R$ 108.000.000,00

Este título cheio de zeros é o valor que o Paris Saint-Germain irá pagar ao São Paulo para ter Lucas. Não se trata apenas da maior venda da história do futebol brasileiro em valores absolutos, mas possivelmente em relativos também. Denílson e seus 33 milhões de dólares gastos pelo Betis (também comprando do São Paulo), em 1997, e os 18 milhões de dólares gastos pela Roma para tirar Fábio Júnior do Cruzeiro não chegam nem perto.

Não é implicância com Lucas. Trata-se de um jogador com potencial altíssimo, um dos maiores talentos da atual geração, mas que ainda precisa evoluir muito. Embora dê pinta de que pode ser craque, não é um jogador afirmado como Neymar, por exemplo, até por não ter a mesma excelência do santista. Lucas é uma realidade para o futebol brasileiro, mas também ainda é uma aposta para ser solução em nível mundial. Ninguém sabe onde vai chegar, ou se vai chegar. Para quem acha que estou minimizando suas possibilidades, lembrem do já citado Denílson. Saiu daqui há 15 anos com cartaz bem maior - e com a certeza de 95% dos entendedores de que seria um supercraque no futuro. Deu no que deu.

O Paris Saint-Germain, com esta transferência, diz à Europa toda que quer ser uma potência continental nos próximos anos. Mas gastar R$ 108 milhões, ou 43 milhões de euros, é uma loucura. Lucas ainda é jovem, tem poder de revenda, mas dificilmente sairá da França por um preço parecido com o que o PSG está pagando. Resta dar ao garoto, que completa 20 anos na próxima segunda-feira, condições para que ele justifique o investimento em campo. Muitos clubes europeus se esquecem disso: pagam fortunas para ter um jogador de outro continente e não se preocupam com sua adaptação, jogando milhões pela janela para economizar ninharias.

O São Paulo, como há 15 anos, faz um negócio absolutamente extraordinário. Vendeu seu atleta no momento exato de sua valorização, em meio a uma Olimpíada onde ele já é no mínimo medalha de prata - sem correr o risco de uma desvalorização em caso de derrota na final. É certo que não levará os R$ 108 milhões para seus cofres: serão "apenas" R$ 76 milhões. O suficiente para pagar contas, buscar outros jogadores de alto nível para repor a perda e ainda investir nas categorias de base, para formar novos Denílsons e Lucas no futuro. E é preciso dar o braço a torcer: achei loucura são-paulina recusar os R$ 90 milhões oferecidos pelo Manchester United há duas semanas. Não custou esperar mais um pouco.


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