Por algo mais que Fé

O Santa Fé confia na virada. Confia no seu retrospecto esplêndido em Bogotá, onde todos os adversários estrangeiros que o visitaram nesta Libertadores acabaram perdendo. Confia nas assistências de Omar Pérez, na velocidade de Cuero, na habilidade de Medina. E, de fato, precisará de tudo isso, somado a uma atuação pálida do Olímpia, para conseguir chegar à sua primeira final de Libertadores.

A missão é das mais complicadas. É fato que o Santa Fé é muito diferente em casa do que fora, especialmente em termos de postura. Em Assunção, por exemplo, não deu sequer um chute a gol. Isso não foi orientação de Wilson Gutiérrez, claro, e é aí que entram as dificuldades: o Olímpia tem um time forte, tecnicamente superior ao campeão colombiano, inclusive. Não haverá Salgueiro? Pois há Ferreyra. E se Bareiro jogar mal? Que entre Alejandro Silva. Ever Almeyda tem mais opções e mais time nas mãos que Gutiérrez.

A principal ausência para o Santa Fé segue sendo Arias. Hoje ele seria fundamental: é um jogador agudo, de flanco, mas que também tabela pelo meio com Pérez. Sobe pela esquerda e chuta cruzado, com força, de muito longe se preciso. Para furar um bloqueio defensivo, que provavelmente será o caso hoje, seria uma peça importantíssima. Sem ele, Gutiérrez é obrigado a manter três volantes em campo, com Pérez centralizado à frente, buscando aproximação com Cuero (ou Borja) e Medina. Anchico e Valencia, talvez, subam mais para auxiliar o ataque. Os chutes de fora da área deste último, por sinal, podem ser uma arma importante para buscar a virada.

No entanto, por tudo que vimos desde o começo do ano, a virada parece improvável. Mas não está proibida de acontecer, claro que não. Tomando como base os desempenhos de Santa Fé e Olímpia nesta Libertadores, vemos que o time colombiano vem ganhando quase todas em casa, mas ao mesmo tempo, contra o adversário mais forte que enfrentou até agora, o Grêmio, jogou mal e penou para fazer o 1 a 0 que lhe classificava. Contra o Olímpia, serão necessários ao menos dois gols para levar aos pênaltis, e os paraguaios só não fizeram gol fora de Assunção em uma de suas cinco partidas. A tendência é de classificação do Olímpia. Mas tendências são muitas vezes negadas pelas quatro linhas, as verdadeiras senhoras do destino de qualquer jogo de futebol.

Em tempo:
- Dupla Gre-Nal derrubou dois técnicos no fim de semana. A saída de Paulo Autuori do Vasco era pedra cantada, e não caiam no papo de que faz isso "pelo bem do clube". Se estivesse pensando assim, Autuori teria deixado São Januário antes da parada para a Copa das Confederações. Na prática, o time perdeu toda a intertemporada para recomeçar do zero agora. No Atlético-PR, Ricardo Drubscky deixou o clube após o empate com o Grêmio. Outro time que perdeu esse mês de preparação. Dois candidataços ao rebaixamento, aliás.

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