Encorpando

O placar foi o mesmo de Belo Horizonte: 3 a 1. Mas as circunstâncias foram bem diferentes: o Grêmio entrou como favorito diante de um adversário que formou um forte sistema defensivo, algo incomum em se tratando de uma equipe treinada por Vagner Mancini. E houve uma desvantagem, uma situação adversa, diante de um Olímpico que já se mostrava impaciente. Foi um 3 a 1 difícil, com cara de 1 a 0, e não com cara de 3 a 0, como no Independência.

Mas o fato é que o Grêmio passou bem por um teste difícil. O Sport impôs dificuldades. Mostrou ter evoluído desde a última vez o que vi, quando foi triturado pelo Inter na Ilha do Retiro. O time de Vanderlei Luxemburgo simplesmente não conseguia entrar na área no primeiro tempo. Havia chances, mas de fora da área ou bolas paradas: Elano bateu falta na trave e chutou de longe, Fernando também. Só Kleber conseguiu entrar na área, mas parou em Magrão.

O Sport só foi chutar a gol pela primeira vez aos 35, em falta batida por Marquinhos no ângulo, salvada por Marcelo Grohe. Outro ex-colorado, Gilberto, perdeu na cara do gol a chance aos 36. Aos 38, Felipe Azevedo fez 1 a 0 em cruzamento perfeito de Reinaldo. Em três minutos furiosos, o Sport conseguiu o Grêmio martelava e não alcançava. Muita objetividade.

O segundo tempo continuou parecido. A troca de Luxemburgo foi boa: Fernando vinha fazendo seu pior jogo no ano, errando passes e se afobando nas conclusões. Leandro era uma alternativa para, na jogada individual, furar o bloqueio pernambucano. Mas não foi pela troca que surgiu o empate, e sim por esta ideia de investir na vitória pessoal, que Luxa prega há meses, e finalmente tem os jogadores para isso: Elano desequilibrou, partiu para cima da marcação, serviu Kleber, que chutou para rebote de Magrão. Moreno empatou.

Abriu-se a porteira. Com mais confiança e movimentação, o jogo do Grêmio encaixou. Leandro fez o segundo em circunstâncias parecidas: rebote de Magrão em defesa de conclusão de Kleber - uma defesaça, diga-se, em ótimo cruzamento de Tony. Depois veio o terceiro, o mais bonito de todos. Coletivo, toco y me voy clássico. De encher os olhos e criar esperanças.

O Grêmio inegavelmente é outro desde que Elano chegou. Todos cresceram: Zé Roberto, Tony, Kleber e Marcelo Moreno são os mais óbvios, mas a mecânica do meio-campo gremista é outra. O Tricolor agora tem fluidez na meia-cancha. A bola gira com mais velocidade, com mais astúcia. Há mais alternativas. Elano não joga tanto quanto faz o time jogar. Por isso sua entrada é tão importante. Faltava um meio-campista que fizesse o resto do time jogar, papel que Tcheco e Douglas, dentro de suas características, exerceram em um passado recente. Com a diferença de ser um jogador de seleção, e com outro deste nível ao seu lado na criação.

Além de Elano, destaque óbvio para Leandro, que não fazia gols há 11 meses, e Kleber, que participou dos três gols do Grêmio e participou de diversas jogadas perigosas no ataque. No Sport, boas atuações de Magrão, Felipe Azevedo, Edcarlos (!) e Bruno Aguiar, que protagonizou um duelo equilibrado com Marcelo Moreno. É um time experiente, com alguns jogadores de bom nível (Marquinhos, Cicinho, Felipe Menezes, Hugo). Tem plenas condições de se manter na elite do futebol brasileiro, primeiro objetivo de toda equipe que recém subiu de divisão.

Em tempo:
- Sport perdeu sua última chance de vencer no Olímpico. Nunca conseguiu. Nem mais conseguirá.

Campeonato Brasileiro 2012 - 10ª rodada
18/julho/2012
GRÊMIO 3 x SPORT 1
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA)
Público: 18.334
Renda: R$ 292.788,00
Gols: Felipe Azevedo 38 do 1º; Marcelo Moreno 18 e Leandro 28 e 34 do 2º
Cartão amarelo: Kleber, Moacir e Edcarlos
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Tony (6,5), Vilson (5,5), Gilberto Silva (5,5) e Pará (5,5); Fernando (4,5) (Leandro, 14 do 2º - 7), Souza (6), Elano (7,5) (Marquinhos, 37 do 2º - sem nota) e Zé Roberto (6); Kleber (7,5) e Marcelo Moreno (6,5) (Léo Gago, 31 do 2º - 6). Técnico: Vanderlei Luxemburgo
SPORT: Magrão (7), Moacir (5,5), Bruno Aguiar (6), Edcarlos (6) e Reinaldo (6); Tobi (5,5), Renan (5,5) (Felipe Menezes, 21 do 2º - 5), Rithely (5,5) e Marquinhos (6) (Gilsinho, 31 do 2º - 5); Felipe Azevedo (6,5) e Gilberto (4,5). Técnico: Vagner Mancini


Comentários

arbo disse…
teve aquele grêmio x sport do golaço do tinga. lembrei agora.

boa resenha. faltam agora alguns reforços pro banco pelo menos.
Vicente Fonseca disse…
1997, Arbo. Primeiro gol do Tinga como profissional.

Acho que falta um bom atacante reserva para banco. A troca do Miralles pelo Elano foi ótima, mas deixou esta lacuna. Leandro e André Lima são boas opções de banco, mas se um dos quatro avantes atuais se machucar o elenco já fica comprometido.

Abraço!