Preparando o terreno

Irregularidades à parte, a campanha do Internacional no Campeonato Brasileiro é muito boa. Manter um aproveitamento de 61,1%, suficiente para deixar o time no mínimo próximo da zona da Libertadores, com uma série de desfalques, é quase uma façanha. Claro: Fernandão teve sua tarefa facilitada em pegar duas das piores equipes da competição em sequência. Mas o fato é que seu time superou as perdas, venceu ambos os compromissos e se juntou ao pelotão de frente, que parecia desgarrar. Quando Damião e companhia retornarem, não precisarão fazer uma campanha de recuperação, mas apenas dar ao time o salto que ele precisa para brigar entre os primeiros colocados.

Ontem, a vitória foi de uma equipe madura, até por já não ter tantos jovens em campo. O Inter começou sendo dominado pelo ofensivo Figueirense de Hélio dos Anjos, mas aproveitou os espaços que o time catarinenses deu para contra-atacar e, deste modo, fazer o gol da vitória. Uma boa jogada de Fred, o melhor dos guris que o Colorado tem posto em campo nas últimas rodadas.

A partir do gol sofrido, o Figueira se perdeu completamente. A boa movimentação de Caio, Pittoni e Júlio César no começo envolvia o Inter. Depois disso, o paraguaio errou praticamente tudo o que tentou. Júlio César, marcado pela torcida, também rendeu abaixo do que pode. Caio se movimentava muito, mas era bem controlado. Um dos poucos que ia bem era o lateral esquerdo Guilherme Santos, bom jogador, de chegada fácil à linha de fundo e cruzamentos venenosos. Mas Loco Abreu era vigiado de perto por dois zagueiros - os veteranos Bolívar e Índio, que ontem foram bem. Aliás, a titularidade de Rodrigo Moledo, pelo jeito...

No segundo tempo, o Internacional teve um começo arrasador e poderia ter definido o jogo, não fosse a falta de qualidade de Jajá - que não é atacante, mas foi escalado como tal. Falta grupo ao Inter em termos ofensivos, mas mesmo assim Maurides teria sido melhor opção naquela função. O Figueirense se reassentou depois do início complicado, mas raramente levou perigo. Virou o jogo de um time necessitado, mas sem criatividade, contra um time satisfeito com a vitória mínima, que sabia que não seria vazado.

Com 22 pontos, o Inter se mantém na linha de frente mesmo sem vários jogadores. Forlán deve começar sábado, quando apenas três titulares não jogarão: Kleber, Dátolo (que talvez até seja reserva com a entrada do uruguaio) e Leandro Damião. Um time mais perto do ideal, que começa a encorpar. Mas o teste é o Vasco, líder do campeonato ao menos até hoje à noite. O Inter, assim como o Grêmio, já enfrentou vários clássicos nacionais, mas tem uma sequência dura - pega depois o Palmeiras. Ainda é cedo para cobrar desempenho, mas Fernandão já terá, enfim, alguns reais e duríssimos desafios nos próximos dias.

Já o Figueirense, ainda aposto, vai sair desta situação terrível em que se encontra. Não tem time para ser lanterna do Campeonato Brasileiro. Túlio, Caio, Júlio César, Loco Abreu, são todos nomes que podem fazer campanha melhor. Hélio dos Anjos é especialista em tirar times do buraco. Mas o momento é verdadeiramente terrível. Em um campeonato com 12 rodadas, são 11 jogos em jejum.

Em tempo:
- D'Alessandro foi bem ao não reagir às provocações catarinenses. Fernandão, jogador de Hélio dos Anjos no Goiás em início de carreira, garante que foi orientação do técnico tentar mexer com os brios do irritadiço argentino.

- Inter não vencia o Figueira em Florianópolis desde 2005.

Campeonato Brasileiro 2012 - 12ª rodada
25/julho/2012
FIGUEIRENSE 0 x INTERNACIONAL 1
Local: Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Árbitro: Elmo Alves Resende Cunha (GO)
Público: 9.279
Renda: R$ 188.030,00
Gol: Dagoberto 24 do 1º
Cartão amarelo: Túlio, Caio, Júlio César, Edson Ratinho e Fabrício
FIGUEIRENSE: Ricardo (7), Doriva (4), Canuto (4,5), Anderson Conceição (5) e Guilherme Santos (6); Jackson (4,5), Túlio (5,5) (Coutinho, 26 do 2º - 4,5) e Pittoni (4) (Almir, 27 do 2º - 5); Caio (5,5), Loco Abreu (5,5) e Júlio César (5) (Roni, 13 do 2º - 5,5). Técnico: Hélio dos Anjos
INTERNACIONAL: Muriel (6), Edson Ratinho (5) (Bolatti, 43 do 2º - sem nota), Bolívar (6), Índio (5,5) e Fabrício (5,5); Ygor (5,5), Elton (5,5), Fred (6) e D'Alessandro (6); Dagoberto (6) (Marcos Aurélio, 22 do 2º - 5) e Jajá (4,5) (Maurides, 36 do 2º - sem nota). Técnico: Fernandão


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