Time, taça e final



Ainda é muito cedo para afirmar que o Internacional terá condições de brigar por grandes títulos em 2013, mas uma coisa é certa: já há um time no Beira-Rio. Em dois meses de trabalho, Dunga deu conjunto a uma equipe que carecia de sentido coletivo desde 2011. Com repetição de escalação e de ideias, o Inter evolui, e demonstrou isso hoje à tarde. Atuações como a do volante Josimar evidenciam isso: em um time bem formado, jogadores limitados podem ter desempenhos como o que ele teve hoje à tarde em Ijuí.

Os 5 a 0 foram cruéis com o São Luiz, mas não ocorreram só porque o Inter tem uma base montada. A goleada surgiu primordialmente da diferença técnica entre os dois times. Muito mais acostumado às decisões, o Internacional foi soberano o jogo inteiro. Talvez com o receio que é natural a quem está perto de uma grande glória (e a Taça Piratini seria o título máximo da história do clube), o São Luiz em nada lembrou o bom time de todo o primeiro turno. Seus jogadores, nervosos, se livravam da bola. Peça central do time, Marcos Paraná jogou pouquíssimo, visivelmente nervoso - às vezes até violento, o que seus companheiros, frise-se, não foram.

Se a Taça Piratini foi de Diego Forlán, sua decisão foi de Leandro Damião. Apagado em quase todo o primeiro turno, o centroavante desencantou no jogo mais importante, marcando dois gols e participando de outros dois. Quando ele fez 1 a 0, em jogada iniciada pelo surpreendente Josimar, o Inter já merecia a vitória. Gabriel marcou o segundo antes do intervalo, mas foi o terceiro, de D'Alessandro, em cruzamento de Damião, que matou de vez qualquer chance de reação.

O domingo foi tão positivo que até perspectivas de banco surgiram. É sabido que Forlán e Leandro Damião não têm reposição à altura no elenco, mas o fato de Caio e Rafael Moura, justamente seus reservas ideais, terem tramado a jogada do quinto gol, já dá um alento. Claro, a jogada foi construída diante de uma defesa totalmente desmontada, de modo que é cedo para dizer que serão substitutos confiáveis. Mas é um símbolo do momento positivo que vive o time.

O Inter cumpriu a obrigação: já que o Grêmio deixou a Taça Piratini de lado, era obrigação colorada conquistá-la. Dunga aproveitou bem o primeiro turno para dosar a utilização de titulares e reservas e dar cara ao time que está construindo. O Colorado ainda alterna entre bastante boas e más atuações. Diante do Esportivo, semana passada, foi salvo de uma atuação medíocre pela categoria de Forlán. Hoje, sobrou contra o time de melhor campanha do Gauchão até então.

Para a Taça Farroupilha, a tendência é de desempenho mais estável e evoluções táticas. O estadual pode ser parâmetro, desde que a avaliação das atuações seja feita de forma correta. Dunga tem consciência suficiente para fazê-la.

Em tempo:
- Se a capacidade do 19 de Outubro para a final era de 5,4 mil torcedores, o estádio superlotou.

- Atuação muito séria e firme de Rodrigo Moledo, um dos destaques da Taça Piratini. Juan cresce a seu lado, o que é curioso, pois se esperava justamente o contrário em 2012.

Campeonato Gaúcho 2013 - Taça Piratini - Final
10/março/2013
SÃO LUIZ 0 x INTERNACIONAL 5
Local: 19 de Outubro, Ijuí (RS)
Árbitro: Leandro Vuaden (RS)
Público: 6.036
Renda: R$ 283.590,00
Gols: Leandro Damião 31 e Gabriel 43 do 1º; D'Alessandro 11, Leandro Damião 34 e Rafael Moura 46 do 2º
Cartão amarelo: Marcel, Marcos Paraná e Fred
SÃO LUIZ: Oliveira (5), Júnior Barbosa (4), Thiago Costa (4), Marcel (4) e Elton Macaé (3,5); Chicão (3,5), Baiano (5), Adãozinho (4) (Washington, intervalo - 5) e Marcos Paraná (4) (Danilo Bahia, 30 do 2º - sem nota); Juba (4,5) (Tiago Duarte, 19 do 2º - 4,5) e Eraldo (4). Técnico: Paulo Porto (4)
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Gabriel (6,5), Rodrigo Moledo (7), Juan (6,5) e Fabrício (5,5); Ygor (5,5), Josimar (7) (Elton, 42 do 2º - sem nota), Fred (6) e D'Alessandro (6,5); Forlán (6) (Caio, 36 do 2º - 6) e Leandro Damião (8,5) (Rafael Moura, 36 do 2º - 6,5). Técnico: Dunga (8)

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