Aprilfest

Barcelona e Real Madrid podem ter a grife de Messi e Cristiano Ronaldo, mas não possuem times melhores que Bayern München e Borussia Dortmund. Esta realidade tem aparecido com certa clareza durante toda a Liga dos Campeões e ficou evidente nestas semifinais, com resultados inclusive desproporcionais, pois a diferença em favor dos alemães não é tanta assim. Depois do massacre bávaro de ontem, hoje foi a vez do time de Dortmund golear o Real Madrid e ficar muito próximo de fazer a primeira final doméstica da Liga dos Campeões desde o duelo inglês de 2008.

As semelhanças não param nas nacionalidades de vencedores e perdedores e nos massacres aplicados. O 4-5-1 do Borussia assemelha-se ao do Bayern, e sufocou o time de José Mourinho, que foi envolvido o tempo todo. Götze, tratado pelos torcedores como traidor por estar se transferindo para o Allianz Arena, teve ótima atuação na articulação. Pela esquerda, Reus e Schmelzer fizeram misérias, como de costume, alternando avanços e recuos com uma afinação invejável. Mas houve uma diferença clara para o jogo de ontem: o Real Madrid não é o Barcelona, não tem na posse de bola seu maior recurso técnico. Assim, o Borussia pôde ser mais propositivo que o Bayern.

De qualquer modo, não significa que a equipe tenha tido dezenas de chances criadas. O aproveitamento de oportunidades foi alto, e aí entra Lewandowski, o homem do jogo, com atuação histórica e nada menos que quatro gols. O primeiro, mostrando presença de área; o segundo, de puro oportunismo; o terceiro, de altíssima técnica; e o quarto de pênalti, fechando os 4 a 1 que deixam a equipe da Vestfália muito próxima da decisão. Não exatamente 100% garantido devido ao gol sofrido em casa, com Cristiano Ronaldo (de boa atuação) aproveitando falha do excelente, mas hoje inseguro Hummels, que ainda carece de ritmo de jogo após a lesão que sofreu e fez de Felipe Santana o herói da batalha diante do Málaga.

O placar é reversível, mas é improvável que haja a virada. O Borussia é um time extremamente consistente, que ainda está invicto na Liga dos Campeões. Ganhou duas vezes do Real Madrid em casa e empatou no Bernabéu depois de quase ganhar por lá. Os madrilenhos têm até peças um pouco melhores individualmente, mas coletivamente estão um degrau abaixo dos alemães, o que fica bem caracterizado na irregularidade de desempenho da equipe durante toda a temporada. Hoje, José Mourinho errou feio ao tirar Di María da escalação inicial. Modric salvou a equipe em Manchester e é um ótimo jogador, mas sua entrada altera toda a estrutura de articulação do time. Özil, que costumeiramente joga pelo meio, foi nulo pela direita. 

Um 3 a 0 ainda é possível, embora as chances sejam mínimas. A lógica antes da semifinal, se tivesse de haver uma final doméstica, era para o enfrentamento entre alemães em Wembley. A surpresa toda está na facilidade com que ambos encaminharam suas vagas, e não no fato de Barcelona e Real Madrid ficarem de fora da final.

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