A maior sorte do Atlético



A maior sorte do Atlético Mineiro ontem à noite não foi Victor ter defendido o pênalti batido por Riascos já nos acréscimos, quando a tragédia pairava sobre o Independência. Ela vem com a parada para a Copa das Confederações, justamente no momento em que o Galo exibe uma notável queda de produção. Cuca tem um mês para corrigir alguns problemas no seu time, que já não cria tanto quanto antes, não brilha tanto quanto antes, não vence tanto quanto antes. Mas segue vivo na Libertadores, o que é o principal, claro.

Pode-se dizer que os adversários vão ficando mais fortes à medida que o tempo passa, mas é visível que o Galo não tem rendido o mesmo desde a derrota para o Cruzeiro, na conquista do título mineiro. O problema está nos rivais, mas também no Atlético, e oscilações são absolutamente normais, embora prejudiquem em momentos decisivos, em complicados mata-matas, ainda mais quando o time oscilante costuma sofrer gols sempre. Contra o Tijuana, o time de Cuca não foi superior em quase nenhum momento dos 180 minutos de confronto. Passou graças ao saldo qualificado, esteve sempre atrás no placar durante os dois jogos e foi salvo pelo pé milagroso de Victor, aquele mesmo que era "pé frio", nos descontos da partida de ontem.

O Atlético entrou em campo visivelmente tenso. Ronaldinho, Jô, Tardelli e Bernard não mostravam sequer parte da intensa movimentação que enlouqueceu as defesas de Arsenal de Sarandí, São Paulo, Cruzeiro e outros tantos neste começo de ano. O time de Cuca tinha a vantagem do empate, mas parecia não saber se atacava o Tijuana ou tentava segurá-la. Errava passes por pura precipitação, sem procurar os lados, forçando demais pelo meio. Isso facilitava a marcação mexicana.

O Tijuana, ao contrário, mantinha a calma. Time experiente (embora não tanto quanto o Galo), sabia que jogava por uma bola, se conseguisse se defender bem. Riascos fez o golaço do 1 a 0, deixando o time perto da vaga pelas circunstâncias que o jogo apresentava, mas na única falha de marcação da equipe mexicana no jogo, Réver ficou livre na bola parada e empatou. O jogo passou a transcorrer em um ritmo estudado, sem que os times se abrissem tanto, mas terrivelmente tenso, pois qualquer gol do Tijuana obrigaria o Atlético a no mínimo fazer mais dois para evitar uma indesejada decisão por pênaltis.

Quanto mais o tempo passava, mais um golzinho seria fatal ao Galo, que seguia sem conseguir jogar seu futebol solto, objetivo. Em nenhum momento das quartas de final o Atlético se sentiu à vontade. Neste caso, não é só demérito para os comandados de Cuca, mas também um grande mérito do time de Mohamed, de longe o mais enjoado desta Libertadores. Até que veio o pênalti infantil cometido pelo experiente Leonardo Silva (quantos zagueiros experientes têm feito bobagens em momentos importantes desta Libertadores?) e a defesaça do adiantado Victor com os pés, após uma série de milagres do próprio camisa 1 que atestam os problemas mineiros no jogo.

A parada da Copa das Confederações era, para muitos, o que poderia tirar o título do Atlético, se interrompesse aquela fase mágica que a equipe vivia há algumas semanas. Agora, ela pode ser benéfica. Interrompe um período instável da equipe e dá a Cuca tempo para que ela se reinvente. O Newell's Old Boys, adversário nesta sensacional semifinal que teremos pela frente, é mais time que o Tijuana. Ou seja: jogando a bola que jogou contra os argentinos, o Galo tinha grandes chances de ser eliminado. Daqui a um mês, a história pode ser outra, bem diferente.

Vitória para tranquilizar
Se contra o Vitória o Inter entrou preocupantemente desligado, contra o Criciúma a história foi outra. Os dois gols vieram a favor, nos 15 primeiros minutos, e definiram o jogo cedo, uma vitória convincente, tranquila e necessária. Ainda assim, é bem lembrar que o time catarinense perdeu uma chance cara a cara com Muriel aos dez minutos de partida. Se Fabinho fosse um atacante de melhor nível, a história da partida poderia ter sido bem diferente.

De toda a forma, o Inter ganhou sem maiores sustos, e era assim que precisava ser mesmo. Os princípios de contestação dentro do clube após o empate na Bahia criaram um clima exageradamente tenso e de desconfiança, como se vencer o Vitória no Fonte Nova fosse algo que todo mundo vai conseguir realizar no Brasileiro. O Colorado oscilou bons e maus momentos em Salvador, nada que justificasse tanto auê. Agora, em casa de novo, contra o fraco Bahia, o time de Dunga tem a chance de se postar no começo deste Brasileiro entre os primeiros, aproveitando a tabela favorável para chegar a 7 pontos em 9 disputados. Está tudo dentro do srcipt até agora - o que não significa, claro, que a equipe não precise reforçar, e em mais de uma posição.

Comentários

Anônimo disse…
Ok, o time jogou um péssimo jogo e o time ja vem caindo de produção? Faça me o favor viu
Vicente Fonseca disse…
Não, o Atlético jogou mal contra o Tijuana no México também, fora ter perdido o segundo jogo da final para o Cruzeiro e na estreia do Brasileiro para o Coritiba, mas aí com time misto. São quatro jogos sem vencer já. Ontem, por muito pouco não foi eliminado.

Isso não quer dizer que não possa ganhar a Libertadores, ou que esteja decadente, muito longe disso. Ainda é o principal favorito, na minha opinião, e tecnicamente é o melhor time. Mas há algum tempo não repete o grande futebol que vinha massacrando os adversários, o que é normal até certo ponto.
Lourenço disse…
A tua elegância ao debater contra um anônimo que faz um comentário como esse é surpreendente.
Torci pelo Tijuana, mas não pude deixar de ficar feliz pelo Victor, que aqui no RS se dizia que era um goleiro sem estrela e perdedor, e está fora da Copa das Confederações sem nenhuma justificativa.
Vicente Fonseca disse…
Não perderei jamais a elegância, Lourenço. Se o comentário fosse ofensivo eu apagaria, mas acho que tá dentro dos limites toleráveis, mesmo sendo anônimo.

Quanto ao Victor, discordo que ele devesse ir à Copa das Confederações pelo que tem feito no Atlético. Acho que há goleiros jogando mais, embora tecnicamente ele esteja entre os 3 melhores do país.

De resto, concordo! A mística de perdedor já foi enfrentada por nomes como Rogério Ceni, Clemer, Abel, Muricy, Dunga e muitos outros. Tá na hora de Victor e Cuca a superarem. É questão de tempo.
Chico disse…
A sorte do galo foi ter pego um time mexicano.