A Celeste dos bons tempos



O Uruguai havia vencido a França com dificuldades, mas em casa e com Suárez. Em Puerto Ordaz, além de jogar como visitante, num terreno hostil, não teria seu grande artilheiro e precisaria ainda mais da vitória. Foi aí que apareceu Edinson Cavani, um jogador brilhante com a camisa celeste do Napoli, mas normalmente discreto com a camisa celeste uruguaia. Foi ele que fez o gol da vitória, a tão importante vitória, numa jogada individual, dando ao Uruguai o direito de seguir sonhando com uma vaga na Copa do Mundo.

Mais do que o gol, Cavani foi o símbolo do Uruguai ontem à noite. Ele e Forlán, este bem menos brilhante, lutaram o tempo todo. A Celeste foi solidária, entrou com uma proposta clara de jogo: buscar a vitória e segurá-la. Começou melhor que a Venezuela, com Pérez e Gargano dominando o meio e Cáceres implacável pelo lado esquerdo, o time da casa teve poucas chegadas de perigo. O 1 a 0 refletia o melhor futebol charrua do começo do jogo, e daria início à pressão que os venezuelanos imporiam na etapa final.

Apesar da pressão, que foi terrível por vários momentos, o Uruguai soube segurar. Facilitou um pouco a tarefa o fato de os venezuelanos tentarem o empate apenas em levantamentos para a área, escancarando sua fragilidade técnica. A Celeste teve sempre o contragolpe para matar o jogo, normalmente muito bem puxados por Cristian Rodríguez e Gastón Ramírez, mas desperdiçou todos e por isso sofreu até o final. O problema destas eliminatórias, provavelmente, não estava tanto nos adversários, mas no próprio Uruguai, que não conseguia jogar de maneira sólida e compacta, como ontem, há mais de um ano. A irreconhecível Celeste que se mostrava apática na frente e vulnerável atrás deu lugar novamente ao time sanguíneo que fez história recentemente ontem à noite.

O caminho se abre um pouco, mas ainda é tortuoso. Longe da vaga direta (está cinco pontos atrás de Chile e Equador), o Uruguai está empatado com a Venezuela, mas tem um jogo a mais por fazer. O Peru, dois pontos atrás, receberá a Celeste em setembro, outra decisão direta fora de casa que viverá o Uruguai. Depois disso, mais pedreiras: Colômbia em casa, Equador fora e Argentina em casa, todos já praticamente classificados ao Mundial, e portanto fortes. Mas, como diria o poeta, "não tá fácil pra ninguém": os venezuelanos pegam Chile (fora), Peru (casa) e, mais brando, Paraguai (casa). Os peruanos, além do Uruguai, visitam Venezuela e Argentina, podendo chegar eliminados para o confronto final, em casa, diante da Bolívia. O certo é que a Celeste, se for à Copa, será pela repescagem. Assim tem sido desde 2001.

Nenhum classificado a mais
A Coreia do Sul teria passado se o Irã perdesse para o Líbano, o que não ocorreu. A Argentina empatou com o Equador, segue pertíssimo da Copa, mas ainda não se classificou matematicamente. Na Concacaf, quem está a perigo é o México, que empatou a quinta partida em seis disputadas, 0 a 0 no Azteca, contra a Costa Rica. E na Europa, para desespero de muito marmanjo brasileiro, as dinamarquesas estão ausentes da Copa de 2014: o time levou 4 a 0 em casa da pobre Armênia, um fiasco histórico.

Para fechar com vitória
O Grêmio tem hoje à noite a obrigação de vencer o São Paulo na Arena. Não só por conta da derrota para o Atlético Mineiro no domingo, mas porque o Tricolor é um potencial rival direto, o jogo é em casa e é importante finalizar este comecinho de Brasileirão, na parada para a Copa das Confederações, entre os primeiros. A liderança não dá mais para alcançar, mas um bom resultado assegura uma campanha de 66,7%, aproveitamento de campeão, que daria a Vanderlei Luxemburgo mais tranquilidade para trabalhar sem tanta pressão neste mês de parada. O jogo é duro, mas diante do mau ambiente dentro do Tricolor Paulista, a vitória é bem possível. Comentarei o jogo para a Rádio Estação Web, ao lado do narrador Leonardo Dias e das reportagens de Paula Cardoso. Não percam a nossa transmissão, que começa às 21:50!

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