíssimos, na última rodada, em Montevidéu.

O 11/9 mexicano
Ao levar 2 a 0 dos Estados Unidos, o México complicou de vez sua situação para chegar ao Mundial do Brasil. Com 8 pontos, caiu para o 5º lugar da Concacaf, que nem repescagem dá. Dia 10 de outubro, recebe o Panamá no Azteca. Os panamenhos ultrapassaram os mexicanos nesta rodada, tendo os mesmos 8 pontos, mas mais gols marcados. Duelo absolutamente decisivo, até porque na última rodada o Panamá joga em casa com os norte-americanos, enquanto o México visita a forte Costa Rica.

A campanha mexicana é ridícula: uma vitória em apenas oito jogos. E lembrando: o quarto lugar dá apenas vaga na repescagem contra a Nova Zelândia. Para vaga direta à Copa, é preciso chegar em 3º - e Honduras está com 11 pontos, três à frente.

Mais cinco classificados
Além da Argentina, classificaram-se para a Copa ontem Estados Unidos, Costa Rica, Holanda e Itália. A Jordânia, nos pênaltis, eliminou o Uzbequistão e agora aguarda o quinto colocado da América do Sul na repescagem. Restam 22 vagas para o Mundial do Brasil.

Comentários

Igor Natusch disse…
Sobre o jogo do Internacional: Aranha honrando o nome que ostenta. Lev Yashin ficaria orgulhoso.

Sobre as eliminatórias da Concacaf, estou apenas preocupado em secar Blas Peres (10 gols) de forma que não faça mais nenhum gol. Não é tolerável que ele retire de DEON MACAULAY (Belize, 11 gols) o atual posto de artilheiro.