Dois laterais, nenhum lateral

O Internacional apresentou ontem a contratação de dois laterais direitos. Gabriel e Hélder vêm para suprir uma carência que o clube expõe há algum tempo. Em três anos de Beira-Rio, Nei quase sempre foi o titular que mais deixou a desejar tecnicamente. Na campanha da Libertadores de 2010, estava claramente abaixo do nível do restante do time. Gabriel é tecnicamente bem superior. Hélder vem de uma boa experiência no futebol francês e está pronto para ser uma opção interessante. De uma vez só, vieram o titular e o reserva da temporada.

O curioso é que domingo, na estreia do time titular, contra o Caxias, Dunga terá que improvisar na posição, a menos que pince alguém do time B. Jackson sofreu séria lesão nos ligamentos do joelho, e deve ficar fora por um bom tempo. Como nem Gabriel e nem Hélder devem ter condições físicas para a partida no Estádio Centenário, parte-se para o improviso. O volante Elton parece ser o jogador mais acostumado a realizar a tarefa.

Em relação às declarações de Gabriel em sua coletiva, elas só não são surpreendentes. De cara, ele expõe sua principal fragilidade: a falta de comprometimento e, principalmente, de profissionalismo. Já amplamente demonstrada nos tempos de Grêmio, e não apenas naquela comemoração imitando Kidiaba, ao lado de Carlos Alberto, mas em toda a sua postura nestes dois anos e meio de Olímpico.

Ser profissional não é fingir que ama o clube e entrar numa flauta contra o rival, mas é respeitá-lo quando dele se transfere, ainda mais quando este lhe pagou em dia, apesar dos péssimos desempenhos dentro de campo. É, também, não entrar em polêmicas públicas contra os treinadores, mas buscar a titularidade de forma leal, lutando para ter um melhor desempenho em jogos e treinamentos. Gabriel teve problemas com dois técnicos diferentes em menos de seis meses. Fica difícil se fazer de coitadinho assim.

A entrevista inicial já dá conta do grande acerto que foi o Internacional ter firmado um contrato curto com um jogador tecnicamente muito bom, mas tão pouco profissional que parece enjoar dos clubes que lhe contratam rapidamente. Dunga é capaz de extrair dele seu melhor futebol. Mas é o próprio Gabriel que precisa se ajudar - jogando mais e falando menos, bem menos.

Equilíbrio
Tenho visto pouco a Copa Africana de Nações. Quero e preciso ver mais, embora a competição perca em brilho sem equipes como Camarões e Egito. Os primeiros três dias de enfrentamentos expõem um equilíbrio quase que absoluto entre as equipes que entraram em campo. Foram pouquíssimos gols (só 9, em 6 jogos) e muitas pequenas zebras.

A primeira veio no sábado, quando o pequeno Cabo Verde segurou a anfitriã África do Sul em pleno Soccer City, num empate em 0 a 0. A seguir, a República do Congo, um dos piores times da competição, segurou a favorita Gana num 2 a 2 interessante. Ontem, duas surpresas: a Etiópia empatou com a atual campeã Zâmbia em 1 a 1, tendo um jogador a menos. Vale lembrar que os zambianos não sofreram nenhum gol nos seis jogos da campanha vitoriosa do ano passado. Posteriormente, Burkina Faso arrancou um empate pelo mesmo placar com a Nigéria, aos 48 do segundo tempo.

Hoje, os dois jogos prometem. A Costa do Marfim é favorita (e, por isso, precisa se cuidar) contra Togo, enquanto Tunísia e Argélia devem fazer um clássico equilibrado.

Adaptado
É o preparador físico Antônio Mello que garante: o Grêmio já está 100% adaptado à altitude de Quito, o que é um problemaço a menos para a decisão de amanhã, contra a LDU. A conferir.

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