Três pontos e Riveros

O Grêmio não fez uma grande partida, mas nem precisava: o importante, ontem, era ganhar do Fluminense, aproveitar a crise do forte time carioca para deixá-lo ainda mais para trás na tabela. O que viesse além dos três pontos seria lucro, e lucro sempre é algo bem vindo. No caso gremista, ele atende por Christian Riveros.

Logo em sua estreia, o paraguaio provou que será tranquilamente titular do time de Renato Portaluppi. Não só pelo gol, um detalhe sempre relevante e que ajuda numa avaliação positiva: Riveros mostrou liderança, boa marcação e ótima saída para o ataque. Será provavelmente o segundo homem do meio, a peça direita da segunda linha do losango que Renato tenta implantar no Grêmio, com Souza atuando mais recuado. Em 2012, Souza cansou de jogar mais recuado que Fernando, o que prova sua capacidade para realizar tal função.

O primeiro tempo de Riveros, é importante considerar, teve altos e baixos, como o do próprio Grêmio. O paraguaio começou um tanto perdido, sem saber se marcava os meias do Flu ou se avançava. Esta hesitação não só dele, mas de todo o sistema defensivo gremista, causou os primeiros 25 minutos de domínio do time carioca. Wellington Silva, pela lateral direita, era um perigo constante, dando tanto trabalho a Alex Telles que ele mal conseguia apoiar o ataque com seus cruzamentos.

Com Riveros buscando se encontrar e Pará habitualmente fraco no apoio, o Grêmio tinha poucas saídas. Cresceu nos 15 minutos finais na medida em que o próprio paraguaio e Zé Roberto recuaram quase na mesma linha de Adriano, ajudando mais na marcação e liberando um pouco mais os laterais para o apoio. Ainda assim, as dificuldades cariocas eram evidentes: basicamente, o time de Abel Braga só levou perigo no chuveirinho, sem criação de jogadas articuladas. Como Fred estava suspenso, faltou qualidade no arremate.

A segunda etapa foi melhor não só por causa do gol cedo. Ela já começou melhor para o Grêmio a partir da substituição de Wellington Silva, lesionado, por Diguinho, no intervalo. Jean passou para a lateral, o que retirou do Flu muito do seu poder de incomodar o time gaúcho em sua esquerda defensiva. Sem tantas obrigações atrás, Alex Telles pôde atacar mais. E logo em seu primeiro ataque, cruzou com precisão na cabeça de Riveros. No futebol brasileiro atual, ninguém cruza melhor que Alex Telles.

O jogo ficou com cenário parecido com o de Grêmio x Botafogo, há duas semanas: o Tricolor Gaúcho em casa, fechado, buscando contragolpear e segurar o resultado. Só que o Fluminense é um time muito menos organizado que o Botafogo. Mesmo com Carlinhos, um bom lateral esquerdo, tentou pouco pelos lados, e muito pelo meio, facilitando a vida gremista. Wagner, com um chute que raspou o travessão e outro que acertou a trave, teve as duas melhores chances. Bem organizado, com Riveros e Zé Roberto trocando de lado e confundindo a marcação, o Grêmio chegou ao 2 a 0 com Kleber, um prêmio à boa partida do Gladiador, definindo o jogo.

Se o desempenho servisse de fato para escalar o time, Barcos seria hoje o estrangeiro que ficaria de fora dos jogos do Grêmio. Ainda assim, seria um erro Renato deixá-lo de fora dos próximos jogos. O Pirata vem mal há tempos, mas é um jogador que pode ser decisivo a qualquer momento. Hoje não foi bem, mas não marcou seu gol por puro azar. O que Renato pode começar a cogitar mais seriamente é um ataque com Vargas e Kleber, os dois avantes que melhor vêm atuando pelo Grêmio. E as características de ambos se complementam, mesmo que nenhum dos dois sejam uma referência na área.

O Dunga da seleção
É incrível como o retrospecto de Dunga no Internacional se assemelha ao de sua passagem pela seleção brasileira. Mais uma vez, o Colorado foi pequeno contra um time pequeno, após ser enorme contra times grandes em seus quatro últimos jogos pelo Brasileiro. A inesperada goleada sofrida para o Náutico na Arena Pernambuco tira do Inter a liderança do campeonato e uma invencibilidade de nove jogos da equipe na temporada. A última derrota havia sido para o Bahia, outro time pouquíssimo cotado, embora faça boa campanha.

Os 3 a 0 também guardam uma semelhança com o Inter de 2011 num aspecto: a dependência de D'Alessandro. Sem o argentino, o Colorado é outro time, muito mais fraco. Sorte (ou mérito do treinador colorado) que ele tem jogado bastante em 2013. Mas Dunga tem razão ao avaliar a derrota: analisar o jogo de ontem somente pelo resultado é enganoso. Ao contrário dos 3 a 0 sofridos no ano passado para este mesmo Náutico, quando foi dominado o jogo todo, desta vez o Inter teve o controle da partida no primeiro tempo, mas não marcou. No segundo, o Náutico cresceu, fez por merecer o seu gol e matou o time gaúcho nos contragolpes.

Menos mal que Dunga agora ganha uma semana para treinar para o Gre-Nal. E menos mal que o Grêmio é um time grande.

Carimbo nas faixas e liderança
Numa rodada cheia de clássicos que terminaram empatados, o destaque ficou com o Cruzeiro: os 4 a 1 sobre o descaracterizado Atlético Mineiro dão à Raposa a liderança do campeonato, quatro dias após o maior título da história do rival. Um belo consolo para os cruzeirenses.

Boa, Lajeadense!
Ótima vitória do Lajeadense na Série D. O Londrina é seguramente o melhor time da chave, e esses 2 a 1 obtidos no Alviazul representam uma vitória que poucos concorrentes conseguirão.

Comentários

Sancho disse…
Alguém sabe o retrospecto do Inter contra o Náutico, em Recife, de 2006 para cá. Não sei por quê, mas tenho a impressão que nunca ganharam lá.
Vicente Fonseca disse…
Uma única vitória, Sancho. Aí vai:

2007 - Náutico 1 x 1 Inter
2008 - Náutico 1 x 1 Inter
2009 - Náutico 0 x 2 Inter
2012 - Náutico 3 x 0 Inter
2013 - Náutico 3 x 0 Inter
Chico disse…
Freguesia para o timbu é brabo.
Chico disse…
Falando em freguesia...ganhamos do flôrminense, de novo. Chora abel, sóbis....