Acabou a sequência de vitórias. E daí?



Alguns 0 a 0 são chochos, alguns 3 a 3 são varzeanos. O empate sem gols entre Corinthians e Cruzeiro não se enquadra em nada disso. Foi um jogo de xadrez, mas não daqueles chatos. Duas equipes bem montadas, que fizeram uma partida franca, repleta de oportunidades, alternância de domínios. Faltou, mesmo, foi o gol. Ainda que, para o time mineiro, o resultado tenha sido muito bom, ainda mais com a surpreendente derrota do Botafogo em casa para o Bahia.

Fosse o futebol uma luta de boxe, o Cruzeiro tenha vencido por pontos hoje à tarde. A movimentação dos três meias foi tão envolvente quanto sempre, e eles, como de hábito, contavam com os avanços qualificados de Ceará e Egídio, as subidas de Lucas Silva e a inteligência de Borges. No duelo do melhor ataque contra a melhor defesa do campeonato, o time que mais marcou gols só não conseguiu ganhar este duelo estatístico por uma única razão: Cássio. Foram quatro milagres ao longo do jogo, depois de Gil, Paulo André e todo o sistema defensivo ser envolvido pelo ataque cruzeirense.
1º TEMPO: com esquemas semelhantes, melhor conjunto cruzeirense dominou
Para criar tantos transtornos, o Cruzeiro em nenhum momento pressionou o Corinthians, não precisou forçar nada. A partir da inversão de papéis entre Romarinho e Emerson, com o garoto saindo do centro do ataque para a meia esquerda e o Sheik fazendo o movimento inverso, é que o Timão passou a equilibrar o jogo, mas ainda sem criar chances de perigo.

O melhor momento corintiano, e o único de pressão do Timão no jogo todo, foram os minutos iniciais do primeiro tempo. Com Júlio Baptista no lugar de Borges, a Raposa perdeu retenção na frente. Douglas passou a encontrar espaços e trazer a equipe de Tite à frente, mas a atuação apagada de Danilo dificultava o trabalho. O Cruzeiro só reequlibrou o jogo com a saída de Ricardo Goulart, sumido, para a chegada de Anselmo Ramon. Júlio Baptista foi recuado e deu mais força física ao meio. Pato ingressou no Corinthians, mas foi um jogador a menos em relação ao que vinha fazendo Sheik. Sua falta de sangue é irritante.
2º TEMPO: mesmo com Pato, Júlio Baptista e Anselmo Ramon em campo, esquemas seguiram iguais. Cruzeiro esteve mais perto da vitória no Pacaembu
No último lance, o milagre derradeiro de Cássio, que pegou a chegada livre de Júlio Baptista. Mas a falta do gol não chega a representar um peso. A vantagem cruzeirense é tão grande na ponta que o time joga mais relaxado, tranquilo, e embora tenha confundido isso com certa preguiça em determinados momentos do jogo, mais ajuda que atrapalha. Mesmo perdendo sua sequência de vitórias hoje, a Raposa ainda conseguiu abrir diferença para o Botafogo, que perdeu incrivelmente de virada para o Bahia nos minutos finais. E não se enganem: o fato de o Cruzeiro enfim ter perdido pontos não significa que esteja entrando em um momento de baixa. A atuação superior hoje no Pacaembu é a prova disso.

Campeonato Brasileiro 2013 - 23ª rodada
22/setembro/2013
CORINTHIANS 0 x CRUZEIRO 0
Local: Pacaembu, São Paulo (SP)
Árbitro: Felipe Gomes da Silva (PR)
Público: 28.740
Renda: R$ 846.011,00
Cartão amarelo: Emerson, Paulo André, Ricardo Goulart e Lucas Silva
CORINTHIANS: Cássio (8,5), Edenílson (5), Paulo André (5,5), Gil (6) e Igor (5,5); Ralf (5,5), Maldonado (5), Douglas (6), Danilo (4,5) e Emerson (5,5) (Pato, 26 do 2º - 4,5); Romarinho (5). Técnico: Tite (5,5)
CRUZEIRO: Fábio (6,5), Ceará (6,5), Dedé (5,5), Bruno Rodrigo (6) e Egídio (5,5); Nílton (6), Lucas Silva (6,5), Everton Ribeiro (6), Ricardo Goulart (5,5) (Anselmo Ramon, 16 do 2º - 5) e Willian (6) (Dagoberto, 30 do 2º - sem nota); Borges (5,5) (Júlio Baptista, intervalo - 5). Técnico: Marcelo Oliveira (6)

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