Uma Rússia de encher os olhos

Pintou o primeiro grande time da Euro. É a Rússia, que sabíamos que tecnicamente era mesmo a melhor equipe do Grupo A. Hoje, a equipe vermelha confirmou o favoritismo e atropelou a República Tcheca com a autoridade de quem tem tudo não só para ser a líder da chave, mas uma dura adversária para Alemanha ou Holanda nas quartas de final.

O começo tcheco foi até surpreendente. A equipe de Michal Bilek partiu para cima dos russos, marcando a saída de bola e pressionando com um combate ofensivo. A Rússia simplesmente não conseguia passar do meio de campo. As subidas de Kadlec pela esquerda eram um perigo constante. Mas isso durou só 10 minutos. Logo, a Rússia começou a encontrar espaços para contra-golpear a partir de seu toque de bola envolvente e passou a criar chances. Aos 13, já tivera a maior do jogo até então, em chute perigoso de Kerzhakov. Nem os tchecos haviam conseguido algo tão agudo.

Ali iniciou-se um período de pressão, que resultou no gol de Dzagoev, aos 14, e no de Shirokov, aos 23. Antes de ampliar, aos 18, quase houve mais um gol de Dzagoev, que entrou na cara de Cech e chutou para fora. A Rússia repetia o ótimo futebol de 2008: resguardada atrás, jogava no erro adversário e saía com rapidez em contra-golpes, mas não apenas na velocidade: em um futebol de toques envolventes, dribles e jogadas pessoais, como pede a boa escola do Leste Europeu.

A República Tcheca, que não é um mau time, não conseguia jogar. Rosicky movimentava-se bastante, mas não conseguia suprir o isolamento do passivo Baros na frente. Atrás, faltava consistência para segurar os contra-ataques. Mas o gol de Pilar, no início do segundo tempo, pôs fogo na partida - muito mais pela diferença mínima de escore que por uma superioridade dos tchecos. Afinal, a Rússia seguiu jogando na base do contra-golpe, o que dava a impressão de um domínio tcheco, mas as chances claras eram todas do time vermelho. Kerzhakov perdeu tantas que foi substituído.

Dzagoev, o melhor em campo, matou o jogo aos 33. Pavlyuchenko, que entrara no lugar de Kerzhakov, decretou a goleada com um golaço: driblou, enganou a marcação e chutou seco. Voltou ao time com o mesmo ótimo futebol de 2008. Quem o vê, imagina um jogador de vôlei, altão, duro de cintura. Pois trata-se de um jogador realmente desengonçado na aparência, mas de grande qualidade de posicionamento, definição e com boa técnica. Outro que cresceu demais no segundo tempo foi Arshavin, discreto na etapa inicial, mas comandante das ações ofensivas nos 45 finais, com belos dribles e assistências.

A Rússia inicia a Euro atropelando, chega a 15 jogos de invencibilidade e mostra que pode dar trabalho às favoritas. Não é à toa que goleou a Itália semana passada. É uma equipe moderna, de movimentação intensa, jogo dinâmico e extremamente interessante. Sendo líder, pega o segundo do grupo de Holanda e Alemanha. Isso deixa a torcida russa pouco otimista, segundo a imprensa local. Mas, em 2008, os holandeses caíram feio para eles nas quartas. Nada impede que esta história possa se repetir agora.

Em tempo:
- Nenhum cartão amarelo. Raridade.

Eurocopa 2012 - Grupo A - 1ª rodada
8/junho/2012
RÚSSIA 4 x REPÚBLICA TCHECA 1
Local: Miejski, Breslávia (POL)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Público: 40.803
Gols: Dzagoev 14 e Shirokov 23 do 1º; Pilar 6, Dzagoev 33 e Pavlyuchenko 36 do 2º
RÚSSIA: Malafeev (6,5), Anyukov (6), Berezutsky (6), Ignashevich (6) e Zhirkov (7); Denisov (5,5), Shirokov (6,5) e Zyryanov (7); Dzagoev (8) (Kokorin, 39 do 2º - sem nota), Kerzhakov (4,5) (Pavlyuchenko, 27 do 2º - 6,5) e Arshavin (7). Técnico: Dick Advocaat
REPÚBLICA TCHECA: Cech (5), Selassie (6), Hubnik (5), Sivok (4,5) e Kadlec (6); Plasil (5), Jiracek (4,5) (Petrzela, 30 do 2º - 4,5), Pilar (6), Rosicky (6) e Rezek (4,5) (Hübschman, intervalo - 4,5); Baros (4) (Lafata, 40 do 2º - sem nota). Técnico: Michal Bilek


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