De volta à realidade

A primeira rodada da Eurocopa foi marcado por um sonho ucraniano. A improvável virada sobre a Suécia, com mais improváveis ainda gols de Shevchenko colocaram o país em polvorosa, após as imensas desconfianças que recaíam sobre os anfitriões antes do torneio começar. Mas hoje tudo voltou à mais crua realidade: a França, que tropeçou na estreia diante da Inglaterra, se impôs o tempo todo em Donetsk e mereceu os 2 a 0. Poderia até ter feito mais.

Depois de viverem bons e maus momentos no empate com os ingleses, os franceses desta vez justificaram a fama de favoritos. Diante das rígidas duas linhas de quatro impostas por Oleg Blokhin, a França tinha um antídoto: a movimentação de seus ótimos meias. Sem jogadores criativos, jamais furaria o bloqueio ucraniano. Mas Ribery e Nasri, com suas arrancadas, desorganizavam o sistema defensivo dos mandantes. Mas ainda faltava Benzema entrar no jogo.

Isso ocorreria no segundo tempo. A estratégia de Blanc (ou iniciativa do próprio Benzema, talvez) foi perfeita: o centroavante passou a recuar para buscar jogo, chamando consigo os zagueiros e abrindo espaço para os companheiros entrarem nos buracos que a saída de lugar da zaga causava. Aos 8, ele serviu Menez, que bateu cruzado e abriu o placar; aos 11, saiu da área e deu a Cabaye, que fez o segundo. Os gols mataram de vez a Ucrânia, que pusera as manguinhas de fora no começo do segundo tempo, criando duas boas chances quando o placar ainda estava em branco.

Coube à França, então, administrar sua imensa vantagem. O que não foi difícil: além de muito superior tecnicamente, a equipe de Blanc viu o estádio e a própria equipe da Ucrânia murcharem após os 2 a 0. O time sobrou tanto que eram comuns trocas de passes no campo de ataque que durassem 40, 50 ou até 60 segundos.

Foi a primeira vitória francesa em uma Euro sem Zidane ou Platini em todos os tempos. Está mesmo na hora de o país viver outros ídolos. Ribery é o principal desta equipe, mas nomes como Nasri, Benzema e Cabaye merecem destaque, pois são ótimos. Fora eles, o lateral Debuchy e o volante Alou Diarra merecem destaque pela eficiência. O primeiro pelo apoio ao ataque, o segundo pela marcação.

A Ucrânia, por sinal, ainda tem chances - e precisa acreditar nelas. Vencer a Inglaterra significa a classificação, independente de qualquer outro resultado.

Em tempo:
- Se um jogo de Eurocopa, televisionado para o mundo todo, pode ser atrasado devido ao mau tempo, será que um Paraná x Bragantino não poderia? Para o futebol brasileiro pensar.

Eurocopa 2012 - Grupo D - 2ª rodada
15/junho/2012
UCRÂNIA 0 x FRANÇA 2
Local: Donbass Arena, Donetsk (UCR)
Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL)
Público: 48.000
Gols: Menez 8 e Cabaye 11 do 2º
Cartão amarelo: Selin, Tymoshchuk, Menez, Mexes e Debuchy
UCRÂNIA: Pyatov (7), Gusev (5), Mikhalik (4,5), Khacheridi (4,5) e Selin (5); Tymoshchuk (5,5), Nazarenko (5) (Milevskiy, 15 do 2º - 4,5), Yarmolenko (5) (Aliyev, 22 do 2º - 4,5) e Konoplyanka (4,5); Voronin (4) (Devic, intervalo - 5,5) e Shevchenko (6). Técnico: Oleg Blokhin
FRANÇA: Lloris (6), Debuchy (6), Rami (5), Mexes (5,5) e Clichy (5,5); Alou Diarra (7), Cabaye (7) (M'Vila, 22 do 2º - 5,5) e Nasri (6,5); Menez (6,5) (Martin, 28 do 2º - sem nota), Benzema (7) (Giroud, 31 do 2º - sem nota) e Ribery (6,5). Técnico: Laurent Blanc


Comentários

Vine disse…
Alfinetava mais que necessária essa da questão do mau tempo...

Pra variar, concordo com absolutamente tudo que tu falou. E friso que o Diarra é o GENTLEMAN dos volantes. Marca com muita eficiência sem necessariamente trombar ou derrubar o adversário.
Vicente Fonseca disse…
Tá jogando muito o Diarra. Lembrando o Vieira mesmo, como chegaram a citar na transmissão do Sportv. Muita classe.
Zezinho disse…
Vi o VT do primeiro tempo e achei a Ucrânia num 4-1-3-2, ao melhor estilo CM 01/02.

Mas ainda acredito em Schevchenko