Susto na hora certa

O Fluminense perdeu quando podia e quando devia: na primeira fase, já classificado, para recolocar os pés no chão em vez de pensar em fazer 100% dos pontos. Não se pode dizer que foi surpreendido pelo Boca Juniors, pois este modo de jogar dos xeneizes, por certo, não surpreendem a qualquer pessoa que assista futebol sul-americano há pelo menos 12 anos.

Segundo o Olé, Julio César Falcioni, lá no íntimo, prefere o Boca sem Riquelme. Não que Chávez seja mais jogador que Román, mas a equipe depende menos de um único jogador e atua com mais velocidade. Discordemos ou não (até porque o próprio Falcioni garante Riquelme como titular, apesar de ver o Boca melhor sem ele muitas vezes), é um claro indicativo de que o time argentino não depende tanto de individualidades. É uma equipe experiente, estratégica, muito bem montada e, também, com bons jogadores, mas não só eles.

Por isso existe a dificuldade de enxergar os méritos xeneizes por parte de muitos ontem à noite. "O Boca só marcou", dizem. Ora, além de ser uma mentira, digamos que fosse isso: "só" marcar, anular um Fluminense recheado de estrelas como Deco, Thiago Neves e Fred, dentro do Engenhão lotado e pulsante, já é tarefa para poucos.

Mas o pior de tudo é não enxergar os dois ângulos reversos da questão: o Fluminense foi bem marcado e jogou pouco. O Boca abdicou de jogar tudo o que sabe para parar o time carioca, mas ainda assim não foi simplesmente destruindo que conseguiu tal feito, pois time algum no mundo para um adversário só cometendo faltas. O Boca segurou o Flu como melhor faz fora de casa há pelo menos 12 anos na Libertadores: trocando passes, segurando o jogo e envolvendo o rival aos poucos. Certo, o primeiro gol foi numa ligação direta. Mas o segundo foi numa trama de altíssima qualidade, em que Sánchez Miño concluiu na pequena área, após excelente linha de passe. Quantas vezes o Flu conseguiu isso ontem?

O Boca Juniors mostra que não foi campeão argentino invicto e mantém-se como líder em seu país à toa. É, sim, um dos favoritos novamente. Com ele, chegamos a 11 classificados às oitavas de final da Libertadores. Além dele e do Flu, já estão entre os 16 Lanús, Unión Española, Vasco, Libertad, Vélez Sarsfield, Corinthians, Cruz Azul, Nacional de Medellín e Universidad de Chile. Quatro dos oito grupos já estão definidos, e boa parte da última rodada, que começa hoje, será mero cumprimento de tabela.

Em tempo:
- A verdadeira segurança defensiva do Boca ontem foram os volantes, Insaurralde e Roncaglia. Mas a mística de Schiavi, apesar de falta de velocidade gritante, é impressionante.

FLUMINENSE (0): Diego Cavalieri; Bruno (Lanzini), Leandro Euzébio, Anderson e Carlinhos; Edinho (Jean), Diguinho, Deco e Thiago Neves; Wellington Nem e Fred (Rafael Moura).
Técnico: Abel Braga
BOCA JUNIORS (2): Orión; Roncaglia, Schiavi, Insaurralde e Clemente Rodríguez; Erbes, Ledesma, Chávez (Rivero) e Erviti (Sánchez Miño); Cvitanich (Mouche) e Silva.
Técnico: Julio César Falcioni

Taça Libertadores da América 2012 - Fase de Grupos - 5ª rodada
Local: Estádio Engenhão, Rio de Janeiro (RJ); Data: quarta-feira, 11 de abril de 2012, 21h50; Árbitro: Darío Ubríaco (Uruguai); Público: 36.293; Renda: R$ 1.131.810,00; Gols: Cvitanich 33 do 1º; Sánchez Miño 29 do 2º; Cartão amarelo: Diguinho, Roncaglia e Schiavi

PRÓXIMOS JOGOS
Fluminense x Olaria - Carioca - domingo, 15/04, 16h - Raulino de Oliveira, Volta Redonda (RJ)
Tigre x Boca Juniors - Argentino - domingo, 15/04, 20h10 - José Dallagiovana, San Fernando (Argentina)


Comentários

Anônimo disse…
Segundo o Olé, houve um racha no elenco do Boca depois do empate com o Zamora... Cuidado. O tabloide esportivo portenho pode ser mais bisonho que o Lance!. Ainda mais com o diretor torcedor doente do River.