E foi só o aperitivo

Atlético Mineiro e Botafogo fizeram provavelmente o melhor jogo do Campeonato Brasileiro nesta quarta-feira. Era previsível: em campo, estavam o campeão da Libertadores e o atual líder do Brasileirão. Foi um jogo de alto nível, corrido, disputado, eletrizante, emocionante. E o melhor: foi apenas um aperitivo do que veremos nos próximos dias 22 e 28, quando ambos se enfrentam em um confronto que promete demais, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Seedorf foi o grande desfalque de última hora: aos 37 anos, precisava ser poupado hoje para poder jogar a plenos pulmões nos próximos jogos, quando o Fogão não terá o convocado Lodeiro. Uma ducha fria nos alvinegros. Mas só na torcida: o time não sentiu tanto. A atuação de hoje deixou claro que o Botafogo é mais que Seedorf: é a segurança de Dória e Marcelo Mattos, os dribles de Vitinho, a qualidade de Lodeiro, a liderança de Jefferson. O time se impôs a partir de uma marcação muito forte atrás e toque de bola qualificado na frente. Abriu o placar com Elias de forma merecida.

Aí, o Atlético acordou para o jogo. Empurrou o líder do campeonato para trás, com o adiantamento de seus zagueiros, passagem constante dos laterais, extrema movimentação de Luan, Tardelli e Jô e passou a ficar cada vez mais perto do empate, até que Ronaldinho bateu falta de forma perfeita. O Galo da Libertadores parecia ter voltado. O Botafogo não conseguia mais articular nada e sofria com os ataques rápidos e bem tramados do time de Cuca. Ali, Seedorf fez falta, com sua sapiência em segurar e ditar o ritmo do jogo.

A melhor coisa que aconteceu para o time carioca foi o intervalo. Ele esfriou a pressão do Atlético e reequilibrou o jogo. Lodeiro obrigou Victor a grande defesa, Luan fez o mesmo com Jefferson. Parecia um ensaio de ambos, antes dos dez minutos. Até que Lodeiro fez um golaço, com extrema categoria, tirando Victor por completo da jogada. A partir daí, virou ataque contra defesa. O Fogão obtinha novamente a vantagem, e era preciso segurá-la com unhas e dentes. Defendeu-se sempre bem diante de um Atlético Mineiro pouco organizado, mas com muito coração.

Nos últimos 15 minutos, a pressão foi insuportável, diante de tantas bolas erguidas na área. Curiosamente, foi o baixinho Luan, por baixo, que empatou, nos acréscimos. Mais curiosamente ainda, este gol deu ao rival Cruzeiro a liderança. Nada mais justo que tenha sido Luan o autor do empate: foi o jogador mais dedicado do time na luta pelo gol de empate, e seu choro não foi à toa. O Botafogo ressentiu-se demais de seu craque holandês na fase final da partida, quando ele certamente diminuiria o ritmo do jogo e seguraria mais a bola. Faltou gás ao Fogão para se defender na pressão final. Diante de um Galo que cansou de buscar desvantagens no fim da partida na Libertadores, o 2 a 2 era até de certo modo previsível.

Faltam duas semanas para o começo do confronto de ambos na Copa do Brasil. São dois timaços, mas o Botafogo, hoje, é favorito. É um time mais concentrado e organizado. O Atlético ainda está sob o efeito do título da Libertadores, embora hoje tenha mostrado muito afinco para não perder a partida. Resta saber se terá gana para lutar pela Copa do Brasil com o grande objetivo, o Mundial, na mira. Bernard faz falta também. Mas nada melhor do que se preparar para o Mundial buscando vitórias e títulos. Serão dois jogaços.

Gols no fim
Além de Atlético 2 x 2 Botafogo, outros três jogos tiveram seus destinos alterados no finzinho. Em Salvador, o Fluminense arrancou um empate em 1 a 1 com o Vitória através de um gol de Fred. Ele quase fez o da virada nos acréscimos, cabeceando no travessão. Em Curitiba, a dez minutos do fim, Paulo Baier deu ao Atlético Paranaense uma ótima vitória de 1 a 0 sobre o Bahia - o Furacão ultrapassa o Tricolor e já é 5º, com os mesmos 19 pontos. E em Brasília o mais incrível: Lauro, goleiro que já havia feito um gol sobre o Flamengo pela Ponte Preta em 2003, repete o feito dez anos depois. Nos descontos, marcou de cabeça o gol de empate da Portuguesa, estragando a noite da maior torcida do Brasil.

Reação brecada
Um gol de Willian José impediu que o Corinthians chegasse à terceira vitória seguida no Brasileiro. O 1 a 1 com o Santos deixa o Timão em 8º, com 18, seis pontos atrás do líder Cruzeiro, que bateu o Criciúma no Heriberto Hülse por 2 a 1, grande vitória.

Mesmo esquema, e sem Alex
Não vejo problema em Renato manter o 3-5-2 no Grêmio. Seu 4-4-2 em losango não funcionou até agora, e não há porque se apegar a esquemas, ainda mais quando não funcionam na prática. O time teve uma de suas melhores atuações neste Brasileirão justamente no Gre-Nal, quando não venceu, mas teve muito volume de jogo, algo que faltava com o sistema tático anterior. Ao menos até Zé Roberto voltar, é uma alternativa válida.

Hoje, o jogo é para 3 pontos. O Grêmio tropeçou em casa na última rodada e precisa derrotar o Coritiba, adversário direto pela ponta de cima. Indo a 19 pontos, já ficará a 1 ponto do 3º colocado, hoje o próprio Coxa. Sem Alex, a tarefa fica facilitada, embora o jogo seja de paciência, pois o time paranaense deve vir fechado. Comentarei o jogo pela Rádio Estação Web, diretamente da Arena do Grêmio. Nossa transmissão começa às 20:50. Fiquem conosco!

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