A velha inimiga da perfeição

Em um continente sério, a Arena do Grêmio seria interditada pela Conmebol até que fosse completamente inspecionada. Mas isso dificilmente ocorrerá. O clube tomou a providência mínima: fechou o setor onde ocorreu o incidente na partida contra a LDU por tempo indeterminado, até que técnicos na área de engenharia e segurança inspecionem o local e deem o veredicto sobre as possibilidades de o setor receber a avalanche ou se o melhor é mesmo encher o lugar de cadeiras e acabar com a já tradicional comemoração da geral gremista. Mesmo assim, quem não garante que em outros setores a segurança também não é frágil? Custa uma nova inspeção, para garantir a segurança de quem vai ao estádio e evitar uma tragédia? Será que mesmo os setores que só têm cadeiras não precisam ter a segurança revisada?

O mesmo vale para o Mineirão, ainda que por motivos diferentes. Na verdade, não ocorreu nenhum incidente que pusesse em risco as pessoas que foram ao clássico do último domingo, mas o estádio se mostrou bem menos pronto que a Arena do Grêmio para receber jogos. Se a Arena teve problemas com seus banheiros e bares no primeiro jogo, no Mineirão eles sequer funcionaram; torcedores pagaram e ficaram de fora; faltou sinalização para que torcedores e até jornalistas pudessem descobrir seus lugares; faltou luz, faltou água, faltou respeito. Até coisas banais, como escrever errado o nome do Cruzeiro no ingresso, ocorreram. Sobrou pressa em inaugurar um estádio que, simplesmente, ainda não está pronto para receber tanta gente. Isso sem falar na feiura: o Mineirão continua com cara de antigo para quem o vê por fora. Felizmente não houve nada que pusesse em risco a segurança das torcidas, mas ninguém pode garantir que, diante de tantos problemas em outras áreas, não foi, simplesmente, um golpe de sorte.

O que assusta, no caso do estádio de Belo Horizonte, é o fato de ele ser sede da Copa das Confederações, que ocorrerá daqui a quatro meses. Em um comparativo com a Arena do Grêmio, as perspectivas de ele estar prontinho até junho é desanimadora: o Tricolor inaugurou seu estádio há dois meses, com bem menor quantidade de problemas que o da capital mineira, e ainda busca solucioná-los de forma definitiva. Levará um tempo, talvez mais alguns meses, até que tudo fique perfeito (excetuando o acesso a ele, que certamente não estará em condições). No Mineirão, os problemas foram ainda maiores, ou no mínimo em maior quantidade que na Arena. Será que a FIFA não enxergou isso? Afinal, sempre foi o estádio mais elogiado a cada inspeção realizada. Estarão as outras canchas em condições ainda piores que o Mineirão?

Tanto a Arena como o Mineirão receberam estreias com casa cheia. É normal que alguns problemas ocorram. Em Porto Alegre, apesar da gravidade do incidente em Grêmio x LDU, os gremistas parecem encarar os transtornos com paciência. Tirando este episódio, de fato, os problemas parecem passageiros: a dificuldade no acesso tende a diminuir, o gramado já está bem melhor que na inauguração, os banheiros já funcionam muito bem. Em Minas, no entanto, sobram reclamações veementes, pois absolutamente nada parece ter funcionado direito, desde a compra de ingressos pela internet até a saída do estádio. Custava realizar este clássico mais adiante, talvez daqui a algumas semanas?

Marquinho
Grêmio volta à carga sobre o meia da Roma. O recuo estratégico faz parte do modelo de negociação de Fábio Koff e Rui Costa. Foi assim com Pará, Souza e Vargas. Era mesmo necessário: o Grêmio precisa de um jogador como Marquinho, que é um ótimo reserva para a articulação, mas o salário pedido por ele é fora da realidade. Seria equiparável ao de Kleber, que já é alto demais. E Marquinho, por mais que tenha qualidade, não joga tanto para merecer vencimento tão alto.

Falta, além de um bom reserva para a meia, um lateral esquerdo para a titularidade. Não que Alex Telles seja fraco, mas não pode ser a única opção disponível, e é isso o que acontece hoje, com Anderson Pico dispensado e Fábio Aurélio acumulando lesões. Com um meia, um lateral esquerdo e uma opção a mais na zaga, o Grêmio fecha um elenco forte, capaz de disputar o título da Libertadores.

Comentários

Anônimo disse…
Qual a caracteristica desse Marquinhos, o Gremio precisa de um meia jovem, veloz e que saiba marcar, é essa a caracteristica do Marquinhos? se não for estão acumulando jogadores iguais.
E se ele for bom pode tirar a titularidade ou de Zé roberto ou Elano que não estão jogando grande coisa, ou então recuar o elano pra volante se esse melhorar fisicamente.
Vicente Fonseca disse…
O Marquinho tem estas características. Não é um guri (26 anos), mas ajuda a recomposição do meio e tem boa chegada para conclusão. É um bom jogador, mas está atrás do nível de Elano e Zé Roberto. Eles realmente não fizeram grandes partidas ainda neste ano, mas provavelmente por que ainda é começo de temporada. Mesmo assim, Elano já decidiu um jogo importante.