Cara de final, mas cedo para ser final

Cruzeiro x Botafogo só poderá ser a "final antecipada" do Campeonato Brasileiro em uma hipótese: caso o time mineiro vença. Neste caso, a diferença, que hoje é de quatro pontos (46 a 42) subirá para sete. Ainda assim, teremos mais 16 jogos pela frente, tempo suficiente para que a equipe de Marcelo Oliveira tenha tropeços ou para que alguém dê uma arrancada fulminante lá de trás. Por mais que nada disso seja provável em caso de vitória mineira.

Uma vitória do Botafogo hoje, ao contrário, não decidirá o Brasileirão: o abrirá de novo. Que espécie de final seria essa, que em vez de decidir o campeonato o torna indefinido? Ela deixaria o Fogão a um pontinho da Raposa e talvez até trouxesse Grêmio, Atlético-PR e Internacional para a briga, caso eles aproveitem para vencer também. Pode, também, ser uma derrota marcante para o Cruzeiro, que iniciaria, quem sabe, uma queda de produção na equipe, derivada da instabilidade que um resultado negativo para um concorrente direto, em casa, possa vir a causar. Ou não.

Quem tem mais problemas para hoje à noite é Oswaldo de Oliveira. Ele ainda não poderá contar com Lucas, fraturado naquela dividida com Zé Roberto aqui em Porto Alegre, fora os pesados desfalques defensivos de Dória e Gabriel, mas terá de volta Lodeiro, o que deve colocar o ascendente Hyuri no banco de reservas. Pelo lado do Cruzeiro, o time será o mesmo que ganhou do Atlético-PR, ou seja: o titular completo.

O certo é que o jogo de hoje à noite no Mineirão é absolutamente imperdível, um jogaço, o mais importante do campeonato até agora. Justamente por não considerar a partida como uma decisão de título, mas como um jogo importantíssimo na encaminhada, o Botafogo parece estar mais tranquilo. Claro: não tem a pressão de jogar em casa. A ansiedade é grande em Minas. Há dez anos sem grandes títulos e com o rival campeão da Libertadores, tudo o que a torcida cruzeirense quer é a taça.

Por isso, o clima de decisão parte mais dos mineiros. Para eles, é de fato uma partida crucial. Para os cariocas, a importância é teoricamente a mesma (o jogo no qual a distância pode diminuir de vez), mas encarar a partida de um modo mais tranquilo pode ser vantajoso para jogar no erro do adversário mais ansioso. Tudo isso é raro: normalmente quem está à frente é que minimiza a importância desse tipo de confronto, e quem está atrás que é avisa que ele será uma guerra. Mais uma coisa incomum, entre tantas que o Brasileirão 2013 tem nos proporcionado.

Grêmio (3º, 37) x Santos (9º, 28): reprise de uma partida complicadíssima da Copa do Brasil. O Santos tem colocação ilusória: vencendo o jogo atrasado que tem (e é em casa, contra o Náutico), pula para 6º, com 31. Briga pelo G-4, portanto. Tirar pontos do Grêmio na Arena seria uma boa neste sentido. No time gaúcho, a principal curiosidade é ver o time teoricamente titular quase que completo em campo, com Souza e Kleber de volta, Riveros no meio, e só a ausência de Werley na zaga. Renato terá à disposição no banco nomes como Elano e Vargas para tentar furar o bloqueio do Peixe, que finalmente terá Montillo de volta.

Ponte Preta (19º, 16) x Corinthians (6º, 30): eis um jogo que promete. Ponte e Corinthians precisam desesperadamente de uma vitória. A Macaca, para tentar se aproximar da saída da zona de rebaixamento; o Timão, para não perder de vez contato com o G-4. Se souber segurar um pouco o jogo e sair só na boa, no erro pontepretano, o Corinthians tem tudo para conquistar uma vitória em Campinas.

Coritiba (7º, 29) x Goiás (8º, 29): os dois times estão absolutamente iguais na tabela, mas o momento do Goiás é melhor. Instável, o Coxa perdeu contato com a zona da Libertadores e está em queda livre. Como a briga para não cair é intensa, manter um mau momento pode significar estar a perigo logo. Por isso, o time da casa deve tomar a iniciativa, para acabar com a série ruim, enquanto a equipe esmeraldina deve sair só na boa, como fez contra o Corinthians, no Pacaembu, e tentar a vitória jogando no erro alheio. Alex e Walter estarão em campo.

São Paulo (16º, 24) x Atlético-MG (10º, 28): um grande teste para o São Paulo de Muricy saber se está mesmo pronto para se livrar em definitivo da zona de perigo. Em Porto Alegre, o Galo mostrou que sabe jogar fechado, e deve repetir a estratégia bem sucedida diante do Grêmio no Morumbi.

Vasco (17º, 24) x Vitória (11º, 27): esqueçam por um instante as colocações e foquem na pontuação de ambos os times. A distância entre eles é de apenas três pontos. Mesmo seis posições distante da zona perigosa, o Vitória corre sim grande risco de queda. A tendência é que o Vasco, nervosíssimo, tome a iniciativa e os baianos esperem para matar no contra-ataque, como fizeram diante do Inter na semana passada. O jogo, ainda por cima, traz péssimas lembranças para os cruz-maltinos: foi contra o Vitória, no mesmo São Januário de hoje à noite, que a equipe foi rebaixada para a Série B, em 2008.

Criciúma (15º, 24) x Fluminense (12º, 26): outro confronto absolutamente direto contra o rebaixamento. O Criciúma vem jogando bem, mas perde pontos demais, algo fatal para quem luta para não cair. Precisa a qualquer custo vencer o Flu, que começou a reagir - está a quatro rodadas invicto.

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