Recuerdos uruguayos

Visão geral do Estádio Centenário
Pela primeira vez tive o prazer de estar em Montevidéu, o que pode parecer incrível para um apaixonado pelo Uruguai que todos aqui sabem que sou. Comentar a emoção de estar por lá é dispensável. Foram cinco dias de um turismo futebolístico, pode-se assim dizer, incluindo visitas a estádios e acompanhar a partida da Celeste diante do Chile em um bar no centro da capital do país.

Logo que chegamos à cidade, vimos vários torcedores trajados com camisetas do Peñarol indo ao Centenário. Não fazia a mínima ideia de que haveria rodada do Campeonato Uruguaio em plena semana de Eliminatórias, mas houve. Como faltavam 20 minutos para começar a partida quando chegamos após 850 quilômetros de estrada e cansaço, não pudemos ir ao jogo. Os carboneros perderam para o Danúbio por 1 a 0. Houve protestos e um torcedor foi agredido pelo presidente do clube.

No domingo, a nossa desforra. O Nacional enfrentaria o Cerro no histórico Parque Central, e lá estivemos. Lourenço, com sua camisa do Grêmio, chamou a atenção dos uruguaios, que nos receberam muito bem. A boa relação entre Nacional e Grêmio existe de fato, e não se limita somente a Hugo de León. Encontramos um torcedor uruguaio, do Bolso, com a camisa gremista no estádio. Tudo muito amistoso, exceto pelo jogo em si. O empate em 2 a 2 com o fraco Cerro, 13º colocado do Clausura, irritou os torcedores, que invadiram o vestiário para tirar satisfação dos atletas. Clima tenso nos dois grandes.

O jogo em si foi fraquíssimo tecnicamente, mas muito disputado. O Parque Central fica num bairro residencial de Montevidéu, com ruas não muito largas, mas o acesso é tranquilo. Foram 18 mil pessoas ao jogo, sem engarrafamentos ou filas (aliás, engarrafamento é palavra que não se conhece em Montevidéu). O estádio por dentro está bem cuidado, mas assusta o fato de uma cancha tão pequena e modesta ser, em tese, a segunda melhor do país.

No dia seguinte, foi a vez de ir ao Centenário. O arrepio ao adentrar o gigante foi inevitável, mas entristece ver um estádio tão cheio de história num estado de conservação tão deplorável. Já eram passados dois dias do jogo do Peñarol e tudo estava ainda muito sujo. As cadeiras mais baixas, de pedra, são extremamente desonfortáveis. Quem fica na primeira fileira delas não enxerga nada do campo. De todo modo, é um estádio impressionante, riquíssimo em história e que conta com um museu imperdível para quem gosta de futebol - e não só futebol uruguaio.
Cadeiras de pedra no Centenário: visão ruim do campo de jogo

Quanto à Celeste, a situação se agrava. Em uma longa entrevista à VTV, uma das maiores redes de televisão do país, Oscar Tabarez, após o jogo, apresentava um ar de desânimo e desesperança, sem parecer saber direito o que está acontecendo. Contra o Chile, faltou organização e, acima de tudo, um homem que coordenasse as ações ofensivas do time em campo. Forlán não pode ser reserva. Lodeiro fez boa partida contra o Paraguai em parte porque não era o único articulador no meio-campo. Sendo o único, o time sofre demais.

Depois de muito fútbol e parrilladas, chega a hora de voltarmos ao trabalho por aqui. E de alma lavada, pois passar uma pequena temporada no Uruguai é como costuma dizer a torcida do Nacional: un sentimimento inexplicable.

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