O melhor Inter, sem poréns

Contra Vasco e América-MG, vimos vitórias do Internacional sempre acompanhadas de ressalvas: o time não jogou tão bem, os adversários eram fracos etc. Hoje, no entanto, não há questionamento quanto à vitória sobre o Fluminense, um jogo onde o Colorado seguiu sendo forte no ataque e exibiu consistência atrás, capaz de segurar uma excelente vitória fora de casa contra o atual campeão brasileiro, algo que, como bem falou Muriel após a partida, pouquíssimos conseguirão neste Brasileiro.

Muito desfalcado, o Inter se propôs a jogar no erro. E como o Fluminense errou... Os três gols colorados resultaram de falhas individuais: no primeiro, Gum errou a linha de impedimento e deu condição a Forlán; no segundo, Digão furou e deixou o uruguaio livre para marcar; no terceiro, Diego Cavalieri se atrapalhou na hora de cortar a bola e ela foi parar no fundo da rede, num raríssimo gol olímpico. Mas o que estas falhas individuais terríveis, em uma noite desastrada da defesa carioca, minimizam os méritos do Inter?

Em nada. Afinal, essa era a proposta de jogo de Dunga. O Inter poderia estar desfalcado, com problemas de escalação em seus três setores, mas o Fluminense há algum tempo não exibe bom futebol. Poderia errar, como acabou errando, até mais do que o esperado. O grande mérito colorado foi saber aproveitar muito bem estes equívocos e, sem dar chance para o azar, marcar em todas as oportunidades que lhe apareceram a partir das bobagens do Tricolor.

Dois nomes, em especial, se destacaram. Diego Forlán fez sua melhor partida com a camisa colorada. Desta vez, não foi um mero arrematador, mas sim um atacante perigoso, sempre à espreita dos zagueiros; foi também armador, exibindo grande visão de jogo e precisão no lançamento ao servir D'Alessandro no primeiro gol; e esbanjou qualidade na bola parada, culminando no seu gol olímpico. Participou dos três gols, e isso é definitivo. O difícil é saber quem jogou mais, se ele ou D'Alessandro. O argentino não participou dos outros dois gols, mas foi fundamental no segundo tempo, segurando a bola, distribuindo o jogo, armando contragolpes, quebrando o ritmo, cavando faltas. Teve uma atuação espetacular, e por 90 minutos.

Abel Braga lamentou demais o resultado, justamente por ele ter ocorrido basicamente a partir de erros do seu próprio time. E há razões para lamento mesmo: o Fluminense não fez uma partida ruim em termos ofensivos. Jean surgiu diversas como elemento-surpresa, tabelando com laterais e atacantes e minimizando o fato de Wagner ter tido mais uma péssima atuação com a camisa tricolor. Pelos lados, Carlinhos e Bruno deram muito trabalho. Rafael Sobis, movediço e sempre potente no arremate, foi perigo constante também. A mecânica de frente funcionou muito bem em determinados momentos. Com o gol de Fred no início do segundo tempo, a impressão era de que o Flu alcançaria o empate. Aí, sobrou ansiedade e faltou organização. E, claro, sobrou raça ao Inter.

O resultado é espetacular para o Internacional, e a atuação é promissora, pois começa a confirmar algo que já dissemos aqui e no Carta na Mesa: Dunga, na seleção, costumava ir bem contra equipes grandes e mal contra pequenas. Neste Brasileiro, coincidência ou não, o Inter jogou suas duas melhores partidas contra Cruzeiro e Fluminense, justamente os dois compromissos mais difíceis até o momento. Com 12 pontos, a campanha ganha em consistência com a vitória em Macaé. E pode fazer o Colorado, quem sabe, embalar uma sequência de boas atuações, já que os resultados têm sido em geral bons, como esta vice-liderança deixa claro.

Campeonato Brasileiro 2013 - 7ª rodada
13/julho/2013
FLUMINENSE 2 x INTERNACIONAL 3
Local: Moacyrzão, Macaé (RJ)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (PR)
Público: 5.375
Renda: R$ 69.340,00
Gols: D'Alessandro 19, Forlán 33, Carlinhos 34 e Forlán 40 do 1º; Fred 7 do 2º
Cartão amarelo: Muriel e Jorge Henrique
FLUMINENSE: Diego Cavalieri (4), Bruno (6), Gum (4,5) (Samuel, 34 do 2º - sem nota), Digão (3) e Carlinhos (5,5); Edinho (5,5), Jean (6) e Wagner (4) (Deco, 19 do 2º - 5); Rhayner (5,5) (Marcos Júnior, 19 do 2º - 6), Fred (6) e Rafael Sobis (6). Técnico: Abel Braga (5)
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Gabriel (5,5), Índio (6), Juan (6) e Kleber (5,5); Josimar (5,5), Fabrício (5,5), Jorge Henrique (6) (Vítor Júnior, 37 do 2º - sem nota) e D'Alessandro (8); Forlán (8) (Ednei, 31 do 2º - sem nota) e Rafael Moura (5,5) (Dátolo, 18 do 2º -5). Técnico: Dunga (7,5)

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