Com cara de mata-mata

O Grupo B é inegavelmente o mais forte da Eurocopa, e a partida de Lviv deixou isso muito claro. A Alemanha, é verdade, podia ter apresentado um futebol mais vistoso. Mas Portugal foi um adversário tão duro que não adianta pensarmos que era "apenas" uma estreia. Foi um jogo com cara de decisão e caráter decisivo, já que a chave realmente é equilibrada. A vitória por 1 a 0 foi magra, mas dá conta das dificuldades que um enfrentamento deste nível proporciona.

Portugal entrou preparado para segurar a Alemanha e especular nos contra-golpes. Paulo Bento armou um time extremamente disciplinado taticamente, e com boas atuações individuais. Alguns ótimos duelos particulares foram vencidos por portugueses: Fábio Coentrão, no primeiro tempo, anulou Müller; Lahm passou grande trabalho com Nani. Portugal isolava Özil como único criador germânico, travando o time de Joachim Löw, que não encontrava espaços.

E não era apenas na marcação que Portugal fazia boa partida. Cristiano Ronaldo, ao contrário do que (não) jogou na última Copa do Mundo, deu muito trabalho à marcação. Escapando em velocidade, o craque do Real Madrid só não obteve mais sucesso porque Postiga não ajudava e porque ele, Ronaldo, foi controlado por sempre pelo menos dois alemães - Boateng, abnegado, no primeiro combate. De trás, vinham subidas perigosas de João Moutinho, bons lançamentos de Veloso e Meireles.

Mas, mesmo com todo esse esforço e essa brilhante coletividade portuguesa, a Alemanha quase sempre foi superior - prova de que, mesmo longe do brilho que se espera, é um time muito forte. No segundo tempo, a postura da Divisão Panzer foi mais agressiva. Com marcação adiantada, sufocavam Portugal. Não eram tantas chances criadas, mas os lusitanos não conseguiam mais ultrapassar a linha divisória com bola dominada. Müller já vencia Coentrão, Lahm se soltava, Özil dava um dinamismo que poucos articuladores conseguem. E, na bola aérea, veio o gol de Gomez - quando Klose já se preparava para entrar.

Portugal ainda criou ótimas chances para empatar na pressão dos minutos finais, mas parou em Neuer e na eficiente zaga germânica. Aliás, se o ataque ficou devendo de certa forma, esta é a grande notícia da noite para a equipe de Löw: a ótima atuação da zaga, vista com desconfiança pelos próprios torcedores alemães. Hummels foi o melhor jogador em campo: soberano por cima e por baixo, nas antecipações, com arrancadas, comandou o sistema defensivo com uma atuação digna do grande Matthias Sammer. Badstuber foi um ótimo coadjuvante. Boateng, na prática um terceiro zagueiro, foi eficiente na marcação a Cristiano Ronaldo.

A Alemanha termina a primeira rodada da Euro com saldo positivo, ainda mais que a Holanda, outra favorita da chave, perdeu. Faltou um futebol mais vistoso, que mostrasse melhor a superioridade técnica dos alemães, mas é verdade que o estilo competitivo e os bons nomes de Portugal impediram qualquer possibilidade de placar elástico. O grupo segue aberto. E Portugal é, sim, ainda um candidato a se classificar.

Eurocopa 2012 - Grupo B - 1ª rodada
9/junho/2012
ALEMANHA 1 x PORTUGAL 0
Local: Arena Lviv, Lviv (UCR)
Árbitro: Stephane Lannoy (FRA)
Público: 32.990
Gol: Gomez 26 do 2º
Cartão amarelo: Badstuber, Boateng, Postiga e Coentrão
ALEMANHA: Neuer (7), Boateng (6), Hummels (7,5), Badstuber (6) e Lahm (5,5); Schweinsteiger (6), Khedira (6), Özil (6,5) (Kroos, 41 do 2º - sem nota), Müller (5,5) (Bender, 48 do 2º - sem nota) e Podolski (5); Gomez (6,5) (Klose, 34 do 2º - sem nota). Técnico: Joachim Löw
PORTUGAL: Rui Patrício (6), João Pereira (5,5), Bruno Alves (5,5), Pepe (6,5) e Coentrão (7); Veloso (6), Meireles (6) (Varela, 34 do 2º - 4,5) e Moutinho (5,5); Nani (5,5), Postiga (4,5) (Oliveira, 24 do 2º - 5,5) e Cristiano Ronaldo (6). Técnico: Paulo Bento


Comentários