Sempre eles

Falar na mística de Carlos Bianchi e Juan Román Riquelme, provavelmente os dois maiores carrascos brasileiros na história da Libertadores, é fácil demais para explicar a desclassificação do Corinthians hoje à noite diante do Boca Juniors. Bem melhor que isso é falar nos méritos da dupla na partida do Pacaembu. Porque sim, Bianchi e Riquelme foram novamente os protagonistas de uma eliminação brasileira na Libertadores, e novamente não foi uma qualquer: foi a queda do atual campeão do mundo e principal favorito ao título do torneio.

Bianchi mostrou, mais uma vez, porque é conhecido como Mr. Libertadores. Todo o seu planejamento do confronto foi perfeito. Para ter Riquelme no máximo de sua condição no Pacaembu, onde ele seria até mais importante que na Bombonera por saber ditar o ritmo do jogo e dar experiência ao Boca, poupou seu camisa 10 no jogo de ida. Román correspondeu jogando o fino da bola: fez tudo o que dele se esperava, não deixou que Blandi se isolasse do time sendo o 1 do 4-5-1 e ainda marcou um golaço que, quem se lembra da final de 2007, sabe que não foi sem querer.

Mas o Boca não foi só Riquelme, claro. Um jogador altamente técnico e experiente mas fisicamente decadente e sem metade da explosão dos bons tempos seria insuficiente para parar o Corinthians no Pacaembu. As duas linhas de quatro (sempre elas) armadas por Bianchi brecaram o Timão no primeiro tempo. Com Sánchez Miño resguardado por Clemente Rodríguez, o Boca criou perigo pela esquerda, e com Erbes chegava pela direita. Era tanta gente marcando firme que Paulinho não conseguia ser o elemento surpresa. A atuação apagada de Danilo e Romarinho só facilitou a tarefa argentina.

O segundo tempo foi completamente diverso porque entraram Pato e Edenílson, que deram mais vigor ofensivo aos paulistas, mas sobretudo pelo gol de Paulinho logo aos cinco minutos, que incendiou o Pacaembu. O Boca foi obrigado a recuar, perdeu Riquelme por cansaço aos 22, mas seguiu se defendendo com extrema competência e amorcegou o jogo como Bianchi tanto gosta. Saiu merecidamente com a classificação, ainda que alguns erros de arbitragem tenham lhe favorecido. A calma que o time apresentou durante todo o jogo, do 1º ao 90º minuto, foi impressionante. O dedo do técnico nisso é evidente.

A saída do Corinthians da Libertadores é um alívio para aqueles que pleiteiam seu título, incluindo aí os três brasileiros que seguem vivos na competição. No entanto, se sai um monstro, cria-se um fantasma. O Boca não é o mesmo de outros tempos, mas está longe de ser uma equipe tão ruim como a tabela do Campeonato Argentino apregoa. Provou, nestes dois jogos, que é capaz de encarar qualquer equipe da competição. Duvidar de Bianchi e Riquelme nunca é recomendável, mas o Newell's é favorito nas quartas de final.

Comentários

Chico disse…
Fracasso paulista en la Copa.

Cúrinthiano reclamando de arbitragem é a mesma coisa que vagabundo reclamando de violência policial.