Tendência ao equilíbrio

O Grêmio joga em casa e tem um excelente aproveitamento de 87% jogando como mandante. O Inter é o visitante, mas só perdeu uma vez fora neste Brasileiro. O Grêmio vem de derrota para o Corinthians. O Inter vem de derrota para o Náutico. O Grêmio não terá Zé Roberto e Vargas, mas possui reservas de alto nível, como Kleber. O Inter virá praticamente completo, e guarda Alex e Scocco no banco. O Grêmio está três pontos atrás na tabela, mas se ganhar pode ultrapassar o Inter. O Grêmio tem Renato, o Inter tem Dunga.

Tudo aponta para uma paridade de forças no primeiro Gre-Nal da história da Arena do Grêmio. Gre-Nal muitas vezes tem favorito, sim, embora muitas vezes ele não seja confirmado dentro de campo. Exemplos recentes não faltam. No ano passado, o Inter entrou como favoritaço nas quartas de final da Taça Piratini contra o Grêmio, e levou 2 a 1 em pleno Beira-Rio, com autoridade. Nove meses depois, era o Grêmio o favorito para o último clássico da história do Olímpico. Com dois a mais, não passou de um frustrante 0 a 0.

O que há algum tempo não se via era um Gre-Nal absolutamente sem favoritos como o de hoje à tarde. O Grêmio tem elenco melhor? Com as contratações de Alex e Scocco, as forças teóricas deram uma equilibrada. O Inter tem um time mais bem constituído? A goleada sofrida para o lanterna Náutico no domingo passado derrubou um pouco desse otimismo. Jogadores de seleção? Temos dos dois lados. Ídolos na casamata? Também. Tudo é equilibrado, menos o número de torcedores. Mas esse contingente maior de gremistas é diretamente proporcional à pressão que o próprio time mandante leva para o clássico. E isso reequilibra tudo mais uma vez.

Renato tergiversa. Habilidoso com as palavras tanto quanto era dentro de campo, dividiu a responsabilidade da vitória com o rival e ainda jogou o favoritismo para o lado colorado. Na realidade, a situação é outra: há uma grande paridade de forças no atual momento, mas a pressão maior recai sobre o Grêmio. Afinal, é o primeiro Gre-Nal da Arena. O primeiro do Olímpico foi trágico para os gremistas. O último foi no mínimo insosso. Começar a era de clássicos na casa nova perdendo para o maior rival é uma marca que demoraria a cicatrizar.

Exatamente por isso, por ser um jogo em casa e por estar atrás na tabela, é que o Grêmio traz consigo uma obrigação maior de vencer. E é por isso que imagino o Tricolor tomando a iniciativa do clássico, com o Inter mais fechado, esperando um contra-ataque mortal, do mesmo modo que a equipe derrotou o Fluminense, por exemplo. A escalação de Jorge Henrique no lugar de Fabrício é perfeita: além de ser melhor tecnicamente, o ex-corintiano é versátil. Trará maior poder de marcação sem a bola e aumentará a ofensividade e a velocidade com ela. Se entrar desde o início, será um acerto de Dunga.

No Grêmio, muito mistério. Adriano ou Souza? Maxi Rodríguez ou Guilherme Biteco? Ou que tal Adriano e Souza juntos, com Riveros, formando um trio de volantes? São muitas as possibilidades. O certo é que Renato precisa encontrar uma alternativa ao losango, que tem engessado a movimentação do time. Maxi é jogador de movimentação, bem como Biteco. Seria mais interessante começar com um dos dois e só colocar mais um centromédio em caso de necessidade. Conhecendo sua biografia, é o mais provável.

Em suma, amigos, temos todos os ingredientes para um grande Gre-Nal. Grandes jogadores de lado a lado, um palco novo, dois times em busca de afirmação, brigando por lugares na ponta de cima, dois ídolos nas casamatas, estádio lotado e o fator histórico de ser o primeiro clássico da história da Arena. Tem tudo para ser uma daquelas tardes gloriosas para o futebol gaúcho. Tomara que amanhã a gente só tenha assunto para falar sobre coisas que ocorreram dentro de campo, e não incidentes fora dele.

O inusitado G-4
Cruzeiro, Botafogo, Coritiba e Bahia. Nenhum destes quatro times, há dois meses, era cotado para disputar o título brasileiro. Mineiros e cariocas, talvez, pudessem figurar entre os candidatos à Libertadores, se cumprissem suas melhores expectativas. Mas são exatamente estes quatro que formam o atual G-4 do Brasileirão.

O Cruzeiro tirou o selinho do Coxa, no único jogo do sábado e, em termos de tabela, maior partida da rodada. Ganhou por 1 a 0, gol de Luan, e reassumiu a ponta, com 21 pontos. Neste domingo, o Fogão pode voltar a ser líder se derrotar o Vasco, no Maracanã.

O fim do jejum
Em 1997 e 1998, o Grêmio teve duas séries, uma em cada ano, de 14 jogos sem vitórias. O São Paulo poderia quebrar esta marca gremista, mas o 15º jogo parece ser mesmo o da salvação nestes casos. A vitória por 2 a 0 sobre o Benfica, na Luz, valeu até título: a Copa Eusébio. Do jeito que o Tricolor andava, até mesmo marcar gol seria motivo para taça. Há seis jogos a equipe do Morumbi não ia às redes. Que fase do Benfica.

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