Jogo marcado = jogo não jogado
Odone reclamou, no intervalo, que o Grêmio perdeu o fator local, justamente em uma competição onde atuar em casa representa muito. De fato, o aguaceiro equilibrou as chances de cada time no Olímpico, mas o fato é que o Grêmio parece ter feito questão de deixar claro ao Coritiba quem é que era o mandante do jogo. O time gaúcho teve sempre mais iniciativa, foi mais agressivo, desdobrou-se nas divididas, tentou exercer a pressão do jeito que dava e mereceu a vitória.
Luxemburgo cometeu um erro de escalação, corrigido no intervalo. Era partida para Léo Gago, não para Marco Antônio. Em um jogo onde a bola pouco podia rolar e os contatos físicos seriam intensos, valia mais colocar um jogador com características de marcação que outro de toque - ao menos que este fosse genial, e não era o caso. Gago, além disso, tem a qualidade na bola parada e nos chutes de média e longa distância, essenciais ferramentas para marcar gols em campos inundados.
O Coritiba poupou mais gente que o previsto e apostou no empate, mas cometeu um erro que foi fatal: não tinha centroavante. Sem referência, os zagueiros do Grêmio levaram vantagem quase sempre. Não era jogo para contra-ataque e velocidade, características de Everton Costa e Roberto, mas para disputas de corpo pelo alto. Uma das únicas chegadas em velocidade do Coxa foi do lateral Ayrton, após furada de Fernando. A água freou o contra-golpe, ainda que houvesse tempo para uma tentativa de encobrir Marcelo Grohe. Só no segundo tempo a equipe tentou chutes de longe - Gil foi o melhor neste aspecto.
Mesmo sem ser jogo para ele, Elano foi novamente um dos melhores em campo. Apareceu no ataque nos momentos certos, participou intensamente das custosas tentativas de criação e até teimou em tabelar e fazer filas, cavando faltas próximas à área. Kleber também teve sua importância, embora longe do brilho que se espera: mesmo marcado pelo árbitro, usou bem o corpo e incomodou muito a zaga do Coxa. Souza, com muita raça, vitalidade e força física, é outro que merece elogios.
O Grêmio não conseguiu matar o confronto como desejava, mas dentro das circunstâncias o resultado é excelente. Conseguiu uma vitória sem sofrer gols, e somente perder por dois gols de diferença no Couto Pereira o eliminará da Copa Sul-Americana. Merece elogios a comissão técnica: avaliou corretamente a importância desta competição e escalou o que era possível, mesmo num campo inóspito e propenso a lesões. A primeira fase, insisto, é bem mais complicada que a segunda, pois o Coxa é mais time que todos os outros estrangeiros que podem cruzar o caminho gremista nas oitavas.
Em tempo:
- Segundo gol seguido de André Lima. Depender dele pode ser um problema, mas é no mínimo um bom reserva. E jogador talhado para este tipo de partida, de alto contato físico.
- Goleiro Vanderlei foi o maior destaque do Coritiba, com ótimas defesas, que salvaram a equipe de perder por diferença maior. Bom arqueiro, aliás.
Copa Sul-Americana 2012 - Primeira Fase - Jogo de ida
31/julho/2012
GRÊMIO 1 x CORITIBA 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Ricardo Marques Ribeiro (BRA)
Público: 6.740
Renda: R$ 80.396,00
Gol: André Lima 26 do 2º
Cartão amarelo: Pará, Démerson e Roberto
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Edilson (5,5), Werley (6), Gilberto Silva (6,5) e Pará (5,5); Fernando (5,5) (Vilson, 22 do 2º - 5,5), Souza (6,5), Elano (6,5) (Marquinhos, 31 do 2º - sem nota) e Marco Antônio (5) (Léo Gago, intervalo - 6); Kleber (5,5) e André Lima (6,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
CORITIBA: Vanderlei (7), Ayrton (5,5), Démerson (5), Émerson (5,5) (Rafael Bonfim, 21 do 2º - 5) e Lucas Mendes (5,5); Júnior Urso (5,5), Chico (5), Gil (5,5) e Éverton Ribeiro (4,5) (Willian, 16 do 2º - 5); Éverton Costa (4) e Roberto (4,5) (Leonardo, 16 do 2º - 5,5). Técnico: Marcelo Oliveira
Comentários
Por exemplo, se não fosse o inchaço político dos Estaduais (qual outra razão para que os mesmos se arrastem até maio?), dava para deixar datas para adiamentos por chuva, datas Fifa, Olimpíadas.