O ensaio começa hoje

Tudo é teste para o Brasil, tanto como país-sede quanto como seleção que precisa disputar o título da Copa do Mundo de 2014. O teste começa, de fato, hoje. Muitos amistosos foram realizados nestes dois anos, vários deles contra equipes fortes, o que é um procedimento correto para testar a força de uma equipe, bem mais do que marcar amistosos contra Suazilândia, Bahrein e Quirguistão. Mas um torneio é um torneio, e esta Copa das Confederações é uma mini-Copa do Mundo. E será em casa, com o ambiente que devemos ter no ano que vem, de apoio, mas também de pressão pela conquista.

Seja como for, o Brasil entra para disputar o título, mas o objetivo principal para Felipão é buscar a formação ideal para a seleção jogar no ano que vem. O difícil será os torcedores, ávidos por uma equipe forte, que represente bem o futebol nacional em nível mundial, entenderem que a Copa das Confederações é, na verdade, um grande ensaio para 2014, quando, aí, sim, os erros não deverão ser tolerados. Há um ano para o Mundial, os erros de agora ainda são passíveis de correção, mas na Copa em si não há chances de recuperação.

Luiz Felipe Scolari viveu situação semelhante em 2001, na Copa América, quando o Brasil deu um fiasco histórico e caiu para Honduras um ano antes de ser a única equipe na história a vencer sete partidas numa mesma Copa do Mundo. O que quero dizer é que nem sempre o que se vê num ano se verá no outro, muita coisa pode mudar para melhor. No entanto, havia as Eliminatórias para testar ainda mais o time, com necessidade de resultados, e agora veremos só amistosos. Fora o fato de aquela geração ser bem superior a esta, claro.

O sistema de jogo para hoje à tarde, no Mané Garrincha (Estádio Nacional = padrão FIFA = chatice forçada goela abaixo), tem graves problemas, que já discorremos aqui e nas transmissões da Rádio Estação Web: Paulinho sobe menos como elemento surpresa, Neymar e Hulk ficam presos em pontas, Oscar fica como único articulador, os laterais não sobem, o time cria com menos gente, ataca com menos gente, se defende com menos gente e a defesa fica mais exposta...

É estranho Felipão insistir numa formação ofensivista e frágil, que não pode se transformar em um 4-2-3-1, pois Hulk e Neymar não têm a característica de recompor o meio, é até uma violência com eles. O desconto que pode ser dado é o que falamos antes: tudo é ensaio, tudo são testes. Fatalmente, Felipão verá que esta equipe não funciona e terá de rever seus conceitos. O torneio é forte, não se corre o risco de vitórias que enganem. Se funcionar, o que acho difícil, é porque ele conseguiu reagrupar o time a ponto de esta formação conseguir corrigir seus defeitos, mas não é a tendência, insisto.

O Japão já será um bom teste. É verdade que levou 4 a 0 do Brasil no ano passado, mas não enganem: foi um resultado circunstancial, pois está longe de ser aquele time ingênuo de outros tempos. Kagawa e Honda são meias muito técnicos e habilidosos, Hiroki Sakai, um reserva, incomodou demais o Santos no Mundial 2011, Nagatomo tem experiência na lateral da Internazionale, Hasebe é meia titular no Wolfsburg, do forte Campeonato Alemão, enfim: é uma equipe experiente, sem a fragilidade física e a ingenuidade de outros tempos. Classificado com sobras na eliminatória asiática, é o único time, ao lado do Brasil, já garantido na Copa 2014. Há quem os considere superiores inclusive ao México, o que entendo ser um exagero. Mas pode surpreender, sim, senhor. Se o Brasil tiver uma boa vitória hoje, não podemos achar que foi uma enganação. E se perder, também não podemos ficar tão surpresos. Foi-se o tempo que oriental era sinônimo de perna-dura.

Estarei hoje, ao lado do narrador Carlos Jornada, comentando este duelo entre Brasil e Japão, para a Rádio Estação Web. A partida começa às 16:00, e nossa transmissão deve ser iniciada 10 minutos antes da partida. Acompanhem o jogo conosco! Nossa cobertura da Copa das Confederações será extensa e intensa.

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