Um time desconfiado
Mas os resultados ruins não causam faltam de confiança. O processo é justamente o inverso, e foi esta falta de confiança demonstrada como visitante que eliminou o Grêmio da Libertadores e o faz ter campanha tão ridícula fora da Arena no Brasileiro. Hoje, ela ficou evidente. Sem coragem de encarar o Corinthians de igual para igual, algo possível pelos jogadores que tem em seu time, o Grêmio ficou resguardado atrás para tentar contragolpes que não chegavam nunca, afinal, os erros de passe foram constantes a noite inteira no Pacaembu.
Afora ser um timaço, o Corinthians não fez um grande jogo, como não vem fazendo em 2013, por sinal. No entanto, a equipe de Tite se viu à vontade para atacar o Grêmio na etapa inicial, dada a anemia do time gaúcho em buscar o ataque. Acuado, o Tricolor até corria poucos riscos para quem basicamente só se defendia. O gol de Emerson veio em um impedimento por centímetros, foi na letra da regra irregular, embora fosse um lance dificílimo para o bandeira. Incontestável é que ele dizia a verdade do que era o jogo.
Sem dúvida, a saída de Zé Roberto pesou bastante. O Grêmio pode dizer que tem grupo, mas seu camisa 10 é provavelmente o desfalque que a equipe mais sente, pois é o homem que dita o ritmo do jogo, segura a bola, faz a leitura da jogada correta a ser feita. Para o seu lugar, uma mudança completa de característica: Guilherme Biteco, que entrou totalmente perdido, errando jogadas por pura afobação, mas foi crescendo no decorrer da etapa final, fazendo boas jogadas com Alex Telles pelo lado esquerdo. Dois meninos, vejam só. Enquanto isso, Riveros era discreto, Elano errava quase tudo, Barcos não ganhava uma... Só Kleber, dos mais experientes, buscava jogo e incomodava a defesa corintiana.
Satisfeito com o 1 a 0, Tite recuou seu time e apostou nos contragolpes. Ao contrário do Grêmio do primeiro tempo, o Corinthians sempre o teve. Quando Riveros cabeceou na trave, 20 segundos depois Guerrero quase fez o segundo. Mesmo assim, o Timão passou apuros, jogou pouco, contra um Grêmio que errava passes demais e, por não ter meio de campo, abusou do chuveirinho. No papel, dois timaços; na prática, um jogo de segunda linha. Ainda assim, com todas as críticas que se possa fazer, é possível dizer que o 2 a 0 foi cruel, por vir num momento onde o Grêmio estava mais próximo de marcar que o Corinthians.
Muita coisa precisa ser repensada para que o campeonato gremista não seja o da mediocridade do centro de tabela. O principal problema do Grêmio é de confiança, e alguns nomes têm atuado visivelmente abaixo do que deveriam provavelmente por isso, já que se rechaça qualquer tipo de problema físico. Barcos é o primeiro que precisa passar uma temporada no banco, para entrar aos poucos, na boa, pegando a zaga mais cansada antes de voltar à titularidade. Elano é outro que se arrasta, mas a lesão de Zé Roberto obriga sua manutenção. Bressan e Alex Telles já destronaram Cris e André Santos, e chega a hora de Guilherme Biteco começar a assumir um papel mais preponderante, de mais frequência no time principal. É um jogador que traz juventude, velocidade, impetuosidade e confiança na execução de jogadas ao meio do Grêmio. Isso sem falar em nomes como Pará e Adriano, que já poderiam ter deixado o time há algum tempo.
Elenco existe, e reforços não solucionarão o problema. Eles vieram aos montes no começo do ano. O que Renato precisa é parar de insistir em quem não vem dando resultado, dar chance a quem está melhor (Kleber, enfim, foi titular) e buscar um esquema que faça o time render, pois esse 4-4-2 em losango, até agora, não trouxe benefício algum à dinâmica do time. Por que não um 4-2-3-1, com Biteco, Elano e Vargas nas meias? Será que não deixaria a equipe mais veloz e compactada, com maior capacidade de marcação inclusive? Claro, são só sugestões. Quase nada disso é culpa de Renato, que chegou há menos de um mês. O problema é que o campeonato está passando - e os pontos, escorrendo pelo ralo.
G-4 sem desculpas
Quando o Bahia assumiu a vice-liderança há algumas rodadas a gente fazia a ressalva: tem dois jogos a mais que os outros. Agora, não há desculpa: o time de Cristóvão Borges pode até ter feito mais jogos que a grande maioria, mas assumir o 2º lugar com uma senhora goleada de 3 a 0 em cima do Flamengo é para ninguém botar defeito. Que campanha do Tricolor Baiano. Quem imaginava? Tá, agora responde sem mentir.
Um mínimo de bom senso
1.500 colorados no Gre-Nal é melhor do que nenhum colorado no Gre-Nal. Ainda assim, é muito pouco, assim como 1,5 mil gremistas no acanhado Estádio do Vale também será pouco. O Gre-Nal de torcida única ainda não ocorreu desta vez, mas infelizmente segue próximo.
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