Um Bayern como nunca



A autoridade com que o Bayern München suplantou o Barcelona hoje não deixa dúvidas sobre qual é o melhor time da Europa na atualidade. A equipe alemã não apenas superou aquele que há pouco tempo era inegavelmente o melhor time do mundo, como lhe aplicou um massacre histórico. Apesar de um gol irregular (falta clara de Müller no terceiro) e de outro extremamente duvidoso (Gomez, em provável impedimento, no segundo), o placar diz bem o que foi o jogo. E praticamente define a semifinal já na partida de ida, a exemplo que o próprio Barça fizera diante do Bayern em 2009.

Claro que uma série de questões colaborou para a goleada. Messi, por exemplo, está longe de sua melhor forma, ainda ressente-se da lesão sofrida em Paris. O Barça é um timaço, mas perde muito sem ele. No entanto, o Bayern soube aproveitar as condições favoráveis de forma impecável. A equipe exibiu uma marcação feroz: nunca o estonteante toque de bola catalão envolveu a equipe de Jupp Heynckes, que mantinha sempre alguém na sobra para evitar triangulações ou jogadas individuais. Dante foi perfeito defensivamente e ainda colaborou dando assistência para Müller no primeiro gol. Lahm, com a seriedade de sempre, marcou muito e ainda achou espaços para apoiar o ataque quando dava. Schweinsteiger, claro, era um show à parte: controlou Messi, liderou a marcação no meio e ainda por cima armava o jogo. Cracaço.

Além de todo este comprometimento para impedir o Barcelona de jogar, o Bayern jogou muito quando teve a bola nos pés. O Barça teve 63% da posse de bola, mas quem viu o jogo se surpreende com este dado, pois os bávaros é que sempre foram mais propositivos, objetivos e perigosos. O trio de meias-atacantes foi simplesmente imparável, com constantes trocas de movimentação, favorecendo as coisas para Mario Gomez. Ribery exibiu a técnica de sempre, Robben deixou o individualismo de lado para marcar um gol antológico (embora irregular) e Müller foi, mais uma vez, o melhor de todos, sempre com muita estrela e presença. O camisa 25 exibe oportunismo de centroavante, velocidade de ponteiro e visão de jogo de articulador. Raros conseguem ser tão completos como ele hoje em dia.

O Borussia deu pinta de campeão diante do Málaga, mas a atuação do Bayern hoje foi para não deixar dúvidas sobre quem é o real favorito ao título europeu da temporada. Não há ninguém no Velho Continente jogando mais do que o time de Munique, incluindo os outros três semifinalistas. Claro que, apesar das dezenas de atuações exuberantes da equipe de Heynckes nesta temporada, é preciso dizer que este time parece ter chegado ao teto hoje. Dificilmente algo como o que ocorreu hoje se repetirá. Mesmo assim, ganhou o título alemão com número de recorde de vitórias, faz campanha impecável na Liga dos Campeões, eliminou a Juventus com facilidade e agora goleia o Barcelona, quando a lógica indicava mesmo uma vitória, mas não por históricos 4 a 0. O jogo de exceção do Bayern foi justamente em uma decisão, e isto é o que mais deve animar seus torcedores. Ninguém tem um cartel parecido. A frustração pela perda de um título que parecia certo em 2012, diante de um Chelsea claramente inferior, parece estar com os dias contados.

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