Grupo da morte. Da Holanda
Os holandeses começaram o jogo com postura de quem precisava mesmo buscar a vitória. Com Robben inspirado na articulação e em arrancadas, a Laranja só não criava mais perigo porque a Alemanha era muito consistente. Os alemães, aliás, não se afobavam: com a frieza costumeira, estudaram a rival nos minutos iniciais sem partir para o abafa de cara -afinal, vencera Portugal na estreia e entrava para o confronto em vantagem na pontuação.
No afã de sair na frente, a Holanda concedia espaços. Num desses, Müller achou Schweinsteiger num buraco entre os volantes e os zagueiros holandeses. Schwein enfiou para Gomez, que deu um belo giro e ficou de frente para Stekelenburg, abrindo o placar. O gol desconcertou a Holanda, que parecia despreparada para sair perdendo cedo. Robben sumiu, Sneijder nem quando o time ia bem aparecia, Van Persie atuava isolado.
Logo, a Alemanha descobriu onde era o caminho das pedras: às costas de Willems, o jovem lateral holandês de 18 anos. Por ali transitava Müller o tempo todo, sempre levando vantagem e criando perigo. Mas foi Özil quem caiu naquele local aos 37, passando para Schweinsteiger novamente encontrar Gomez. Desta vez, o passe não o deixou na cara do gol, mas isso não é problema: na base da iniciativa pessoal, o centroavante encontrou espaço para bater e, mesmo sem ângulo, ampliou, em chute inapelável. O primeiro tempo terminava 2 a 0, e estava barato.
Com Van der Vaart no lugar de Van Bommel, a Holanda veio para o tudo ou nada no segundo tempo. Como o saldo de gols está atrás do confronto direto como critério de desempate, tanto fazia mesmo perder por 2 ou 5 a 0. A Alemanha diminuiu o ritmo, mas mantinha-se atenta. Em contra-golpes puxados por Özil e Müller, a equipe teve a chance de matar o jogo. Não o fez - foi seu único pecado na noite de Kharkiv.
Com mais toque de bola e um Sneijder mais inspirado, a Holanda cresceu. Van Persie marcou um golaço aos 28, vingando-se de Neuer, que defendera um belo chute seu de primeira minutos antes. Mas bater a Alemanha é muito difícil. Sem precisar se encher de zagueiros ou mudar a postura, os alemães seguraram o resultado nos 20 minutos finais sem correr grandes riscos, mesmo diante de uma adversária fortíssima.
A Alemanha confirma o favoritismo na Euro passando com razoável tranquilidade pela chave mais difícil - algo que a Holanda, outra favorita, não consegue. Mas os alemães não estão classificados, o que garante seu interesse na partida contra a Dinamarca. A equipe de Löw só perde a vaga se for derrotada e Portugal vencer a Holanda, e mesmo assim, neste triangular hipotético, o saldo de gols teria que ser verificado. A Holanda garante vaga fazendo 2 a 0 em Portugal, desde que a Dinamarca perca. Situação incômoda, mas não irreversível.
Eurocopa 2012 - Grupo B - 2ª rodada
13/junho/2012
HOLANDA 1 x ALEMANHA 2
Local: Metalist, Kharkiv (UCR)
Árbitro: Jonas Eriksson (SUE)
Público: 37.750
Gols: Gomez 23 e 37 do 1º; Van Persie 28 do 2º
Cartão amarelo: Willems, De Jong e Boateng
HOLANDA: Stekelenburg (5,5), Van der Wiel (5), Heitinga (4,5), Mathijsen (4,5) e Willems (4); De Jong (5,5), Van Bommel (4,5) (Van der Vaart, intervalo - 5,5) e Sneijder (6,5); Robben (5,5) (Kuyt, 37 do 2º - sem nota), Van Persie (6,5) e Affelay (4,5) (Huntelaar, intervalo - 4,5). Técnico: Bert van Marwijk
ALEMANHA: Neuer (7), Boateng (6,5), Hummels (7,5), Badstuber (6,5) e Lahm (6); Schweinsteiger (8), Khedira (6,5), Müller (7) (Bender, 46 do 2º - sem nota), Özil (7) (Kroos, 36 do 2º - sem nota) e Podolski (5); Gomez (7,5) (Klose, 27 do 2º - 5,5). Técnico: Joachim Löw
Comentários
Bem, sempre teve, desde o tempo do Advocaat e do Hiddink. Mas era racismo (Davids x irmãos De Boer), e não ego inflado como agora...
Fora que não devem esquecer aquele gol perdido pelo Robben, salvo pela ponta da chuteira do Casillas.