A estranha matemática do Grêmio

A curiosidade foi trazida pelo grande Igor Natusch no Carta na Mesa desta quinta-feira: o Grêmio pode se classificar para as oitavas de final da Libertadores se fizer dois pontos nos dois jogos que restam, mas pode ficar de fora se fizer três pontos nestas duas partidas. Uma estranha matemática que só poderia ocorrer num grupo tão equilibrado quanto o que o Tricolor se envolveu (ou se deixou envolver, pelos vacilos que cometeu). Como isso é possível? Vamos às explicações.

Grêmio classificado com mais dois pontos
Empatando com Fluminense e Huachipato, o Grêmio está nas oitavas de final da Libertadores. É matemático. O Tricolor iria a 9 pontos, contra 8 do Huachipato. O Fluminense, ganhando do Caracas, iria a 11, e seria líder do grupo. Empatando, ficaria com 9, contra 7 dos venezuelanos. Perdendo, ficaria com 8, contra 9 do Caracas, que se classificaria junto com o Grêmio. Qualquer combinação do jogo do Rio classifica o Grêmio. Ou seja: empatando seus dois jogos, o time de Vanderlei Luxemburgo não só estará classificado como tem boas chances de até ser o líder da chave. Basta que o Flu não vença o Caracas no Rio - hipótese nada impossível em um grupo onde os visitantes têm se dado bem.

Grêmio eliminado com mais três pontos
A hipótese existe, e as chances de ocorrer não são tão pequenas. Se o Grêmio ganhar do Fluminense e perder para o Huachipato, terminará a chave com 9 pontos, contra 10 dos chilenos. Bastaria o Flu ganhar do Caracas no Rio para eliminar o time gaúcho. Trocando em miúdos: se os três mandantes vencerem seus jogos daqui até o final, o Grêmio estará eliminado. Se o contrário ocorrer (Grêmio perde do Flu, mas ganha do Huachipato), o Tricolor só não passa de fase se o Caracas aplicar uma goleada histórica, coisa de 5 a 0 para cima, sobre o Fluminense no Rio.

Em resumo: o Grêmio se classificará se não perder nenhum de seus jogos, ou se ganhar do Huachipato do Chile. Ganhar do Fluminense é útil se o time carioca não derrotar o Caracas na última rodada, mas um empate não é trágico. Trágico mesmo será perder qualquer um desses jogos, especialmente o de Talcahuano. Este sim será o mais importante do ano gremista até agora, bem mais que o da semana que vem, contra o atual campeão brasileiro.

A situação lembra a chave gremista na Libertadores de 2007, onde o equilíbrio era tão grande que os quatro times chegaram à última rodada com aproveitamento inferior a 50% e separados por apenas um ponto de distância. Naquela vez, ocorreu algo tão curioso quanto agora: os jogos da última rodada (Grêmio x Cerro Porteño, Tolima x Cucuta) eram totalmente independentes entre si. O resultado de um não afetava o classificado do outro, por mais que a chave estivesse absolutamente equilibrada. Cerro Porteño e Tolima jogavam pelo empate, mas Grêmio e Cucuta ganharam e seguiram adiante naquela ocasião.

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