Maduro e com um pé na semifinal

O Grêmio seguiu sua estratégia "come quieto" na Copa do Brasil: por pior que seja o adversário, entra com um discurso humilde, falando em sobrevivência, e volta com um ótimo resultado obtido fora de casa. Desta vez, diante de um time ainda inferior a ele próprio tecnicamente, mas já de primeira divisão. O 2 a 1 só foi o placar do jogo porque a equipe de Vanderlei Luxemburgo perdeu várias situações para marcar, especialmente após virar o placar. O Bahia só foi melhor durante 20 dos 90 minutos.

Luxemburgo, por sinal, teve uma de suas melhores participações como comandante do Grêmio nestes três meses de Estádio Olímpico. O time foi muito bem no primeiro tempo e, quando foi dominado, no início do segundo tempo, Luxa mexeu bem, mudando o rumo da partida em favor dos gaúchos novamente. O gol do Bahia, aos 20 minutos, foi um acidente de percurso, um contra-ataque puxado pelo interessante Gabriel e que só terminou em gol porque Gilberto Silva foi infeliz ao cortar, obrigando Victor a dar rebote para Júnior para evitar um gol contra.

Mais uma vez, o Grêmio marcou adiantado, no campo adversário, um futebol que só é possível para um time bem preparado fisicamente. Maduro, o Tricolor não se deixou abater pelo gol sofrido e continuou melhor, pressionando e criando chances. O empate também foi numa jogada casual, em bola resvalada na barreira na cobrança de Fernando, mas não foi um gol acidental, como o do Bahia: era fruto da superioridade gremista em campo.

Mas o Grêmio fez o gol e parou, deixando o Bahia crescer no segundo tempo. Com o fim da marcação adiantada, o time gaúcho deu campo ao adversário, que chegava, basicamente, nos levantamentos de bola aérea. Luxemburgo foi feliz nas substituições: vendo que Edilson estava sendo envolvido, colocou Fernando a auxiliá-lo, tirando o amarelado Souza para a entrada de Vilson. Leandro deu mais mobilidade ao estático ataque de dois centroavantes. Não foi coincidência o Bahia ter parado de atacar depois das mexidas.

Logo no primeiro chegada perigosa do segundo tempo, aos 27, veio o gol de Naldo, após rebatida de Lomba e chute cruzado de Marco Antônio. Dali em diante, foram várias situações criadas, no contra-ataque. O sistema defensivo, mais firme com a entrada de Vilson, não concedeu mais espaços sequer para os cruzamentos. E a importante vitória de virada foi garantida.

O resultado é ótimo e encaminha a classificação. Melhor que o placar, no entanto, foi a atuação madura e consciente apresentada pelo Grêmio. Nesta temporada, talvez apenas o Gre-Nal da Taça Piratini tenha sido melhor. Com uma marcação adiantada e firme, o Grêmio começa aos poucos consolidar um estilo de jogo, crescendo na Copa do Brasil justamente na hora decisiva. E o destaque, hoje, foi o coletivo: ninguém teve atuação brilhante, mas a equipe foi dominadora e mereceu a vitória.

Em tempo:
- Marcelo Moreno deve ser preservado em São Januário, e Luxa indica que outros desgastados (Léo Gago?) podem ficar de fora. Mas não convém poupar muita gente e perder uma rara chance de vencer o Vasco, que prioriza Libertadores, no Rio de Janeiro. Ganha o Brasileiro quem vence mais fora de casa.

Copa do Brasil 2012 - Quartas de Final - Jogo de ida
17/maio/2012
BAHIA 1 x GRÊMIO 2
Local: Pituaçu, Salvador (BA)
Árbitro: Alício Pena Júnior (MG)
Público: 11.807
Renda: não divulgada
Gols: Júnior 20 e Fernando 38 do 1º; Naldo 27 do 2º
Cartão amarelo: Titi, Diones, Gerley, Souza, Leandro e Edilson
BAHIA: Marcelo Lomba (5), Madson (sem nota) (Fabinho, 19 do 1º - 4,5), Rafael Donato (4,5), Titi (5) e Gerley (5); Fahel (5) (Morais, 29 do 2º - 5), Diones (5,5), Hélder (5) e Gabriel (6); Lulinha (4) e Júnior (5,5) (Vander, 33 do 2º - sem nota). Técnico: Paulo Roberto Falcão
GRÊMIO: Victor (6), Edilson (6), Gilberto Silva (5,5), Naldo (5,5) e Pará (5); Fernando (6,5), Souza (5) (Vilson, 20 do 2º - 6), Léo Gago (5) (Marquinhos, 29 do 2º - 5,5) e Marco Antônio (5,5); Marcelo Moreno (5) (Leandro, 20 do 2º - 5,5) e André Lima (5,5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo


Comentários

Davi disse…
Eu acho que esse souza veio so com motivação de ser chamado pela seleção e quando viu que nao seria perdeu totalmente a motivação. É absurdo o time melhor apos o vilson entrar no seu lugar. E o Leandro, por nao joga nada esse moleque?
Sancho disse…
O gol de empate FOI acidental, mas fez JUSTIÇA ao momento do Grêmio no jogo.

Nenhuma Brastemp ainda, mas melhor atuação do Grêmio com visitante nesta Copa do Brasil. Em Fortaleza, depois do 2-0, o time caiu muito.
Vicente Fonseca disse…
Também acho o Souza muito abaixo do esperado. O problema do Vilson é que ele se lesiona demais mas, para mim, é o melhor zagueiro de ofício (considerando Gilberto Silva um volante) do elenco do Grêmio. O Leandro, pelas informações que tenho, anda meio "perdido" na vida.
Igor Natusch disse…
Longe de despertar euforias, mas o Grêmio de fato jogou bastante bem. Dizíamos todos que agora sim o Grêmio ia precisar jogar bola e mostrar a que veio; a julgar pela amostragem, dá para ficar um pouquinho mais otimista.

Fernando fora da seleção do Mano é um despautério. Está jogando muito. Seria titular fácil em quase todas as equipes do Brasil - e em muitas de fora também.

Me surpreendeu negativamente a fragilidade do Bahia. Nenhum poder de criação. Mesmo quando tinha o domínio das ações, fazia um abafa meio tosco, sem armar jogadas. Pode ter sido uma má jornada apenas, claro. Mas se o bicho é esse mesmo, Falcão vai ter trabalho para manter esse time entre os grandes.
Vicente Fonseca disse…
Acho que em parte a má atuação do Bahia se deve à marcação forte do Grêmio no campo de ataque. Esse tipo de postura complica qualquer adversário. Mesmo assim, faltou mesmo qualidade para armar um contra-ataque que seja. Era muito passe errado do lado baiano. Isso se justifica pela ausência de meias no time. Só Gabriel era articulador. Quando os volantes recuperavam a bola, já eram acossados e entregavam a bola para o Grêmio de novo, ou jogavam para a lateral.
Lourenço disse…
Para mim, o destaque fica pela parte física. Tudo bem que o Bahia jogou domingo, mas o Grêmio sobrou muito no segundo tempo.
Vicente Fonseca disse…
Sem dúvida a parte física pesou bastante. É através dela, aliás, que o Grêmio conseguiu impor aquela marcação adiantada do primeiro tempo.
André Kruse disse…
O Vilson realmente se machuca demais. Talvez isso tenha o prejudicado no Grêmio. Mas ele costuma dar boa resposta.

O Leandro parece mesmo estar meio perdido, mas a gente não pode se esquecer que ele ainda nem tem 20 anos. Poderia nem ter feito estreia nos profissionais ainda.