Pragmatismo e pobreza
O Grêmio teve, o jogo todo, o controle das ações. Muita posse de bola, ao contrário do que eu mesmo previa quando vi a escalação. Mas nunca foi agudo ou perigoso. O 3-6-1 inicial, com três zagueiros e três volantes, até poderia funcionar com Marcelo Moreno. Como é um jogador que deixa a área para buscar jogo, poderia combinar bem com Bertoglio. O problema é que o boliviano se lesionou, nesta fase que só reza braba salva o Grêmio. E André Lima, de característica muito mais estática, não poderia contribuir quase nada, ainda mais isolado.
Mesmo sem ter tido uma única chance clara no primeiro tempo, Luxemburgo resolveu manter o esquema no segundo. Tudo em nome da segurança defensiva (o Ipatinga não criou perigo em momento algum, exceto um ou outro chute de longe). Ok, deu certo, mas o preço pago foi altíssimo. Quando finalmente o comandante tricolor resolveu fazer o óbvio, que era colocar Leandro para ajudar o abnegado Bertoglio, tirou o argentino. Permaneceu o 3-6-1, com a diferença que o único meia era um atacante velocista de origem.
Leandro entrou bem no jogo. O gol de Léo Gago não passou por ele. A tendência indicava que o Grêmio só marcaria se fosse de bola parada ou numa projeção dos volantes. A seguir, André Lima sentiu, mais um atacante que o Tricolor perde. Entrou Marquinhos, e o impensável ocorreu: o Grêmio estava num bizarro 3-7-0 diante do fraquíssimo Ipatinga. E o pior: o time melhorou demais com essa troca. André Lima, que não conseguiu participar devido ao isolamento, era quase um peso morto no ataque - não por culpa dele, mas era. Com Marquinhos, era como se o Grêmio tivesse um homem a mais em campo em relação ao que tinha antes. O problema é que ele não é atacante. As duas bolas do jogo caíram no seu pé, e ele perdeu. A classificação antecipada não veio por conta disso. Em algum lugar, Luxa pagaria o preço da cautela excessiva.
O Grêmio não se classificou, mas venceu e encaminhou a vaga sem sofrer gols. Objetivos cumpridos. Mas a atuação deixou muito a desejar em termos ofensivos. Montar um esquema emergencial para não perder em Ipatinga é muito pouco. Resta saber como será de agora em diante, ainda mais com tantos problemas no ataque.
Em tempo:
- Gabriel perdeu todas para o bom lateral esquerdo Bruninho, jogador forte, de vigor físico e vitória pessoal.

Técnico: Ney da Matta

Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Copa do Brasil 2012 - Segunda Fase - Jogo de ida
Local: Estádio Ipatingão, Ipatinga (MG); Árbitro: Diego Pombo Lopez (BA); Gol: Léo Gago 26 do 2º; Cartão amarelo: Cláudio Luiz e Azevedo
PRÓXIMOS JOGOS
Ipatinga x Formiga - Segundona Mineira - sábado, 07/04, 16h - Ipatingão, Ipatinga (MG)
Grêmio x Caxias - Gaúcho - domingo, 08/04, 16h - Olímpico, Porto Alegre (RS)
Comentários
Eu já desanimei de procurar e não achar resposta, mas existe alguma contratação em mira para a defesa? Ou o Luxemburgo vai manter esse esquema de 3 zagueiros com os jogadores que tem? Contra o Ipatinga isso até funciona, mas daí por diante os adversários serão bem mais difíceis.
Grato pela atenção e parabéns pelo blog,
Tiago.
Concordo contigo: este esquema não funcionará contra adversários melhores. E Gabriel levou um baile do Bruninho. Pra mim, foi a pior partida dele no ano.
Mesmo com o time esfacelado, Luxa escalou mal. Ir jogar contra o Ipatinga sem armadores simplesmente não existe. Coloca o Marquinhos em campo, então - melhor um meia de criação em má fase do que nenhum. E esquema com três zagueiros, quando é justamente a zaga um dos setores mais deficientes do plantel, é suicidio contra qualquer equipe um pouco mais qualificada. E tirar Bertoglio de campo foi de dar com a cabeça na parede.