O primeiro show da Arena



Se o Grêmio devia ainda uma grande atuação na Arena, agora não deve mais. O placar de 4 a 1 contra o Caracas, apesar de importantíssimo, foi o menos chamativo na noite de ontem. Mais uma vez, a exemplo de duas semanas atrás, a equipe de Vanderlei Luxemburgo empolgou a todos com um futebol envolvente, de altíssima qualidade técnica, muita compactação e um entrosamento impressionante para quem joga junto há tão pouco tempo. A partida no Rio de Janeiro, incrivelmente, não foi um fato isolado.

Escrevi ontem mesmo que dificilmente o Grêmio repetiria o brilhante desempenho da goleada sobre o Fluminense por imaginar que o Caracas, fechadinho, forçaria um jogo de paciência. Mas Luxa aproveitou muito bem as duas semanas exclusivas para treinamentos: seu time atuou exatamente como se deve fazer contra rivais que vêm na defensiva. Foram toques rápidos, tabelas e, principalmente, uma marcação muito forte e adiantada. O Grêmio finalmente exerceu o fator local na Arena, ajudado por uma torcida bem mais entusiasmada que nos jogos anteriores. É claro que o gol cedo, a 16 minutos, ajudou bastante, mas foram nada menos que 12 chances de gol nos 45 minutos iniciais. 2 a 0 foi pouco.

A primeira etapa foi de Elano. Por ele passou a criação de nada menos que nove chances reais de gol do time gaúcho, inclusive o 1 a 0, de Barcos. O argentino novamente fez uma grande partida, mas o que mais chamou a atenção no primeiro tempo foi a parceria entre Elano e Vargas. Liso, habilidoso e inteligente, o chileno enlouqueceu a defesa do Caracas. A maior injustiça da noite é nenhum dos dois ter feito gol. Zé Roberto, por sua vez, foi mais discreto - não que estivesse mal, mas o jogo fluía muito pela direita de ataque gremista, lado oposto ao do camisa 10. Mesmo assim, o gol de Werley, que também participou do primeiro tento, foi assistência sua.

O segundo tempo iniciou com o terceiro gol gremista, um golaço de Zé Roberto em passe maravilhoso de Barcos, tão bom fora da área quanto dentro dela. Aí houve um relaxamento, o gol venezuelano e alguma instabilidade. Cabezas perdeu de frente para Dida, mas foi o único susto: o Grêmio seguia bem melhor. Tanto que teve quatro chances, sem forçar o ritmo, até marcar o 4 a 1 definitivo.

Luxemburgo tem toda a razão ao afirmar que não adianta nada ganhar jogos agora se o time não der a resposta mais adiante. No entanto, o futebol apresentado pelo Grêmio nos dois últimos jogos, os únicos feitos pelo time considerado ideal até agora, é avassalador. Trata-se de uma equipe que já deu liga, embora estejamos no começo de março. Um time que marca forte, joga um futebol moderno e conta com jogadores muito acima da média. Como o conjunto ainda está começando a se entrosar, a tendência aponta para um crescimento no padrão tático da equipe. Se já está difícil de parar agora, a tendência, com o tempo, é só melhorar. Até agora, na Libertadores, somente o Atlético Mineiro tem atuado em nível semelhante.

Real Madrid, de virada
José Mourinho e Alex Ferguson têm uma relação marcada por um respeito imenso e recíproco. Ao final da vitória de virada que garantiu o Real Madrid nas quartas de final da Liga dos Campeões, o português foi elegante: disse que seu time passou, mas quem mereceu ganhar foi a equipe inglesa, que jogou em Old Trafford.

Talvez seja só elegância por parte de Mourinho. O Real Madrid teve mais posse de bola, até por ter precisado do resultado por mais tempo, mas o jogo foi extremamente equilibrado. O Manchester abriu o placar no começo do segundo tempo, gol contra de Sérgio Ramos, mas a injusta expulsão de Nani, aos 10 minutos, mudou o jogo. Tirou do time da casa o contragolpe e trouxe os madrilenhos para dentro de sua área de uma vez por todas.

Mourinho colocou Modric, e brilhou sua estrela. O croata teve ótima participação, marcou um golaço de fora da área e iniciou a reação, que terminaria num gol de puro oportunismo de Cristiano Ronaldo. O Real Madrid está nas quartas de final por ter melhores jogadores, um técnico inteligente e por uma ajuda da arbitragem, sim. Mas, na soma dos 180 minutos, jogou mais que o Manchester United. Difícil falar em injustiça.

Libertadores
Importantíssima a vitória da Universidad de Chile sobre o Newell's, em Rosário, por 2 a 1. O time chileno fez uma ótima partida e mostrou uma força que muitos imaginavam estar perdida. Mas ainda está longe de ser o timaço candidato ao título de tempos recentes.

Hoje, pelo grupo gremista, jogam Fluminense e Huachipato, no Rio. O pior resultado seria uma vitória chilena. Derrota do Huachipato significaria praticamente sua eliminação. Por outro lado, um triunfo carioca dificultaria a luta do Grêmio para ser líder de seu grupo. Um empate sim, cairia como uma luva.

Comentários

Chico disse…
A Máquina Tricolor patrolou o caracas
Chico disse…
Doblete do interminável Zé Roberto
Chico disse…
Somente o Tricolor pra acabar com a maldição caseira