Tipo Copa



Diego Forlán começou 2013 tendo boas atuações, marcando gols, exibindo mais confiança que na modesta trajetória do ano passado. Mas foi ontem, contra o Esportivo, que o uruguaio fez uma daquelas partidas que os colorados por meses sonharam, estilo Copa do Mundo 2010. Foram dois golaços, em belos chutes de fora da área, além de coordenar toda a movimentação ofensiva do time. Tudo o que ele faz pelo Uruguai e não vinha fazendo pelo Inter.

E foi realmente vital para o Colorado contar com um Forlán que desequilibra ontem no Centenário. Os chutes longos são a melhor arma para furar retrancas, às vezes a única arma. Até o golaço marcado pelo uruguaio, aos 28 minutos de jogo, o Esportivo se fechava com tanta eficiência que o Inter não tivera uma chance sequer de gol. Mal conseguia entrar na área. Luís Carlos Winck montou um ferrolho quase perfeito, tornando o jogo morno e enfadonho.

Aí há dois méritos indiscutíveis de Dunga. Além de reabilitar Forlán, o Capitão do Tetra deu ao Inter paciência, algo que o Brasil de 1994 exibia em abundância. O time não se afobou diante da retranca do Tivo. Tocava a bola com paciência, sem se afobar, sem se atirar para cima ainda no primeiro tempo. Esteve longe de jogar bem no primeiro tempo, mas a paciência impediu a afobação, o que poderia causar uma surpresa desagradável em um contragolpe, por exemplo. E tendo calma, o time soube achar um espaço que foi fatal ao Esportivo. Forlán arriscou de longe sem marcação, o que facilitou em parte seu chute perfeito. Estivesse marcado como Winck queria, dificilmente a bola teria entrado no ângulo como entrou. África do Sul e Holanda, em 2010, experimentaram deste mesmo veneno.

No segundo tempo, o time de Bento Gonçalves fez o que deveria fazer: sair para o jogo um pouco mais, sem se atirar de vez para cima. Abriu espaços, e naturalmente o Inter teria mais chances, como teve. O 2 a 0, outro golaço de fora da área de Forlán, que entortou a marcação a dribles, abriu os 25 minutos finais onde a equipe de Dunga teve uma série de chances perdidas - Fred, D'Alessandro, Josimar e o próprio Forlán perderam quatro oportunidades para ampliar o placar. Leandro Damião, por outro lado, esteve nulo. A boa fase do uruguaio contrasta com seu mau começo de ano. Se Forlán vive sua melhor fase desde que chegou, Damião vive a pior desde que subiu aos profissionais, em 2010.

O Inter está na final, que será bem mais complicada que o jogo de ontem. O São Luiz é melhor que o Esportivo e jogará em casa. Será um desafio e tanto para o Colorado. Mas em jogos difíceis, como o que promete ser o do 19 de Outubro, as individualidades podem resolver. Ontem foi exatamente assim.

Paranoia
É completamente inverossímil a Comissão de Arbitragem da FGF se reunir para determinar que Dunga será expulso. A paranoia que acomete o técnico colorado não é novidade: foi o que minou sua permanência na seleção brasileira, tanto quanto a eliminação na Copa do Mundo. O curioso é que em sua primeira final pelo Inter, e em sua terra natal (Ijuí), Dunga talvez não possa comandar o time à beira do gramado.

Clássico é clássico...
Antes dos jogos, Flamengo e Fluminense eram apontados pela maioria, e corretamente, como os favoritos a decidirem a Taça Guanabara. Mas quando se diz que em clássico não há favoritismo não é por nada. Se sábado o Vasco eliminou o Flu, ontem foi a vez do Botafogo fazer 2 a 0 no Flamengo com um gol no começo e outro no fim da partida. Na Argentina, aliás, outro clássico do fim de semana terminou com vitória do menos cotado: San Lorenzo 2 x 0 River Plate.

Retrancas
O Grêmio treinou em campo reduzido durante a semana e fez um jogo-treino no sábado contra um Cerâmica que atuou fechado. Tudo para simular a postura do Caracas amanhã, na Arena. É bom mesmo Luxemburgo fazer estes testes: em 2012, seu time teve notórias dificuldades contra equipes que se fechavam em Porto Alegre. O desempenho fora de casa era até melhor, e vem se repetindo este ano, na Libertadores. Amanhã é noite de conferir se houve evoluções. No mata-mata, mais adiante, será necessário impor o fator local.

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