O ano da cautela

2004 foi o ano das surpresas: Grécia campeã da Euro, Santo André na Copa do Brasil, São Caetano x Paulista no Paulistão. E 2012 é o ano da cautela. Primeiro foi o Chelsea, que eliminou o Barcelona com duas eficientes retrancas e conquistou a Europa nos pênaltis, diante do Bayern München. Ontem foi a vez do Palmeiras chegar à decisão da Copa do Brasil se defendendo durante praticamente todos os 180 minutos diante do Grêmio. E, agora, a Libertadores.

Corinthians e Boca Juniors não são times retrancados, de modo algum. Mas possuem, provavelmente, as duas melhores defesas da América do Sul no momento. No Campeonato Brasileiro de 2011, o Timão levou apenas 36 gols em 38 jogos, menos de um por partida. Ninguém foi tão pouco vazado. Nesta Libertadores, a equipe tem uma invejável média de 0,25 gol sofrido por partida. São apenas 3, em 12 jogos. Um gol levado a cada quatro jogos - ou seis horas de futebol.

O Boca Juniors, por sua vez, chega à decisão com uma defesa igualmente espetacular. Sofreu 7 gols nesta Libertadores, mais que o dobro do Corinthians, mas ainda assim com uma fantástica média de 0,58 gol sofrido por jogo - o que equivalente a terminar um Brasileirão com apenas 22 gols sofridos, por exemplo. No Argentino do ano passado, quando foi campeão, sofreu apenas 6 tentos em 19 partidas. Média melhor que a do São Paulo de 2007, campeão com a melhor defesa da história do futebol brasileiro.

Schiavi (sim, sempre ele) e Insaurralde formam um miolo defensivo extremamente eficiente, guarnecidos por Somoza e Ledesma, com a colaboração dos laterais também. Na prática, só Riquelme não marca. Santiago Silva e Mouche são dois atacantes voluntariosos e perigosos. Ontem, a Universidad de Chile parou na parede azul e amarela. Santos e La U, os timaços de 2011, envolventes, tecnicamente excelentes, perigosos, campeões. Pararam nas sólidas defesas de Boca e Corinthians.

É claro que os finalistas desta Libertadores não são só defesas. O Corinthians tem um conjunto muito sólido, com bons valores em quase todas as posições, mas não tem um meia genial como Riquelme ou um definidor como Santiago Silva. O Boca tem também mais tradição e um time organizado, como o Timão. E tem seis títulos de Libertadores, contra nenhum do time paulista. Está em sua 10ª final, o Timão chega à sua primeira. Há mais argumentos que pesam em apontar o Boca Juniors como favorito.

Mas o sangue nos olhos do time de Tite, que é o mais focado em vencer a Libertadores desde que ela começou, pode ser tudo na hora decisiva. E o Corinthians é também um time mais equilibrado: o Boca tem um elenco forte e tem um craque, mas às vezes depende demais dele, quando ele está em campo. Houve um momento do ano em que Falcioni dava a entender que seu time jogava até melhor sem Riquelme, por mais genial que ele seja. A dependência dele pode ser algo bom ou ruim. Tem sido ótimo, para os xeneizes.

Preparem-se para os jogos do ano, amigos. Começa quarta-feira que vem.

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