Gre-Nal da paz
O Gre-Nal de Erechim normalmente recebe a alcunha de Gre-Nal da Paz por conta do clima amigável, da boa convivência entre os torcedores, do Colosso da Lagoa dividido ao meio entre azul e vermelho. Ontem, este apelido ganhou mais um sentido. Todos, de certa forma, saem deste indesejado clássico em pleno fevereiro em paz, com uma ponta de alívio - tanto os vencedores como os perdedores.
Ao Inter, não vencer o clássico seria turbulência na certa. E o feito colorado de ontem pode não ter um significado tão grande assim para os rumos de sua temporada, mas não é tão corriqueiro assim. Nos últimos 20 anos, a regra é o time que joga o Gre-Nal com os reservas não perder o clássico. E o Colorado quebrou essa escrita de favoritismos frustrados (algo que o Grêmio não conseguiu em 2012). A equipe de Dunga quase se complicou no segundo tempo, mas segurou os importantes 2 a 1.
Já para o Grêmio, o negócio era não ser goleado. Os três volantes escalados por Roger demonstravam claramente a intenção gremista para o jogo no Colosso da Lagoa. Chegou a dar pinta de que um desastre como o de Ijuí poderia acontecer após o bom inicio de segundo tempo do Inter e o 2 a 0 cedo, mas o gol de Fernando pouco depois recolocou o Tricolor no jogo, e a equipe se portou bem, encarando os titulares do rival e tendo chances de empatar a partida. Não teria sido injusto se conseguisse.
Mas, apesar de indesejado pelos dois lados e de desvalorizado pelo Grêmio, o Gre-Nal foi até bom. O Inter teve o controle do jogo no primeiro tempo, adotando uma postura naturalmente mais agressiva. Mas o time de Roger teve algumas chances, a mais linda em chute de Léo Gago que Muriel tirou da gaveta. Era um jogo de alternância de domínios, com o time vermelho um pouco melhor por ter jogadores melhores. Forlán, de atuação apenas razoável, teve bons e maus momentos - longe do Forlán da Copa, como alguns se apressam em dizer. Mas o gol foi muito bem feito, em boa jogada de D'Alessandro que ele concluiu cruzado, vencendo Busatto. Rondinelly teve chance parecida no segundo tempo e jogou a bola na Avenida Sete de Setembro. Eis a diferença de qualidade que falávamos.
O momento mais tenso para o Grêmio no clássico foi o início do segundo tempo. O Inter começou a fim de definir a partida e fez 2 a 0 em ótima troca de passes que terminou com Damião apanhando rebote na pequena área, como oportunista que é. Parecia o caminho para a goleada, mas o golaço de Fernando, também um frango de Muriel, reabriu o jogo. O Inter sentiu o gol, só voltou a atacar nos minutos finais. Mas nada que preocupe, é natural em começo de temporada. Faltou ao Grêmio qualidade para buscar o empate.
É cedo para qualquer análise, mas Dunga parece orientar o time a não rifar a bola. O Internacional 2013, e já havia sido assim contra o Novo Hamburgo, é um time paciente, que troca muitos passes, valoriza a posse. Mas não tem nada de Barcelona, a óbvia e quase sempre equivocada comparação: é muito mais o jogo do Brasil de 1994, um time cadenciado, eficiente e persistente, do qual Dunga era um expoente. O desempenho de hoje foi de razoável para bom, mas os reservas gremistas não servem muito de parâmetro. Duvido, por exemplo, que o esquema com apenas um volante teria sido usado contra o time principal do Grêmio. Assim como em Gravataí, não vi Fred tão bem assim como dizem. Ele perde muito da espontaneidade jogando recuado. Mas vale o teste, e o Gauchão é sempre uma boa oportunidade para experiências.
O Grêmio teve uma atuação digna, fez um segundo tempo coletivamente bom e também cumpriu seu objetivo mínimo, que era perder de pouco. Mas há duas notas negativas: a primeira é a falta de destaques do time reserva. O melhor gremista (e melhor jogador em campo), disparado, foi Fernando, titularíssimo. Ele sobrou em relação aos companheiros. Tony foi fraco, Alex Telles tímido, Jean Deretti se atirou demais, Leandro e Willian José não deram a resposta esperada. Não quer dizer que eles não possam compor grupo, mas é ruim não ver nenhum dos reservas imediatos se destacar e dar uma dor de cabeça "boa" para Luxemburgo.
A outra nota negativa é a tabela: o Gauchão é prioridade Z no Grêmio, e há razões para isso, mas ficar de fora dos mata-matas ainda assim é um constrangimento. O time precisa começar a vencer no estadual, e a primeira parada para a recuperação é complicada: o líder São José, quarta, no Olímpico. O desafio é conseguir essa reversão sem mexer no planejamento para a Libertadores.
Deu Neymar
No duelo contra o amigo Ganso, Neymar levou a melhor. O Santos estar fora da Libertadores é uma boa notícia para os times brasileiros que a disputam. Venceu o bom time do São Paulo com sobras, 3 a 1, e ninguém discute que o Peixe é mesmo mais time no momento. Destaque para Miralles (!), autor de dois gols. O Peixe lidera o Paulistão, do qual é favoritíssimo ao tetra. No Pacaembu, o Corinthians meteu 5 a 0 no Oeste, com Pato estreando e marcando o último da goleada. Ah, o Palmeiras quase perdeu de novo: 3 a 3 com o XV de Piracicaba, com empate conquistado nos descontos.
Reabertura
Na volta ao Mineirão, uma ótima notícia para a torcida do Cruzeiro: o time, que causa tanta desconfiança desde que perdeu para o Once Caldas na Libertadores de 2011, começou o ano vencendo o rival, atual vice-campeão brasileiro, com equipe titular. Dagoberto, estreante da tarde, fez o gol da vitória por 2 a 1. E Diego Souza ainda não estreou. Um começo animador.
Em branco
Se Gilberto Silva reestreou no Galo em um clássico contra o Cruzeiro, Alex fez seu primeiro clássico em sua volta ao Coritiba. Na Vila Capanema, o placar contra o Paraná foi de 0 a 0.
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