A última chance celeste

Não há mais possibilidade de adiamento: o Uruguai precisa vencer a Venezuela ou dará adeus a qualquer possibilidade de se classificar para a Copa do Mundo de 2014, no mesmo Brasil que viu seu último título mundial, há 63 anos. É a única forma de recuperar-se de tropeços tão terríveis quanto perder quatro pontos em casa para o lanterna Paraguai e para a própria Venezuela, jogo realizado há um ano, no Centenário, quando a Celeste liderava as eliminatórias e não fazia ideia de o quanto seria trágica a perda daqueles dois pontinhos no fim do jogo.

Para piorar as coisas, Suárez não joga. Cumprirá suspensão, bem como Arévalo Ríos. Tabárez trata de tirar a pressão sobre seus jogadores, dizendo que "seria uma façanha" a classificação para o Mundial, dada a situação atual da tabela. Externamente, isso funciona. O comandante já parecia bem desanimado após a dolorosa derrota de 2 a 0 para o Chile, em Santiago, no final de março. No entanto, atuarão oito titulares da Copa de 2010 em Puerto Ordaz, hoje à noite. Fraco este time não é. Desconfiado, este é o termo mais exato. Venceu a França, mas com gol de Suárez, que hoje não jogará. E que falta ele faz.

Mesmo assim, não há mais desculpa. Se tivesse segurado dois triunfos absolutamente normais contra Venezuela e Paraguai, os dois maiores pecados uruguaios nesta trajetória, a equipe estaria hoje com 17 pontos, na faixa da repescagem, sem tanto drama. No entanto, tem agora apenas 13, um atrás do Peru, três atrás da Venezuela e há cinco do Chile, que hoje é o 4º colocado e deve vencer a fraca Bolívia em casa. A repescagem é o que resta para a Celeste. Vencer e igualar-se à Venezuela, com um jogo a mais por fazer, (os charruas jogaram 11 vezes até agora, contra 12 da vinotinto), é obrigação.

O drama é em Puerto Ordaz, mas a eliminatória sul-americana tem uma rodada inteiramente importante. A Argentina enfrentará o Equador em Quito, e se fizer mais pontos que a Venezuela contra o Uruguai, garante vaga para 2014. Os equatorianos, com a derrota para o Peru, não podem perder de novo, sob pena de ficarem ao alcance de quem joga a repescagem. A Colômbia tenta encaminhar a vaga diante do Peru e o Chile tem tudo para se fixar de vez no G-4 e deixar a briga pela repescagem para venezuelanos e peruanos. E, quem sabe, uruguaios.

Um desafio aos nobres leitores
Desafio os nobres leitores do Carta na Manga a acompanharem as eliminatórias sul-americanas pela TV. Ok, desistam: é impossível. Os canais pagos de esporte, todos, a ignoram. Só passam jogo da Argentina, por causa de Messi - e o de hoje, contra o Equador, não está previsto para nenhuma grade, já que o melhor do mundo está no banco de reservas por conta de problemas físicos. Neste fim de semana, pudemos ver Gâmbia x Costa do Marfim, Letônia x Bósnia, Jamaica x México, Suíça x Chipre e Líbano x Coreia do Sul, mas nada de Paraguai x Chile. A mentalidade de colonizado ultrapassa todos os limites. Só o Roja Directa salva.

Mais um paraguaio
Paraguaios costumam se dar bem no Grêmio. Foi assim notadamente com Arce, Rivarola e, sem tantas glórias quanto os dois primeiros, Diego Gavilán. Cristian Riveros chega com a personalidade de quem tem qualidade e duas Copas do Mundo no currículo. Resta saber que lugar ocupará no time. Costuma ser mais segundo volante, embora saiba também atuar na primeira função. O curioso é que Luxemburgo disse, após a derrota para o Atlético Mineiro, que sua entrada liberará mais Zé Roberto. Estaria Elano deixando o time neste caso?

Rumo à regionalização
Uma bandeira que defendemos há tempos por aqui começa aos poucos a ser adotada pela FGF: a regionalização do Gauchão. Não ocorrerá para a edição de 2014, mas a realização de torneios regionais envolvendo os clubes do interior no segundo semestre apontam para este caminho de valorizar rivalidades regionais e tornar o futebol um ponto de convivência, diversão e integração para as comunidades de cada canto do Rio Grande do Sul. Todos saem ganhando com isso. Dando certo (e a convicção que tenho é que, se bem implantada, a iniciativa não tem como dar errado), pode ser um passo importante rumo a um Gauchão mais enxuto, qualificado e regionalizado no futuro. O estadual do ano que vem já terá duas datas a menos, ainda que por outros motivos. Nem tudo está perdido.

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